quinta-feira, 20 de julho de 2023

O CAIXÃO JÁ ESTÁ COMPRADO...Mais uma do Divã do Jekiti.

 

Hoje nosso "paciente" é o amigo Jaime 'Argentino"...mais um no Divã do Jekiti.

Conta aí Jaime:

O CAIXÃO JÁ ESTÁ COMPRADO.

“O negócio foi o seguinte: eu trabalhava na fiscalização do Estado em União da Vitória. Aí, em uma madrugada passou um caminhãozinho e o motorista com um monte de notas fiscais de urnas funerárias. E meu pai já estava com a saúde muito debilitada, e pensei em comprar antecipadamente um caixão, assim evitaria ter que gastar uma fortuna na funerária em Antonina. Assim, pedi o catálogo... escolhi o melhor caixão que tinha...O mais caro...e falei para o rapaz: só compro se você me entregar em casa, porque não poderia deixar no meu local de trabalho. Ele concordou, pois na semana seguinte teria que entregar uma carga de caixões para o Chiquinho da Funerária, em Antonina.

Possou uns dias e aparece o caminhãozinho na porta de casa e minha mulher pergunta: - O que é esse caminhão aí? E respondo – Um caixão de defunto. – Eu não quero isso aqui...Aqui em casa não! Para não contrariar foi colocado na garage da casa do vizinho.

O caixão ficou na casa ao lado uns três anos, mas aluguei uma casa no centro da cidade e teria que entregar a casa do Matarazzo - onde eu morava e tínhamos que nos mudar. Aluguei um caminhãozinho – agora um outro, e enchemos de tudo que foi possível... móveis, barco... e lá estava o caixão.

Parte da mudança deveria ficar nos fundos da casa do meu pai. Chegamos lá, começamos a descarregar, colocamos o caixão na rua, mas de repente notei que na outra esquina vinha vindo meu pai com uma sacola de pães. Pensei, ele irá perguntar de quem é esse caixão e eu não poderia responder.  Falei para o Fiúza – meu ajudante, pega aquela placa de compensado e coloca em cima do caixão...E nos sentamos, assim ele não percebeu ao cruzar conosco.

Mas tínhamos que retirar o caixão da calçada e colocar nos fundos da casa sem ele perceber. Cheguei para minha mãe e a convenci em solicitar ao meu pai para ele comprar margarina no armazém - assim poderíamos colocar o tal caixão em sua casa, sem ele perceber. E foi assim.

Levamos o caixão, cobrimos e escondemos no fundo do terreno. Passaram uns cinco ou seis anos, e em um certo dia tivemos que mexer em uma lancha e encontramos o tal caixão, que quando tocado se desmanchou em pó, pois foi devorado por inteiro pelos cupins...ficamos apenas com os carregadores de metais nas mãos. O velho pai permaneceu vivo e os cupins comeram o caixão...e meu dinheiro, que não foi barato. He...he...he!”

Jaime Rivero “Argentino”

20 jul. 2023

Jaime Roveno narrando o causo...e o bloguista.
Foto: Lauro Gouvea.

O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. 

Em breve será publicado em livro físico. Aguarde!

Um comentário:

  1. Ahahah! Que história ótima! Dava um curta metragem dos bons! Uma das melhores essa.

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