terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Luxo ou lixo I? Vale a pena ler de novo.


Publicado em 02/04/2006 e no livro "Tenho dito"2012.

LUXO OU LIXO I?
A história de Antonina é muito rica. Desde sua pré-história, onde constatamos a presença dos nossos primitivos carijós ou também conhecidos como homens dos sambaquis ou tambaquibas; da colonização pelo homem branco que por aqui chegou por volta de 1646; do seu desenvolvimento econômico no final do século XIX e início do XX; do período de total decadência iniciada com o fechamento das Indústrias Matarazzo em 1975 e a estatização dos serviços portuários pelo governo golpista de 64, até o início de um novo ciclo que chegou a bater em nossa porta no final dos anos noventa.
Toda esta vivência de altos e baixos nos proporciona um enorme cabedal de referência, onde podemos construir a nossa história e projetar melhor o nosso futuro.
Como é bom quando se tem uma história maravilhosa e se pode contar para “todo mundo” de onde a gente veio, onde estamos e para onde iremos. Mas é por aí que começam as nossas dificuldades.
Antonina viveu um processo de estagnação e abandono por muito tempo. Com a abertura dos Terminais Portuários da Ponta do Félix no final dos anos noventa, as atividades portuárias voltaram a movimentar a cidade. Empregos foram gerados e mais riqueza circulou por aqui. Mas isto é muito pouco. Sem nenhuma dúvida foi dado início a um novo ciclo, mas não se deve achar que este será a nossa redenção. Uma cidade com mais de 20 mil habitantes não pode depender economicamente de uma única fonte de recursos. É preciso criar novas alternativas para a geração de empregos, digo, de renda.
Infelizmente, nenhuma das últimas administrações municipais que tivemos tinha proposta para abertura de novas frentes de geração de renda (a não ser de suas famílias), como também não tem a atual. O vazio projetual é uma ausência (estou sendo redundante) que dói na nossa alma, quando se constata – ao vivo e em cores – a falta de projetos para a cidade.
Simplesmente, administram-se (quando conseguem) os problemas emergentes. “Nada” é feito com planejamento, competência e bom senso. O mais importante é “tapar o sol com a peneira”, preservar os interesses do grupo e ignorar os problemas da comunidade.
Hoje, encontramos uma cidade triste. Arruma-se uma rua aqui, a outra somente no próximo ano ou quando der, de preferência perto do ano eleitoral. Agora vamos arrumar o Mercado (que até agora não se sabe por que foi fechado)... Uma nova “festinha” na cidade, mas a sensação de abandono ainda se faz presente.
Nosso Patrimônio Histórico continua sem projeto. Nossas praças abandonadas à mercê de pessoas desocupadas, bêbadas e drogadas, também vítimas do processo. Nossos caminhos e estradas esburacados sem a mínima condição de tráfego. Nosso lixo – lixo mesmo – ainda é depositado a céu aberto, sem reciclagem. Nossa baía assoreada e poluída, com balneabilidade zero.
Mas o pior mesmo é a falta de sensibilidade do nosso cidadão. Acostumou-se tanto com a situação que não é capaz de notar o seu entorno. Está desacreditado e tudo quase sempre se resume em: – “... Não vai dar certo!...” ou – “Aqui é assim mesmo!”. A falta de esperança atinge na alma os pequenos empresários em geral (principalmente aqueles que trabalham com turismo), contribuindo de maneira negativa em suas atividades.
Claro que tudo que falei, e muito mais, não é culpa da atual administração. Mas, conforme o “andar da carruagem”, já deu pra notar que quase nada será feito para modificar a atual situação. Como milagre é coisa de religião e não de administração, um governo totalmente desconexo e sem nenhum projeto (Plano Diretor não é projeto) não terá a competência necessária para ao menos amenizar as nossas angústias e projetar melhores dias para a nossa comunidade.

Um comentário:

  1. Eu acho que deveria ter "Pedágio da reconstrução",de R$ 1.00 na entrada da cidade, para reverter na melhoria das calçadas e ruas, iluminação etc.

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