Os 130 anos da viagem do Liberdade - 1888-2018
“ O plano, em
resumo, era o seguinte: não podíamos mendigar nossa viagem, nem podíamos ficar
sentados sem fazer nada entre os nativos. Verificamos que permanecer em um país
distante iria requerer mais coragem do que voltar para casa em um barco, que
decidimos então construir com esse propósito.
Em 13 de maio (de
1888), dia da libertação dos escravos do Brasil, nossa embarcação foi lançada
ao mar, e chamada de Liberdade. Sendo suas dimensões de 35 pés de comprimento
no total, 7,5 pés de boca externa, e porão de 3 pés de profundidade, quem há de
dizer que não era grande o bastante? (...)
Esse era o barco,
ou canoa, como prefiro chama-la, no qual nos propusemos a navegar para a
América do Norte e para casa. Todos estiveram ocupados durante a construção, e
os infortúnios do passado haviam sido todos esquecidos.”
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Capitão Josua Slocum 1887 (fonte Google) |
Segundo Eugênio Herkenhoff: “ Joshua Slocum, era Canadense de origem e naturalizado americano na
idade adulta (...) Aos 11 anos já trabalhava com seu pai na confecção de botas
de pesca para regiões alagadas, e as escondidas produziu uma maquete de um
grande navio à vela que ao final seria o seu destino. Aos 14 fazia sua primeira
experiência como cozinheiro de bordo e moço de convés de uma goleta de pesca entre
o Canadá e o Alasca. Aos 16 anos embarcava em sua primeira viagem
transatlântica como marinheiro rumo a Dublin, e a partir daí nunca mais
abandonou o mar.”
Entre suas rotas a bordo do Aquidneck, se aventura pela costa das Américas. E em 28 de
fevereiro de 1886, zarpa de Nova York com direção a Montevidéu, com um
carregamento de querosene. Em meados de abril, chega a Cabo Frio, no Rio de
Janeiro, apesar de ter desviado a rota, pois atravessou o atlântico com destino
ao continente africano, como estratégia de navegação, devido as correntes de
vento. A 05 de maio, o Aquidneck chega a Montevidéu.
Em junho do mesmo ano (data não especificada) chega ao porto de Antonina, para carregar erva-mate com destino a Buenos Aires. E em seu
diário de bordo, Slocum nos narra a seguinte pérola:
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Imagem ilustrativa, Antonina em 1872. |
Em 1 de junho do ano seguinte, 1887, retorna a Antonina,
vindo do Rio de Janeiro com uma carga de farinha, vinho e três pianos.
Mas a data fatídica ao grande navegador a bordo do
Aquidneck, entre os dias 26 e 30 de dezembro de 1887, seu navio naufraga em um
banco de areia em meio a baía de Paranaguá.
Por força das circunstancias permanece na região e no
início de 1888, decide construir um barco (ou canoa como ele chamava) de apenas
35 pés, que o levará para casa. A 13 de maio de 1888, a canoa é lançada ao mar
e batizada de Liberdade, pois no mesmo dia a princesa Isabel decretara a
abolição da escravatura no Brasil. A 24 de junho, o Liberdade zarpa da baía de
Paranaguá (mais precisamente de Guaraqueçaba) rumo a Washington.
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Imagem do Liberdade (Google) |
Segundo Herkenhoff, “O barco foi doado ao Smithsonian
Institution onde durante muitos anos ficou exposto a visitação pública.”
Em 14 de novembro de 1909, com 65 anos, em meio a uma
situação meteorológica hostil,
Joshua Slocum desaparece
no mar a caminho da Venezuela e do Brasil (queria explorar os rios Orinoco e
Amazonas).
SLOCUM e ANTONINA - ARMAZÉM DO MAR
Com a restauração pelo Iphan do Armazém Macedo, onde será
instalado o Armazém do Mar, um grupo de adeptos a navegação e a história do
Slogum, em Antonina, está em conversa junto a Superintendência Estadual, na
possibilidade de agregar ao imóvel, espaço histórico e documental da passagem
deste grande navegador, por nossa cidade e porto.
“A paisagem
montanhosa vista do porto de Antonina é de cair o queixo; não ví lugar no mundo
verdadeiramente mais grandioso e aprazível. O clima também é perfeito e
saudável.”
Joshua Slocum.
Pesquisa de Eduardo Nascimento
Junho de 2018
Fontes de referencias - Saiba mais:
Livro ‘’Viagem do Liberdade’’:
Sobre a viagem comemorativa com uma réplica do Liberdade,
o "Zane Spray":
* o grife é do pesquisador.