segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Porto...Outra versão

Olho vivo
Uma virulenta troca de correspondências, que tem como um dos destinatários o governador Roberto Requião, revela as entranhas de uma poderosa rede de interesses que une grupos privados e agentes públicos do Paraná em torno de um negócio de muitos milhões. Trata-se da ainda encalacrada operação de venda do Terminal Portuário da Ponta do Félix, em Antonina.
O grupo que quer vender encontra interessados em comprar – mas sempre há um terceiro jogando casca de banana para que nada dê certo. Enquanto isso, um quarto e indefeso grupo paga a conta – isto é, Antonina morre à míngua e centenas de famílias de trabalhadores enfrentam as agruras do longo desemprego.
O grupo vendedor são os fundos de pensão que, liderados pelo Previ (Banco do Brasil), detêm desde 1998 a concessão do terminal. Desse grupo fazem parte outros fundos, como os da Copel e da Sanepar. O poder concedente é representado pela Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), autarquia do governo do estado.
Os concessionários exploraram durante anos as cargas de congelados e todas as demais movimentadas em Antonina, como madeira, papel, ferro etc., mas desde 2007 queriam desfazer-se do negócio. Uma multinacional de fertilizantes fez oferta tentadora. Foi o que bastou para que a Appa impusesse restrições que fizeram gorar o negócio.
Em seguida, apareceu outro grupo, o Fortesolo, paranaense, cuja proposta foi aceita e o negócio, considerado fechado. No mesmo dia da assinatura, no entanto, estranhamente, o fundo de pensão da Copel jogou areia no negócio, apresentando proposta de um terceiro comprador, o grupo Standard Logística, da família Demeterco. Gorou também o negócio com o Fortesolo e tudo voltou à estaca zera.
Mas foi a partir desse último lance que começou a guerra de cartas contendo graves denúncias. A Fortesolo, em carta dirigida à Appa, denuncia o presidente da Fundação Copel, Edilson Berthol­­do, de atuar como lobista a serviço da Standard Logística. A Appa, então, em outra carta, pede providências ao governador Roberto Requião e ao presidente da Copel para que to­­mem providências contra o lo­­bista que agiu além dos “limites da ética e da legalidade”.
Enquanto isso, fontes do mercado informam que, por trás dessa guerra, há agora um quarto interessado em comprar o terminal – em favor do qual, agora, todos os esforços estariam sendo feitos. Esse novo comprador seria o grupo J. Malucelli.

(Fonte: Gazeta do Povo – 14/09/2009 – Coluna do Celso Nascimento)

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