segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A festa da padroeira - Histórias e Estórias XV

Estampa da Padroeira
Dia 15 de agosto é comemorada a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Pilar.
O escritor Ermelino de Leão¹, nos conta que... “no pequeno povoado de Guarapirocada, quando o sesmeiro Sargento-Mor Manoel do Valle Porto – considerado o fundador do povoado - aportou por aqui em 1712, trazendo inúmeras famílias para trabalhar em suas lavouras e na mineração, se estabelecendo na Ilha da Graciosa (hoje Corisco)”.
No povoado, duas irmãs Maria e Tereza (somente se reporta a Tereza – Maria aparece como suposta em alguns escritos) eram devotas fervorosas de Nossa Senhora do Pilar. Possuíam uma estampa da virgem e todo dia 15 de agosto reuniam as pessoas do povoado e celebravam rezas em seu louvor. Valle Porto se aliou aos devotos e entusiasmado com o fervor da crença e mandou construir uma capela para que os moradores pudessem melhor render o culto à santa.
Enquanto a obra era erigida, encomendou uma imagem da Virgem do Pilar a um santeiro da Bahia, que julgando desconhecimento do contratante, lhe enviou a imagem de outra Nossa Senhora, a da Soledade, mas a “trapaça” foi percebida e a imagem foi devolvida, até anos mais tarde chegar a encomendada.
“A princípio foi construída a Capella-mór, suficiente para o culto que os cinquenta casais fregueses, poderiam tributar á virgem, naqueles remotos tempos; e quando chegou da Bahia, a verdadeira imagem de Nossa Senhora do Pilar, pode Valle Porto, com grande gaudio, deposital-a no seu altar, doando-lhe, segundo narra a tradição, os terrenos circunvizinhos, para o seu patrimonio”, diz Ermelino de Leão¹.
A construção da capela foi autorizada no dia 12 de setembro de 1714, pelo bispo do Rio de Janeiro, D.Frei Francisco de São Jerônimo, e o povoado passou a ser denominado de Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa, onde hoje se encontra o santuário, marco importante para a formação do povoado e de sua religiosidade.

As Festas de Agosto²
Foi devido a construção da capela que os moradores da localidade ficaram conhecidos como Capelistas. As festas a cada ano que passava, eram bem mais animadas. Centenas de pessoas moradores da vila e das comunidades próximas, não mediam esforços para marcar presença no dia 15 de agosto, em agradecimento ou para pedir as bênçãos da santa padroeira. As tradicionais barraquinhas – coisas da igreja– surgiram somente no início do século passado, lá pelos anos 30 e serviam para angariar recursos para o Hospital de Caridade da cidade, que estava localizado perto da matriz.
E foram nas décadas de 30 a 60 onde aconteceram as maiores festas. Milhares de romeiros vindos dos mais distantes lugares, de barco, de ônibus ou de trem, chegavam a Antonina, para comemorar a tão esperada e anunciada Festa de Agosto, em homenagem a Nossa Senhora do Pilar.
O largo da Matriz - depois denominado de Praça da República e hoje Cel. Macedo - ficava todo enfeitado para o acontecimento. As pessoas compravam roupa nova, pintavam suas casas e aumentavam seus suprimentos para poderem receber e hospedar os amigos e familiares. Grande queima de fogos de artifícios marcava a data. Cada noveneiro queria apresentar sempre um maior número possível de fogos, e a disputa era acirrada para se conseguir sempre chegar em primeiro lugar. Eram famosas as novenas dos estivadores e dos empregados das Indústrias Matarazzo. Mas ficava sempre para o dia da festa o maior espetáculo pirotécnico.
A partir dos anos 70, quando o dia 15 de agosto deixa de ser feriado santificado nacional, a movimentação de romeiros começa a diminuir e foi sendo lentamente percebida pela população local. O número de barraquinhas – termômetro do sucesso do evento - diminuía a cada ano que passava, e foi pouco a pouco perdendo o que de mais tínhamos orgulho: a grandiosidade da festa da nossa padroeira N.SRA.do Pilar. Mesmo assim tivemos algumas e pontuais grandes festas, como a da família Tanaka em 1975 e do Reencontro em 1986. Nos anos oitenta e noventa pouco foi feito para resgatar a grandiosidade da festa. A desativação da ferrovia, somada ao desaquecimento econômico da cidade com o encerramento das atividades portuárias, enfraqueceram ainda mais as nossas comemorações.

¹ - “Antonina, Homens e Factos, 1918.
 ² - Publicado em 31 de julho de 2003 no blog palavradobó ©eduardonascimento

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