sexta-feira, 6 de julho de 2012

E COMEÇOU A “PEDIRRANHA” ...Vale a pena ler de novo


Publicado em Julho 2004 e no livro "Crônicas da Capela" 2006.
E COMEÇOU A “PEDIRRANHA”

Desde a chegada dos portugueses em 1500, a estratégia de agradar a população para conquistar sua confiança não mudou muito. Hoje em lugar de presente-a-la com espelhinhos, utensílios e bugigangas, os políticos interesseiros em conquistar votos, prometem o impossível, “compram” tudo o que podem para então ocupar um cargo por quatro anos, que muito bem planejado poderá ser transformado em oito e fazer dele o que bem lhes interessar. A prática de se dar alguma coisa em troca de um voto não poderia deixar de ser uma atitude das mais repugnantes e prejudiciais ao processo democrático, mas é esta a prática da maioria dos políticos em busca do voto. E não adiantam incriminar somente o “cidadão” de baixa renda que em época de eleição sai pela rua em busca de um político para lhe pagar a sua conta de luz, água, etc...Etc...Etc. Pior mesmo são aqueles que se dizem “esclarecidos” e se vendem por uma promessa de emprego para si, ou alguém de sua família. Voto é direito sagrado, é melhor jogar no lixo se não mais acreditar em alguém, do que vendê-lo. 
Hoje mesmo fui abordado por um “cidadão” catador de papel, que me perguntou se eu conhecia algum candidato que poderia lhe comprar um carrinho novo e argumentou: “o carro custa R$300,00 e as pessoas que querem que a gente vote deveriam ajudar mais os que precisam”. Ou seja, a sua ingênua maneira em achar alguém para resolver o seu problema, contribui com o viciado processo eleitoral que é constituído por milhares de pessoas como ele, que ainda não aprenderam reconhecer o valor de seu voto e o seu direito como cidadão. Este tipo de abordagem perdurará ainda por muitos anos e uma mudança dependerá de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida da população. Preocupações que dificilmente notamos nas ações governamentais. Para muitos governos é bom que a ignorância perdure, só assim poderão continuar comprando votos e vendendo desilusões.
E a “pedirranha” continua em outros escalões. São candidatos que negociam empregos públicos, pseudo-s lideres partidários, sindicais, de serviços e religiosos fazem solicitações financeiras para suas comunidades em troca de um possível apoio, em fim uma verdadeira “suruba” política onde dificilmente podemos distinguir o verdadeiro criminoso, se é aquele que compra ou aquele que quer vender. O que achamos que sabemos, é que está dada a partida para mais um processo eleitoral, e que só de boas propostas para a nossa cidade uma candidatura não decola, é preciso muito dinheiro para ativar os ânimos de boa parte do nosso eleitorado. A praia é lodosa e somente um chega em sua beira.

P.S. Lista de material desejado do eleitorado: cesta-básica, conta de água e luz, botijão de gás, pagamento do IPTU atrasado, jogo de camisa esportiva, bola de todos os tipos, certidão de nascimento, casamento e óbito; mudança, terra para aterro, manilha, milheiro de telha e tijolo, cadeira de roda, óculo, dentadura, pagamento de escritura, remédio, passagem de ônibus, consulta e internamento hospitalar; bolo para casamento, aniversário e bodas; enxoval, pagamento do batizado do filho, pagamento de remendo de pneu da bicicleta, pneus para o carro, IPVA e muitos outros que a memória me traiu. Bem, agora temos a nova geração que deverá solicitar: CDs para carro, pagamento de telefone e compra de celular. Bons pedidos!

Um comentário:

  1. Pior que a venda do voto é pensar que já ganhou, como vem aconteceu com a turma da monica( com letra minúscula mesmo de tão insignificante que são)que já respiram ameaças de perseguição aos professores que se declaram contra a sua volta.Quanto desatino!

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