quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Não vou escrever de novo... Cargos e Encargos.


Publicado em 22 de abril de 2003 e no livro “Crônicas da Capela” 2006.
CARGOS X ENCARGOS

Quando as pessoas elegem alguém para exercer  um cargo político, principalmente para o poder executivo, boa parte destas pessoas acreditam em alguma coisa: alternância de grupo no poder, programa de governo, bandeira partidária ou esperança de melhores dias. Outras pessoas votam apenas para cumprir com a obrigação eleitoral. Algumas votam em retribuição a favores e até compromissos “pagos” com antecedência. Boa parte apenas apóia candidaturas pensando unicamente em participar do poder, caso o seu candidato seja eleito, pois na atual crise de desemprego é muito confortável, agarrar “no saco” de um político e torcer (não o saco) para que ele seja eleito, garantindo  a possibilidade de um emprego temporário, que poderá durar no máximo 8 anos. Depois de eleito, dezenas, centenas e até milhares de cargos, chamados de confiança, são preenchidos pelos partidários, correligionários e apadrinhados do político.
São os famosos, desejados e bem remunerados cargos públicos, que nem sempre são preenchidos por pessoal tecnicamente competente, mas em sua grande maioria por pessoas ligadas a partidos políticos que o apoiaram e principalmente por  parentes. É o tão criticado e sempre presente nepotismo - ato de favorecer os parentes - maneira legal, mas amoral, de repartir o poder e o dinheiro público com a própria família.
A prática nepotista já foi condenada pelo senador Roberto Freire (PPS) quando era do PCB, que elaborou  projeto de lei acabando com este privilégio, mas nunca foi colocado em discussão e muito menos aprovado. Não é de interesse da grande maioria parlamentar, pois também se utiliza desta prática. É notória a nomeação de parentes em todos os níveis dos governos, quer federal, estadual e municipal. Muitos políticos justificam suas presenças, alegando serem de total confiança (é claro) e ajustados tecnicamente com as funções que deverão ser exercidas.
A prática política vivida em nossa curta história democrática, infelizmente,  criou uma certa cultura  pró-nepotismo, onde não mais ficamos “vermelhos” de vergonha e revoltados com determinados políticos que nomeiam seus parentes para cargos importantes, desde que, se condicionem a compromissos  mínimos com o trabalho voltado para a melhoria da qualidade de vida da nossa população e que estejam em sintonia com o exercício funcional. Não podemos condenar uma pessoa simplesmente por ser parente de político, mas devemos cobrar do político maior seriedade e critérios para ocupação dos cargos e para a escolha dos seus ocupantes, independente do grau de parentesco.
O insuportável e condenável  é quando os cargos são ocupados por pessoas, apadrinhados e parentes para simples preenchimento do quadro funcional e favorecimento financeiro com apropriação indevida de remunerações que poderiam muito bem serem pagas a pessoas capacitadas e comprometidas com a causa pública. Mas a prática da seriedade no tratamento das coisas públicas ainda tem um grande caminho a percorrer, para então podermos confiar plenamente nos governos que ajudamos a eleger. Enquanto isto não acontece, vivemos fingindo que nada percebemos e que tudo corre muito bem obrigado. Para eles é claro.

Uma coisa é o cargo outra o encargo. 
Um governo, comprometido no mínimo com a seriedade deve nomear pessoas que saibam muito bem do que se trata o cargo que está ocupando. Mas não é isto que acontece. No governo federal, estadual e nos grandes municípios, os políticos até podem abusar do privilégio em colocar uma pessoa para ocupar um cargo com função simplesmente política, pois terá à sua disposição toda uma equipe técnica que poderá agilizar as ações. Mas em pequenos e pobres municípios esta prática nada mais é que um ato de irresponsabilidade e crime contra o patrimônio moral da comunidade.
Em nossa cidade, raros são os cargos que foram preenchidos com critérios técnicos. Tem Secretário e Chefe de Divisão, ou sei lá o quê? Que é o único presente, quando presente. A maioria dos ocupantes de cargos, foram escolhidos sem nenhum critério técnico, mas dentro de uma política clientelista e de ocupação de espaço. Se um prefeito maluco tivesse criado um cargo de Diretor do “Aeroporto” de Antonina, hoje teríamos alguém da “turma” ocupando o espaço e faturando mais um “troquinho” do cofre público.
Lendo o jornal oficial onde foi publicada a lista dos cargos da prefeitura, ficou muito claro o grau de irresponsabilidade da atual administração. Mas o que mais me chamou  atenção,  é que o “primeiro damo”, marido da “nossa” prefeita ocupa o cargo de Chefe da Divisão de Cultura da Secretaria Municipal de Comunicação e Cultura. Todos sabem que a referida pessoa não tem a mínima condição para ocupar aquele cargo e sequer atua na Divisão para justificar o seu salário. A ocupação do cargo só é justificada para aumentar a renda familiar (que não precisa), e dar uma “ocupação” ao referido cônjuge. Isto é uma vergonha!  Arrumar cargo para parente já é praxe em qualquer governo deste país, mas colocar na pasta da cultura uma pessoa que não tem condições mínimas para exercer o cargo e comprovadamente nenhuma atividade, é subestimar demais a inteligência da nossa comunidade, da nossa história, dos artistas, dos artesãos e do mais simples cidadão antoninense. A nossa cidade precisa ser tratada com respeito.
Prefeita. A senhora está “gozando” da cara da gente se continuar esta prática  sacana, onde o mais importante é aumentar a renda familiar, custe o que custar, doa a quem doer. Como cidadão e pessoa ligada a cultura da minha cidade exijo que o cargo seja ocupado por uma pessoa competente, que no mínimo trabalhe e que possa nos ajudar a desenvolver alguma coisa em benefício da nossa cultura e dos nossos artistas. Os espaços culturais estão fechados sem nenhuma programação, por falta do quê? O empreguismo em nossa prefeitura é total, tem filho, comadre etc...Etc. Mas se eles estiverem trabalhando já é alguma coisa, agora ficar sentado a espera do salário é afanar legalmente os nossos tributos. Cargo e Encargo... É preciso preencher e fazer acontecer.

N.E.do Blog: para inspirar e alertar os novos governantes. Olha que já se passaram 10 anos.

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