segunda-feira, 7 de agosto de 2023

MEMÓRIAS DAS FESTAS DE AGOSTO


MEMÓRIAS DAS FESTAS DE AGOSTO

A Festa da padroeira ao longo dos tempos, devido sua importância e grandiosidade para a cidade e região, passou a ser conhecida como “FESTA de AGOSTO” em louvor a padroeira Nossa Senhora do Pilar. Toda a cidade se preparava para a grande data, além da comunidade religiosa ligada a veneração da santa.

Preparativos...Casa pintada e roupa nova

Não somente a igreja matriz se preparava para a grande festa. A praça que outrora também foi Praça da Matriz, ganhava roupagem nova, seus canteiros floridos e seu chafariz iluminado jorrava água com abundância. Os moradores entusiasmados se esforçavam para pintar as fachadas de suas residências, pois sabiam que receberíamos milhares de visitantes durante as novenas e principalmente no dia quinze, o dia da festa.

A comunidade comprava roupa nova. As lojas de Madureira, Feres e Cecym aumentavam seus estoques de calçados e roupas das mais diversas. Benito e Domício, dois alfaiates não venciam as encomendas de novos ternos para a garotada chique e aos senhores de bom gosto, para marcar presença na missa festiva.

Comidas, brinquedos e as barraquinhas

Um dos termômetros da avaliação da festa era o número de barracas que se instalavam em torno da praça Coronel Macedo e adjacências.  Os brinquedos faziam a festa da garotada, balão a gás, Chama Namoro e os famosos “Troço de cocô”, uma réplica meio malfeita de serragem e cola imitava uma bosta...e fazia sucesso devido o motivado grau de surpresa.

Guloseimas enchiam os olhos dos passantes. Cocadas, maçã do amor, quebra-queixo, milho-verde, algodão doce e pipoca, além da famosa Barraca do Ferreira que ocupava todo o lado superior da praça, defronte a gruta da matriz, com seu “churrasco de igreja” que encantava a todos marcando presença por mais de 50 anos.  

Após a dia da festa tinha liquidação nas barracas de ferragens e utensílios de cozinha. As pessoas passavam carregadas de panelas, bacias, serrotes...etc. Sem falar o sucesso dos óculos que a garotada comprava, mas somente usava bem depois da festa, pois ninguém gostava de admitir que os óculos eram de barraquinhas.

De trem ou de ônibus

O trem chegava as 10 horas com um comboio de mais de vinte vagões, com romeiros principalmente de Curitiba e Paranaguá. E retornava as 21h após a grande queima de fogos.

Sensacional era a gente criança, de bicicleta pela avenida Conde Matarazzo a contar o número de ônibus de excursão, que facilmente passava de uma centena deles.

Alvorada e retreta

A alvorada musicalizada pela Banda da Polícia Militar, as 5h da manhã anunciavam o grande dia

Festa...aos estrondos dos rojões soltados pelos estivadores no morro do Bom Brinquedo. A banda também acompanhava a procissão com milhares de fiéis romeiros e após realizava retreta no coreto da praça alegrando ainda mais o sensacional show pirotécnico, anunciando o encerramento das festividades.

Bingo, roleta e outras coisitas mais...

Como a festa não era somente religiosa, rolava grandes barracas de jogos: tiro ao alvo, roleta, argola e bingo. Sem contar o tradicional leilão da matriz com o pregoeiro Delfino Fontoura. Muitas vezes recebíamos visitas de parques de diversão, espetáculos da ‘Mulher Macaco” e da “Samira” a mulher decapitada cujo corpo reagia. Um show para adultos e a garotada.

Cartazes

Anterior ao advento da digitalização e da imagem virtual, tínhamos o cartaz como um dos grandes veículos de divulgação. Tive o privilégio em ser autor de algumas peças. Creio que produzi o primeiro cartaz formato A2 sobre a festa, por solicitação do prefeito Paulo Virgílio Savarin, lá por 1980. E elaborei o primeiro com o título de Festa de Agosto, como popularmente era conhecida, mas sempre em homenagem a padroeira dos católicos e da cidade.

Cartaz de 1978 

Cartaz ded 1980

Cartaz 1989 (?)

Cartaz 2005 autor Jose Humberto-foto Eduardo Nascimento

E a festa continua...

Entre altos e baixos as festividades a padroeira continuam sendo realizadas. Marco importante, quando planejada a luz da natureza da nossa Vila Antonina. Concebida, protegida e tombada, pode muito bem ser um belo produto e atrativo cultural religioso. Respeitando a história, a vivência comunitária e o direito a informação e formação cultural das nossas crianças e jovens.

Eduardo Nascimento 07 ago.2023



Um comentário:

  1. Um descritivo muito bem elaborado aos olhos do artista Eduardo Bó. Uma viagem ao tempo em que o tempo era outro, ante ao tempo dos celulares e tabletes. Outros tempos, mas torcendo para que muitos tenham tempo para curtir a festa que voltou!

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