MEMÓRIAS DAS FESTAS DE AGOSTO
A Festa da padroeira ao longo dos tempos, devido sua importância e grandiosidade para a cidade e região, passou a ser conhecida como “FESTA de AGOSTO” em louvor a padroeira Nossa Senhora do Pilar. Toda a cidade se preparava para a grande data, além da comunidade religiosa ligada a veneração da santa.
Preparativos...Casa pintada e roupa nova
Não somente a igreja matriz se preparava para a grande festa. A praça que outrora também foi Praça da Matriz, ganhava roupagem nova, seus canteiros floridos e seu chafariz iluminado jorrava água com abundância. Os moradores entusiasmados se esforçavam para pintar as fachadas de suas residências, pois sabiam que receberíamos milhares de visitantes durante as novenas e principalmente no dia quinze, o dia da festa.
A comunidade comprava roupa nova. As lojas de Madureira,
Feres e Cecym aumentavam seus estoques de calçados e roupas das mais diversas.
Benito e Domício, dois alfaiates não venciam as encomendas de novos ternos para
a garotada chique e aos senhores de bom gosto, para marcar presença na missa
festiva.
Comidas, brinquedos e as barraquinhas
Um dos termômetros da avaliação da festa era o número de barracas que se instalavam em torno da praça Coronel Macedo e adjacências. Os brinquedos faziam a festa da garotada, balão a gás, Chama Namoro e os famosos “Troço de cocô”, uma réplica meio malfeita de serragem e cola imitava uma bosta...e fazia sucesso devido o motivado grau de surpresa.
Guloseimas enchiam os olhos dos passantes. Cocadas, maçã do amor, quebra-queixo, milho-verde, algodão doce e pipoca, além da famosa Barraca do Ferreira que ocupava todo o lado superior da praça, defronte a gruta da matriz, com seu “churrasco de igreja” que encantava a todos marcando presença por mais de 50 anos.
Após a dia da festa tinha liquidação nas barracas de
ferragens e utensílios de cozinha. As pessoas passavam carregadas de panelas,
bacias, serrotes...etc. Sem falar o sucesso dos óculos que a garotada comprava,
mas somente usava bem depois da festa, pois ninguém gostava de admitir que os
óculos eram de barraquinhas.
De trem ou de ônibus
O trem chegava as 10 horas com um comboio de mais de
vinte vagões, com romeiros principalmente de Curitiba e Paranaguá. E retornava
as 21h após a grande queima de fogos.
Sensacional era a gente criança, de bicicleta pela avenida
Conde Matarazzo a contar o número de ônibus de excursão, que facilmente passava
de uma centena deles.
Alvorada e retreta
A alvorada musicalizada pela Banda da Polícia Militar, as
5h da manhã anunciavam o grande dia
Festa...aos estrondos dos rojões soltados pelos
estivadores no morro do Bom Brinquedo. A banda também acompanhava a procissão com
milhares de fiéis romeiros e após realizava retreta no coreto da praça alegrando
ainda mais o sensacional show pirotécnico, anunciando o encerramento das
festividades.
Bingo, roleta e outras coisitas mais...
Como a festa não era somente religiosa, rolava grandes
barracas de jogos: tiro ao alvo, roleta, argola e bingo. Sem contar o
tradicional leilão da matriz com o pregoeiro Delfino Fontoura. Muitas vezes recebíamos
visitas de parques de diversão, espetáculos da ‘Mulher Macaco” e da “Samira” a
mulher decapitada cujo corpo reagia. Um show para adultos e a garotada.
Cartazes
Anterior ao advento da digitalização e da imagem virtual,
tínhamos o cartaz como um dos grandes veículos de divulgação. Tive o privilégio
em ser autor de algumas peças. Creio que produzi o primeiro cartaz formato A2 sobre
a festa, por solicitação do prefeito Paulo Virgílio Savarin, lá por 1980. E
elaborei o primeiro com o título de Festa de Agosto, como popularmente era
conhecida, mas sempre em homenagem a padroeira dos católicos e da cidade.
Cartaz de 1978 |
Cartaz ded 1980 |
Cartaz 1989 (?) |
Cartaz 2005 autor Jose Humberto-foto Eduardo Nascimento |
E a festa continua...
Entre altos e baixos as festividades a padroeira
continuam sendo realizadas. Marco importante, quando planejada a luz da
natureza da nossa Vila Antonina. Concebida, protegida e tombada, pode muito bem
ser um belo produto e atrativo cultural religioso. Respeitando a história, a vivência
comunitária e o direito a informação e formação cultural das nossas crianças e
jovens.
Eduardo Nascimento 07 ago.2023
Um descritivo muito bem elaborado aos olhos do artista Eduardo Bó. Uma viagem ao tempo em que o tempo era outro, ante ao tempo dos celulares e tabletes. Outros tempos, mas torcendo para que muitos tenham tempo para curtir a festa que voltou!
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