terça-feira, 15 de março de 2011

‘Nunca vimos nada assim’, dizem os moradores de Antonina, no Paraná"

Polícia Militar fechou ruas para evitar acidentes em áreas de risco.

Idosos e crianças estão impressionados com os desmoronamentos.

15/03/2011 18h57 - Atualizado em 15/03/2011 18h57  Vinícius SgarbeDo G1, em Antonina


Na tarde desta terça-feira (15), a Polícia Militar bloqueou a passagem de veículos nas áreas de risco em Antonina (litoral do Paraná). Muitos desabrigados tentavam entrar para retirar objetos pessoais, o que foi permitido com a condição de que fossem a pé.
Mas o caso de Luzete da Luz Pereira, de 76 anos, ficou sem solução. A casa dela está longe do bloqueio, em um trajeto “impossível sem carro. Preciso dos meus remédios para hipertensão. No dia em que saí, com aquela correria toda, só peguei quatro comprimidos”. A filha Celi Baltazar diz que “o problema é que acabou os dinheiro nos caixas eletrônicos” e está preocupada. Elas estão na casa de amigos.
Luzete é hipertensa e não consegue buscar os
remédios em casa (Foto: Vinícius Sgarbe)

















Natural de Antonina, Luzete lamenta: “Nunca aconteceu algo assim por aqui, uma tragédia desse tamanho. A gente vê pela televisão, lá no Rio de Janeiro, e pensa ‘Antonina é pequenininha, mas é tão bom’. E agora isso. Meus amigos perderam tanto”. Três idosas (duas de 80 e uma de 70 anos), voluntárias em um dos abrigos, concordam: “Nunca vimos nada assim” – elas repetiram várias vezes a frase.

Dirceu Ferreira Gomes, de 61 anos, e Perácio Batista da Costa, de 68 anos, eram amigos do homem que morreu no desmoronamento. “Os bombeiros tentaram convencer [o amigo] que a saída era urgente, mas não adiantou nada”, disse Batista da Costa. Às pressas, ele levou a mulher, duas filhas e duas netas para um abrigo. “E eu arranquei minha mulher pelo braço e disse ‘nós vamos sair agora’”, lembra Dirceu.
As crianças abrigadas nunca lamentaram tanto a falta da escola. Por exemplo os primos Natanael Pereira, de 13 anos, e Angelo Junior Marcos de Freitas, de 12 anos. O primeiro diz que “é muito ruim não poder ir às aulas, aprender alguma coisa”. O segundo “triste, né?”


Dirceu e Perácio conseguiram sair das áreas de
risco (Foto: Vinícius Sgarbe


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