Publicado em 08/04/2007 e no livro "Tenho dito" de 2012.
CARINHO
NÃO FAZ MAL A NINGUÉM
Há
mais de trinta anos venho registrando imagens da nossa cidade. Algumas já se
transformaram em livros fotográficos, de crônicas, resenhas para jornais e
revistas, ilustração para catálogos, folhetos, cartazes, blogs, sites... etc...
etc... etc. São mais de 10 mil imagens captadas neste período. Além das boas
imagens dos costumes e das tradições da cidade, o que sempre me chamou atenção
é o descaso público com que os nossos administradores sempre trataram a cidade,
ou seja, a falta de cuidado e carinho com os serviços mínimos necessários para
se conviver em sociedade.
Um
dos problemas bem visíveis é a falta de qualificação da mão de obra dos
servidores públicos e a falta de monitoramento por parte dos responsáveis pela
execução dos serviços. Por aqui, uma pequena reforma de uma calçada demora uma
eternidade, isto quando é feita. É mal executada, a sobra dos materiais
permanece por dias, semanas e até meses abandonada, à espera de uma boa alma
que possa lembrar os “responsáveis”. E tudo é meio assim. Coloca-se uma
bandeirola para anunciar um evento, algumas são retiradas pós-evento, outras
ficam ao cuidado do tempo até sua total deterioração.
A
cidade gosta de fazer eventos e não conta com um espaço adequado e equipado e a
cada festa tudo começa da mesma maneira: retiram os paralelepípedos do
calçamento e nunca mais retornam aos seus lugares. Instalam manilhas de esgoto
em plena praça central e as manilhas ficam por lá... Até... Ninguém sabe
quando.
Melhorar
a mão de obra dos operários da prefeitura não é nada impossível. Dá muito bem
para ser feito e existe recurso disponível para a realização de cursos de
capacitação, nas mais diversas áreas do atendimento público. É só querer,
planejar e começar. Já o mais grave e de difícil mudança é a inoperância e a
cegueira das chefias. Ninguém sai de seus gabinetes para olhar a cidade, ver o
que está faltando, o que está quebrado e imediatamente achar solução. O
prefeito, o grande responsável, se entoca no “palácio” e se esconde em casa,
não sai às ruas e muito menos não cobra de seus subordinados.
Convivemos
com uma cidade aparentemente “em guerra” com sua própria população. Nossas
praças são sujas. Mendigos desfilam, dormem, lavam suas roupas, se drogam e
praticam todos os tipos de atos obscenos em plena luz do dia. Em plena praça.
O
que mais cresce mesmo é o mato e o desânimo das pessoas que conseguem ver e
sentir na alma como tudo não acontece.
Uma
grande parte da população, já acostumada com a situação, continua à espera de
milagre e não percebe que somente ela poderá fazer esta transformação.
Para
se estar à frente de alguma coisa, desde a primeira célula que é a família, até
a escola, o clube de serviço, seu emprego e de uma administração, quer pública
ou privada, antes de tudo é necessário competência, “tesão” e muito carinho.
Algo que somente as pessoas especiais sentem e valorizam. Hoje, o que a gente
percebe, além da incompetência de gerenciamento, é a falta de amor e carinho
pela cidade. Ingredientes essenciais para qualquer mudança.
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