Hoje nosso "paciente" é o amigo Jaime 'Argentino"...mais um no Divã do Jekiti.
Conta aí Jaime:
O CAIXÃO JÁ ESTÁ COMPRADO.
“O negócio foi o seguinte: eu trabalhava na fiscalização do
Estado em União da Vitória. Aí, em uma madrugada passou um caminhãozinho e o
motorista com um monte de notas fiscais de urnas funerárias. E meu pai já
estava com a saúde muito debilitada, e pensei em comprar antecipadamente um
caixão, assim evitaria ter que gastar uma fortuna na funerária em Antonina.
Assim, pedi o catálogo... escolhi o melhor caixão que tinha...O mais caro...e
falei para o rapaz: só compro se você me entregar em casa, porque não poderia
deixar no meu local de trabalho. Ele concordou, pois na semana seguinte teria
que entregar uma carga de caixões para o Chiquinho da Funerária, em Antonina.
Possou uns dias e aparece o caminhãozinho na porta de casa e
minha mulher pergunta: - O que é esse caminhão aí? E respondo – Um caixão de
defunto. – Eu não quero isso aqui...Aqui em casa não! Para não contrariar foi
colocado na garage da casa do vizinho.
O caixão ficou na casa ao lado uns três anos, mas aluguei
uma casa no centro da cidade e teria que entregar a casa do Matarazzo - onde eu
morava e tínhamos que nos mudar. Aluguei um caminhãozinho – agora um outro, e
enchemos de tudo que foi possível... móveis, barco... e lá estava o caixão.
Parte da mudança deveria ficar nos fundos da casa do meu
pai. Chegamos lá, começamos a descarregar, colocamos o caixão na rua, mas de
repente notei que na outra esquina vinha vindo meu pai com uma sacola de pães.
Pensei, ele irá perguntar de quem é esse caixão e eu não poderia responder. Falei para o Fiúza – meu ajudante, pega aquela
placa de compensado e coloca em cima do caixão...E nos sentamos, assim ele não
percebeu ao cruzar conosco.
Mas tínhamos que retirar o caixão da calçada e colocar nos
fundos da casa sem ele perceber. Cheguei para minha mãe e a convenci em
solicitar ao meu pai para ele comprar margarina no armazém - assim poderíamos colocar
o tal caixão em sua casa, sem ele perceber. E foi assim.
Levamos o caixão, cobrimos e escondemos no fundo do terreno.
Passaram uns cinco ou seis anos, e em um certo dia tivemos que mexer em uma
lancha e encontramos o tal caixão, que quando tocado se desmanchou em pó, pois
foi devorado por inteiro pelos cupins...ficamos apenas com os carregadores de
metais nas mãos. O velho pai permaneceu vivo e os cupins comeram o caixão...e
meu dinheiro, que não foi barato. He...he...he!”
Jaime Rivero “Argentino”
20 jul. 2023
Jaime Roveno narrando o causo...e o bloguista. Foto: Lauro Gouvea. |
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog.
Ahahah! Que história ótima! Dava um curta metragem dos bons! Uma das melhores essa.
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