segunda-feira, 26 de março de 2018

POIS É!


Pois é!

Pela segunda vez ocupo um cargo comissionado na administração pública municipal de Antonina. A primeira em 2005 quando – recém aposentado como professor da UFPR – fui nomeado Secretário de Turismo e Esporte. A empreitada durou pouco, e não vou entrar em detalhes os motivos, que ainda tive que conviver com três anos de senões pós-exoneração. Desgastante.
Recentemente, com a eleição do José Paulo Vieira Azim como prefeito, - pessoa do meu trato, volto a ser convidado a ocupar quase a mesma pasta, agora de Turismo e Cultura.
Em visita de convite a minha residência (dezembro 2016) no primeiro momento - conhecedor das “mazelas” do serviço publico e da política atual - recusei a proposta, mas após muita conversa e inúmeras assertivas e compromissos de ordem funcional e conceitual, resolvi aceitar mais um desafio, pois acreditava que minha vivencia nas áreas afins, poderia corroborar na transformação que tanto nossa cidade esperava, alinhadas em suas promessas de campanha: participação popular, reforma administrativa e geração de renda e emprego (priorizando o turismo como área desenvolvimento).

Reconheço o péssimo estado da cidade herdado pelo prefeito, desde os imóveis e equipamentos públicos, as finanças, a baixo-estima do quadro funcional e principalmente a falta de credibilidade política, nas instancias superiores. Assumimos o caos.

Na secretaria
Assumi então a Secretaria de Turismo e Cultura em estado melancólico, mas disposto a mudar o jogo, apesar do pouco tempo que tínhamos, pois o Turismo é responsável pelos eventos da cidade e no lugar de contar com uma equipe para estruturar a pasta, tive que priorizar o Carnaval, primeiro grande evento da gestão. Foi um sucesso!
De janeiro a dezembro aconteceram pequenas mudanças, principalmente de conduta quanto a nossa secretaria. Eventos foram reavaliados e novos foram criados, tudo muito bem discutido com os parceiros e o Conselho Municipal de Turismo (nomeado em maio de 2017). Passamos a fazer parte do Sistema Nacional de Turismo ao aderir a Agencia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral – Adetur. Melhoramos nossos equipamentos e fomos acolhidos no espaço do Arquivo Histórico da cidade (imóvel sub-utilizado e até então com ar de abandono), com sala de exposição, mini-auditório e gabinetes.
Não vou utilizar este pequeno espaço para fazer um relatório das nossas atuações, pois acredito que a comunidade, principalmente a envolvida – produtores culturais e trade turística – sabe bem disso. Mas para justificar nossa saída da pasta.

Exoneração em massa
Por um ato meramente contábil das finanças municipais – o gestor não pode gastar mais de 54% dos recursos com pessoal em risco de ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal o prefeito José Paulo Vieira Azim, em um ato de sua competência, isolado e monocrática, resolveu exonerar 40 colaboradores em cargo comissionado, incluindo todos os cargos da nossa minúscula secretaria, quatro, (fomos informados em reunião que aconteceu as 8h00 do dia 20 de dezembro - quando deveríamos receber o 13º salário -, sem nenhuma chance de revogação, pois o ato já tinha sido publicado no Diário Oficial do município no dia anterior).
Apesar do bom relacionamento (secretario e secretaria) com o prefeito e toda equipe, vários percalços aconteceram durante este período (normal no relacionamento político). Muitos gargalos administrativos (vícios) prejudicaram a performance da pasta, causando um certo descontentamento, insatisfações e até problemas pessoais de saúde. No dia 10 de dezembro (ou próximo) agendei reunião com o Gabinete, para conversar sobre quais seriam os procedimentos para 2018, e as propostas técnicas e políticas que tínhamos para que realmente fossem implantadas, em sua gestão, políticas públicas de desenvolvimento para o Turismo e a Cultura da nossa cidade. Mas, por motivo de “agenda externa” não consegui esta conversa. E fomos surpreendidos com uma exoneração em massa.

Reação
Após a preleção da exoneração pelo prefeito (pena que não gravei) sem direito à parte, os “colegas” exonerados se retiraram silenciosamente do recinto. Solitário, fui ao encontro do prefeito e sem pestanejar agradeci o apoio e o convite a mim proporcionado, pois diante daquela situação, nada restava, que agradecer e me retirar. Ele disse que era apenas uma manobra e que todos seriam reconduzidos em janeiro.
Recusei a manobra, me senti desrespeitado (como seu eleitor e assessor acreditava que deveria ser comunicado) principalmente quanto a minha equipe, pois estávamos em plena temporada de Verão, no meio de alguns eventos Natalinos, do Revellion e em negociação com o Carnaval 2018. Agradeci e me retirei, triste, indignado e decepcionado.

E agora José?
Faz mais de noventa dias que fui exonerado, e durante este período não neguei informações ao Zé Paulo, quando solicitado virtualmente (gravação) referentes a assuntos de meu conhecimento e de interesse da cidade ( Pac das Cidades Históricas e Recuperação do Armazém Macedo). E quero aqui reiterar minha disposição. Não são por problemas de ordem e divergências funcionais e conceituais que vou passar a torcer contra sua gestão. Se ela não acontecer, todos perderemos.
Seus eleitores acreditaram em uma nova proposta e o elegeram, demos nossa cara pra bater e até fui seu assessor.
Mas, uma coisa também é certa: vou cobrar suas promessas de campanha e as reivindicarei publicamente no mundo virtual. Pedir para eu não mais escrever sobre minha cidade é como pedir ao prefeito que ao terminar seu mandato, não volte a ser dentista. A gente é o que a gente gosta e acredita!
Somente vou cumprir nosso compromisso desde o convite que me fez em minha casa: “se você me decepcionar... vou te cobrar publicamente!”

E ponto final
Fui prazerosamente assessor do Zé por 11 meses e 19 dias, servidor público por excelência e aptidão. Retorno à condição de cidadão, eleitor, idoso, senhor da liberdade de expressão e patrão da democracia. E se tudo que acreditamos não venha acontecer, em 2020 a gente começa tudo de novo. Escolhendo um novo prefeito para nossa cidade. E tenho dito!

 “ Político que não quer ser criticado é como guarda-noturno que não quer trabalhar a noite. Tem que mudar de profissão.”

E segue o barco!


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