terça-feira, 15 de agosto de 2023

O AUGE DA FESTA DE AGOSTO...Mais uma no Divã do Jekiti

 

Hoje, em comemoração a Festa em homenagem a Padroeira, quem está no Divã do Jekiti é minha amiga LIZ Sigueira. Conta aí Liz:

O AUGE DA FESTA DE AGOSTO

Houve um tempo, distante que não volta mais, em que soltavam foguetes e morteiros do alto do Morro do Bom Brinquedo. E as crianças e adultos empolgados gritavam (bucetummm)

Em um certo ano, chegando la nas alturas do morro, tinham que armar toda a estrutura necessária para tal ação, porque todos era foguetes de rabo. Tinha uma armação de madeira cheia de furinhos e assim fazia uma fileira de foguetes, duas, três, quarto até mais.

Uma certa vez não se sabe o que aconteceu de errado, algo aconteceu de uma maneira inesperada, o fogo se espalhou, era rabo para todo lado, ele o fogueteiro, um cidadão bem conhecido na cidade por ter um sobrenome e apelido curioso, Zeco Pinto Loco, pegou a filha mais velha que sempre o acompanhava, pelo cabelo e jogou no mato. Acabou como os fogos naquele dia. Agora não se pode nem seque soltar um BUcetummm. Os morteiros eram soltos de hora em hora, da meia-noite de um dia até a hora da novena, principalmente a estiva. Maria, a segunda filha, morri de medo, gritava, tinham que trancar ela no quarto, e quando ela ia, ao ver as pernas de seu pai no meio da fumaça no alto da igreja, ela gritava - “Meu pai está no fogo” ela corria para casa da diretora D. Tidoca. E se casou com um fogueteiro, mas essa já é outra história.

Lizangela Sigueira  13 ago.2023

Lizangela Sigueira (foto Facebook)

O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. 

Em breve será publicado em livro físico. Aguarde!

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

MEMÓRIAS DAS FESTAS DE AGOSTO


MEMÓRIAS DAS FESTAS DE AGOSTO

A Festa da padroeira ao longo dos tempos, devido sua importância e grandiosidade para a cidade e região, passou a ser conhecida como “FESTA de AGOSTO” em louvor a padroeira Nossa Senhora do Pilar. Toda a cidade se preparava para a grande data, além da comunidade religiosa ligada a veneração da santa.

Preparativos...Casa pintada e roupa nova

Não somente a igreja matriz se preparava para a grande festa. A praça que outrora também foi Praça da Matriz, ganhava roupagem nova, seus canteiros floridos e seu chafariz iluminado jorrava água com abundância. Os moradores entusiasmados se esforçavam para pintar as fachadas de suas residências, pois sabiam que receberíamos milhares de visitantes durante as novenas e principalmente no dia quinze, o dia da festa.

A comunidade comprava roupa nova. As lojas de Madureira, Feres e Cecym aumentavam seus estoques de calçados e roupas das mais diversas. Benito e Domício, dois alfaiates não venciam as encomendas de novos ternos para a garotada chique e aos senhores de bom gosto, para marcar presença na missa festiva.

Comidas, brinquedos e as barraquinhas

Um dos termômetros da avaliação da festa era o número de barracas que se instalavam em torno da praça Coronel Macedo e adjacências.  Os brinquedos faziam a festa da garotada, balão a gás, Chama Namoro e os famosos “Troço de cocô”, uma réplica meio malfeita de serragem e cola imitava uma bosta...e fazia sucesso devido o motivado grau de surpresa.

Guloseimas enchiam os olhos dos passantes. Cocadas, maçã do amor, quebra-queixo, milho-verde, algodão doce e pipoca, além da famosa Barraca do Ferreira que ocupava todo o lado superior da praça, defronte a gruta da matriz, com seu “churrasco de igreja” que encantava a todos marcando presença por mais de 50 anos.  

Após a dia da festa tinha liquidação nas barracas de ferragens e utensílios de cozinha. As pessoas passavam carregadas de panelas, bacias, serrotes...etc. Sem falar o sucesso dos óculos que a garotada comprava, mas somente usava bem depois da festa, pois ninguém gostava de admitir que os óculos eram de barraquinhas.

De trem ou de ônibus

O trem chegava as 10 horas com um comboio de mais de vinte vagões, com romeiros principalmente de Curitiba e Paranaguá. E retornava as 21h após a grande queima de fogos.

Sensacional era a gente criança, de bicicleta pela avenida Conde Matarazzo a contar o número de ônibus de excursão, que facilmente passava de uma centena deles.

Alvorada e retreta

A alvorada musicalizada pela Banda da Polícia Militar, as 5h da manhã anunciavam o grande dia

Festa...aos estrondos dos rojões soltados pelos estivadores no morro do Bom Brinquedo. A banda também acompanhava a procissão com milhares de fiéis romeiros e após realizava retreta no coreto da praça alegrando ainda mais o sensacional show pirotécnico, anunciando o encerramento das festividades.

Bingo, roleta e outras coisitas mais...

Como a festa não era somente religiosa, rolava grandes barracas de jogos: tiro ao alvo, roleta, argola e bingo. Sem contar o tradicional leilão da matriz com o pregoeiro Delfino Fontoura. Muitas vezes recebíamos visitas de parques de diversão, espetáculos da ‘Mulher Macaco” e da “Samira” a mulher decapitada cujo corpo reagia. Um show para adultos e a garotada.

Cartazes

Anterior ao advento da digitalização e da imagem virtual, tínhamos o cartaz como um dos grandes veículos de divulgação. Tive o privilégio em ser autor de algumas peças. Creio que produzi o primeiro cartaz formato A2 sobre a festa, por solicitação do prefeito Paulo Virgílio Savarin, lá por 1980. E elaborei o primeiro com o título de Festa de Agosto, como popularmente era conhecida, mas sempre em homenagem a padroeira dos católicos e da cidade.

Cartaz de 1978 

Cartaz ded 1980

Cartaz 1989 (?)

Cartaz 2005 autor Jose Humberto-foto Eduardo Nascimento

E a festa continua...

Entre altos e baixos as festividades a padroeira continuam sendo realizadas. Marco importante, quando planejada a luz da natureza da nossa Vila Antonina. Concebida, protegida e tombada, pode muito bem ser um belo produto e atrativo cultural religioso. Respeitando a história, a vivência comunitária e o direito a informação e formação cultural das nossas crianças e jovens.

Eduardo Nascimento 07 ago.2023