quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vale a pena ler de novo

Publicado no jornal eletrônico Antoninaonline/Palavra do Bó em 26 de novembro de 2002
E no livro Crônicas da Capela/2007

MANUTENÇÃO EIS A QUESTÃO!

A vida nos ensina que devemos sempre agir com responsabilidade em todos os nossos atos. Desde um gesto simples de sobrevivência com dignidade, na constituição de uma família e muito mais no exercício difícil da política quando ocupamos cargos públicos.
Manter alguma coisa em nossos dias é tarefa muito difícil. O simples assalariado vê o seu poder aquisitivo fugidio e só com muita ginástica consegue manter as suas necessidades básicas e quando sobra algumas migalhas procura guardar para adquirir alguma coisa que irá melhorar – nem sempre – a sua qualidade de vida.
Mas o difícil mesmo é manter esta qualidade.

Um pequeno planejamento é necessário para se conseguir equilibrar o orçamento. Não dá pra sair por aí comprando tudo o que a gente vê, sem antes fazer as contas e checar como se vai manter o novo bem que se adquire, ele não só tem um custo inicial como também deverá ser calculado, quanto iremos gastar com a sua manutenção. Aí começam os problemas.

Manutenção são medidas necessárias para a conservação ou a permanência de alguma coisa ou de uma situação. São determinados cuidados que devemos tomar para dar vida as nossas aquisições, sejam elas materiais, humanas, culturais, utilitárias, de serviços...Etc...Etc.
Diariamente nos damos conta de pessoas que não conseguem manter os seus bens, ou que eles se deterioram com o tempo por falta de manutenção e chegam a perder tudo.

No poder público quase sempre acontece a mesma coisa. É fácil de perceber que cada novo governante gosta de deixar a sua marca administrativa. É muito fácil construir coisas, principalmente megalomaníacas. O governante gasta o que bem entende, nem se quer consulta a comunidade sobre a necessidade da obra, constrói e deixa o tempo tomar conta da edificação. Não tem dinheiro para contratação de pessoal e muito menos para a sua manutenção. Daí vamos nos dar conta novamente de mais “uma coisa” feita pelos belos caprichos da administração, que sempre se diz pública. Sabemos que é muito difícil manter as coisas, por isso é preciso planejar e envolver a comunidade em suas decisões.

Em nossa cidade deparamos muito bem com este problema. A prefeitura diz que não tem dinheiro sequer para trocar as lâmpadas queimadas. Há cinco anos deram um novo visual na Praça Cel. Macedo – muito bom por sinal – mas não consegue sequer manter um jardineiro. Faltam lâmpadas, luminárias, bancos e carinho com o nosso centenário logradouro público. A Praça Romildo Pereira – Feira Mar está totalmente as escuras. Em seis anos desta gestão foram ali colocados apenas uma dúzia de bancos e nada mais. Nem uma boa varrida nos finais de semana é feita. O Centro Social do Batel – obra desta gestão- não tem uma programação contínua e esporadicamente acontece alguma coisa promovida pela prefeitura. Falta tudo.

Sem falar do Teatro Municipal, que nem luz no palco tem. Muito menos funcionários especializados para o seu funcionamento mínimo de acordo com suas finalidades. Ainda mais tem a Ponta da Pita, as Fontes da Carioca e Laranjeiras, o Mirante da Pedra da Bela Vista que necessitam com urgência de uma manutenção sistemática.Hoje ao chegar na cidade o visitante depara com novas e importantes construções, patrocinadas pelo Governo do Estado. A Estação Ferroviária, o Mercado e o Trapiche Municipal estão sendo recuperados e irá em breve melhorar o visual da cidade. Mas a pergunta persiste...Quem irá manter estas obras? Será que vai ser o município? É claro que sim, e é aí que mora a nossa preocupação. A Estação deve se tornar um Centro Cultural e Turístico (até agora a gente só sabe por causo da placa), o Mercado deve funcionar como mercado, ou não? E o Trapiche ta lá, de vez em quando atraca um barco. Sem ao menos ter sido oficialmente entregue a comunidade já está danificado, com a metade da iluminação queimada e o mato bem crescido.

A quantidade de dinheiro público gasto para a recuperação destes edifícios deveria englobar o custo para a sua manutenção, para não termos que novamente assistir o desgaste e a total desatenção administrativa municipal, que comprovadamente não consegue sequer manter nossas mínimas necessidades. A cidade está esburacada, às escuras - estão sendo substituídas as lâmpadas de mercúrio por vapor de sódio pela Copel (Procel) – mal tratada e judiada. A gente sente a falta da presença da administração, a gente sente a falta total de manutenção em tudo em todos os lugares.

E daí? Se um cidadão não consegue manter um bem que compra, perde. A justiça cobra e faz a pessoa devolver. Quando não mantemos a nossa família a justiça nos prende. E os políticos como ficam quando eles não conseguem manter as necessidades mínimas da população, será que a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como cobrar deles? Ou será que devemos acionar junto ao Ministério Público, estes irresponsáveis e incompetentes? O que não podemos é continuar assistindo um Festival de gastos públicos que em muito pouco tempo se transforma em sucata, e começa tudo de novo. Devemos sim é cobrar políticas mais responsáveis, mais verbas e pessoal competente para manter as nossas necessidades básicas. No mínimo gostaríamos que os nossos administradores se fizessem presentes em nossa cidade. Pois nem mantê-los por aqui a gente consegue, imagine nossas reivindicações.

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