segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Porto de Antonina...Histórias e Estórias XVI

Foto meramente ilustrativa - Porto 1930
Porto de Antonina

Ermelino de Leão¹ em seu livro de 1918, se apropria do relatório de 1877, do Barão de Teffé, para descrever determinadas “minúcias e verdades” sobre o então porto antoninense.
Entre as vantagens na época assinaladas está: “a situação topográfica de Antonina, que oferece dois acessos na serra, o da Graciosa e do Itupava, para a comunicação com o interior do Paraná”. Sendo o da Graciosa, convertido em uma das melhores estradas de rodagem que o Brasil possui (a Estrada da Graciosa foi construída para ligar o primeiro planalto ao Porto de Antonina – inaugurada em 07 de julho de 1873).

Fala de uma próspera comunidade, que na época (1877) contava com uma população 6 mil “almas” e que tinha vivenciado recentemente a elevação a cidade (1857). “Cidade pitoresca, que goza de um clima ameno e salubre, bem como soberbamente férteis as terras, principalmente no magnífico Valle do Cachoeira, que parece fadado às mais prosperas colônias”.

“O Barão do Teffé estuda sob todos os aspectos a superioridade do porto de Antonina, traçando um belo relatório, que com prazer, reproduzimos integralmente neste trabalho porque é um eloquente depoimento a favor do grandioso futuro desta terra”...conclama Ermelino de Leão.

Aqui registro algumas citações do Barrão de Teffé, que no momento considero essenciais a nossa identidade:

... “Tem, pois, o município de Antonina recursos próprios, e como entreposto do interior de toda a província  vê-se na cidade e porto um continuo movimento comercial que lhe dá vida e animação.
As ruas da cidade são em geral direitas, largas e limpas, as casas espaçosas e asseadas, o mercado bem provido e, sobretudo de carne verde superior e pelo preço barato de 200 reis o quilo e as suas fontes públicas abastecem de boa água a população.
Em resumo, em Antonina, a vida é cômoda e econômica, a índole do povo pacífica e alegre  ativo e sobremodo amável e hospitaleiro o caráter dos habitantes”.

...“Hoje Antonina ostenta o mais importante estabelecimento industrial do Estado – o Moinho Matarazzo erecto no próprio ponto assinalado por Antonio Rebouças para estação marítima da estrada de ferro do Paraná, e servido por uma linha  férrea que o põe em fácil comunicação com o interior do Estado”.

...“O futuro de Antonina está, pois, plenamente assegurado. O que devemos é trabalhar, com afã  para que o advento dos dias de progresso não seja retardado pela nossa incúria  É para lamentar que, no contrato de melhoramentos dos portos do Paraná fosse Antonina esquecida. Não somos dos que creem que, em futuro não muito remoto, os portos internos do Paraná se prestam para atender ao crescente volume do nosso comercio externo.
Teremos de cogitar na construção de um porto atlântico, em pleno oceano, que permita a franca navegação ao navios de alta tonelagem, se não quisermos ficar eternamente tributários dos portos de Santos e de S. Francisco. Esta se nos afigura a nítida compreensão das exigências do ardiloso futuro reservado ao Paraná.
Mas, nem por isso, nos devemos descuidar do presente e da conservação e melhoria dos nossos ancoradouros de Paranaguá e Antonina. Ambos são necessários para o atual movimento comercial do Estado, ambos podem e devem ser melhorados para permitir a expansão das nossas forças econômicas. A natureza está, sem duvida, escrevendo um capitulo de geologia, como bem observou douto viajante italiano. As nossas baias, dia a dia são obstruídas pelos detritos arrastados pelos numerosos rios, que lhes são tributários.
Tudo isto é triste e evidente verdade”.

E concluí: “É necessário, pois, que os poderes municipais de Antonina concentrem os seus esforços uniformemente, no sentido de obter esse resultado: a melhoria das condições do Porto sem maior ônus para o comercio que dele se utiliza”.

Antonina, 07 de outubro de 2013
Eduardo Bó do Nascimento


¹ Leão, Ermelino Agostinho de. Antonina, fatos e homens. 1918.

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