Apesar de não mais frequentar nenhuma religião,
respeito a fé das pessoas e a história dos nossos primeiros povoadores, que
tiveram na religião um de seus alicerces para a construção da cidade em que vivemos.
Por isso acompanho quase que frequentemente – há mais de
trinta anos – as festas da nossa cidade desde a mais pagã até as religiosas.
Meu olhar fotográfico vem registrando ao longo do
tempo sentimentos e comportamentos deste evento. Posso até afirmar que o tempo
me proporcionou um olhar bem crítico – no sentido da análise – sobre vários
prismas.
Quanto ao aspecto religioso da festa nunca dou meus
pitacos, pois é uma praia que reservo aos entendidos e envolvidos com suas
crenças e estratégias.
Já outros aspectos, principalmente quando ultrapassam os
limites territoriais dos promotores, sempre mando um recado e infelizmente o
que mais tenho criado é uma total antipatia as minhas idéias. Bem fazer o que?
Considero a procissão o momento visualmente mais rico
da cerimônia. São milhares de pessoas com seus mais diversos sentimentos e
desejos, caminhando em conjunto e isolados ao mesmo tempo.
Os mais devotos -
que rodeiam imagens e sacerdotes, fazem questão de carregar o andor, os
personagens quase sempre são os mesmos dos últimos dez...vinte anos. Os famosos
carregadores-de-santo.
O que sempre muda é a presença dos políticos e candidatos em
tempo de eleições, que fazem da cerimônia religiosa uma vitrine para seu
eleitorado. Pura hipocrisia.
No primeiro ano do
mandatário é marcante a presença de vários secretários na procissão,
sinalizando para a platéia um ar de coesão e grupo. Depois, com o desgaste
natural da administração, vai acontecendo um certo esvaziamento e o prefeito
quase que solitário acompanha a corte, como mera obrigação representativa.
Quando os interesses
mudam, os partidários que antes
participavam da mesma “caminhada de fé”, hoje se separaram, pois não mais
“comungam” os mesmos interesses. E cada um monta seu grupo.
Interessante também
é sentir o “milagre” da aparição. Em um passe de mágica “velhas raposas”
sumidas do nosso cenário cotidiano, aparecem para espanto de todos e usam a
manifestação religiosa para novamente se apresentar ao eleitorado desejado.
O ressureição desses
seres não tem nada a ver com
milagre. É pura reação proporcionada pela má gestão dos seus sucessores e a
total descrença em nós mesmos.
Após a passagem de mais esta “calorosa festa”, para encerrar
foi realizada pelos promotores um “bingão” em plena praça pública, com
distribuição de prêmios à comunidade sonhadora, crédula e muitas vezes ingênua.
Já os políticos - agora caindo na real - deverão colocar
carga máxima em suas campanhas eleitorais, na tentativa de nos convencer que
suas propostas são as melhores para nossa cidade e que possamos contar com uma
gestão nova e participativa, comprometida com as reformas que tanto queremos e
ainda não aprendemos a fazer.
Tenho dito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com responsabilidade e se identifique.