Publicado em 22 de abril de 2003 e no livro “Crônicas da
Capela” 2006.
CARGOS X ENCARGOS
Quando as
pessoas elegem alguém para exercer um
cargo político, principalmente para o poder executivo, boa parte destas pessoas
acreditam em alguma coisa: alternância de grupo no poder, programa de governo,
bandeira partidária ou esperança de melhores dias. Outras pessoas votam apenas
para cumprir com a obrigação eleitoral. Algumas votam em retribuição a favores
e até compromissos “pagos” com antecedência. Boa parte apenas apóia
candidaturas pensando unicamente em participar do poder, caso o seu candidato
seja eleito, pois na atual crise de desemprego é muito confortável, agarrar “no
saco” de um político e torcer (não o saco) para que ele seja eleito,
garantindo a possibilidade de um
emprego temporário, que poderá durar no máximo 8 anos. Depois de eleito,
dezenas, centenas e até milhares de cargos, chamados de confiança, são
preenchidos pelos partidários, correligionários e apadrinhados do político.
São os famosos, desejados e bem remunerados
cargos públicos, que nem sempre são preenchidos por pessoal tecnicamente
competente, mas em sua grande maioria por pessoas ligadas a partidos políticos
que o apoiaram e principalmente por
parentes. É o tão criticado e sempre presente nepotismo - ato de
favorecer os parentes - maneira legal, mas amoral, de repartir o poder e o
dinheiro público com a própria família.
A prática nepotista já foi condenada pelo senador Roberto Freire (PPS)
quando era do PCB, que elaborou projeto
de lei acabando com este privilégio, mas nunca foi colocado em discussão e
muito menos aprovado. Não é de interesse da grande maioria parlamentar, pois
também se utiliza desta prática. É
notória a nomeação de parentes em todos os níveis dos governos, quer federal,
estadual e municipal. Muitos políticos justificam suas presenças, alegando
serem de total confiança (é claro) e ajustados tecnicamente com as funções que
deverão ser exercidas.
A prática política vivida em nossa curta história democrática,
infelizmente, criou uma certa
cultura pró-nepotismo, onde não mais
ficamos “vermelhos” de vergonha e revoltados com determinados políticos que
nomeiam seus parentes para cargos importantes, desde que, se condicionem a
compromissos mínimos com o trabalho
voltado para a melhoria da qualidade de vida da nossa população e que estejam
em sintonia com o exercício funcional. Não podemos condenar uma pessoa
simplesmente por ser parente de político, mas devemos cobrar do político maior
seriedade e critérios para ocupação dos cargos e para a escolha dos seus
ocupantes, independente do grau de parentesco.
O insuportável e
condenável é quando os cargos são
ocupados por pessoas, apadrinhados e parentes para simples preenchimento do
quadro funcional e favorecimento financeiro com apropriação indevida de
remunerações que poderiam muito bem serem pagas a pessoas capacitadas e
comprometidas com a causa pública. Mas a prática da seriedade no tratamento das
coisas públicas ainda tem um grande caminho a percorrer, para então podermos
confiar plenamente nos governos que ajudamos a eleger. Enquanto isto não
acontece, vivemos fingindo que nada percebemos e que tudo corre muito bem
obrigado. Para eles é claro.
Uma coisa é o
cargo outra o encargo.
Um governo, comprometido no mínimo com a seriedade deve
nomear pessoas que saibam muito bem do que se trata o cargo que está ocupando.
Mas não é isto que acontece. No governo federal, estadual e nos grandes
municípios, os políticos até podem abusar do privilégio em colocar uma pessoa
para ocupar um cargo com função simplesmente política, pois terá à sua
disposição toda uma equipe técnica que poderá agilizar as ações. Mas em
pequenos e pobres municípios esta prática nada mais é que um ato de
irresponsabilidade e crime contra o patrimônio moral da comunidade.
Em nossa cidade, raros são os cargos que foram preenchidos com critérios
técnicos. Tem Secretário e Chefe de Divisão, ou sei lá o quê? Que é o único
presente, quando presente. A maioria dos ocupantes de cargos, foram escolhidos
sem nenhum critério técnico, mas dentro de uma política clientelista e de
ocupação de espaço. Se um prefeito maluco tivesse criado um cargo de Diretor do
“Aeroporto” de Antonina, hoje teríamos alguém da “turma” ocupando o espaço e
faturando mais um “troquinho” do cofre público.
Lendo
o jornal oficial onde foi publicada a lista dos cargos da prefeitura, ficou
muito claro o grau de irresponsabilidade da atual administração. Mas o que mais
me chamou atenção, é que o “primeiro damo”, marido da “nossa”
prefeita ocupa o cargo de Chefe da Divisão de Cultura da Secretaria Municipal
de Comunicação e Cultura. Todos sabem que a referida pessoa não tem a mínima
condição para ocupar aquele cargo e sequer atua na Divisão para justificar o
seu salário. A ocupação do cargo só é justificada para aumentar a renda
familiar (que não precisa), e dar uma “ocupação” ao referido cônjuge. Isto é
uma vergonha! Arrumar cargo para
parente já é praxe em qualquer governo deste país, mas colocar na pasta da
cultura uma pessoa que não tem condições mínimas para exercer o cargo e
comprovadamente nenhuma atividade, é subestimar demais a inteligência da nossa
comunidade, da nossa história, dos artistas, dos artesãos e do mais simples
cidadão antoninense. A nossa cidade precisa ser tratada com respeito.
Prefeita.
A senhora está “gozando” da cara da gente se continuar esta prática sacana, onde o mais importante é aumentar a
renda familiar, custe o que custar, doa a quem doer. Como cidadão e pessoa
ligada a cultura da minha cidade exijo que o cargo seja ocupado por uma pessoa
competente, que no mínimo trabalhe e que possa nos ajudar a desenvolver alguma
coisa em benefício da nossa cultura e dos nossos artistas. Os espaços culturais
estão fechados sem nenhuma programação, por falta do quê? O empreguismo em
nossa prefeitura é total, tem filho, comadre etc...Etc. Mas se eles estiverem
trabalhando já é alguma coisa, agora ficar sentado a espera do salário é afanar
legalmente os nossos tributos. Cargo e Encargo... É preciso preencher e fazer
acontecer.
N.E.do Blog: para inspirar e alertar os novos governantes. Olha que já se passaram 10 anos.
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