segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Divã do Jekiti, Em Superagui...vou buscar a chave.

 


CAUSOS INÉDITOS

EM SUPERAGUI...VOU BUSCAR A CHAVE

 Nas décadas de oitenta e noventa, André Carraro foi meu amigo e companheiro de viagens de aventura pelo litoral. Em 1986 resolvemos visitar a Ilha de Superagui/Guaraqueçaba-PR.  Dininho, amigo nosso e de nossas famílias – gerenciava uma empresa na ilha, Capela Pastoril. Nos ofereceu uma casa para nos hospedar durante estada na ilha. Bom salientar, que desconhecíamos a relação dos moradores da comunidade com o empreendimento da tal Capela.

Nos preparamos para a tal aventura, pois na época não existia pousada ou qualquer tipo de atendimento aos visitantes. Levamos uma pequena barraca, alimentos e apetrechos para preparar a comida. Pegamos a lancha em Paranaguá e seguimos caminho.

 Chegamos em Superagui por volta do meio-dia, e nos foi dado um bilhete que deveria ser entregue para um morador da ilha – não lembro o nome, responsável pela manutenção e administração da casa que nos foi oferecida. Vou tratá-lo como João.

 Chegando lá, fomos ao encontro do João da Capela, que rapidamente foi encontrado, por se tratar de uma pequena comunidade de pescadores. Nos apresentamos como amigos do Dininho e entregamos o tal bilhete autorizando nossa hospedagem.

João, gentilmente nos cedeu um carrinho de mão para ajudar a carregar nossa bagagem e pediu para irmos caminhando pela praia que há uns três ou cinco quilômetros estaria nossa hospedagem. Ele seguiria de bicicleta por uma trilha até nos encontrar.

 Aportamos em tal casa e o João estava a nossa espera. Fomos comunicados que precisava se comunicar com o senhor Dininho para confirmar a autorização, mas que não havia conseguido tal comunicação via telefônica. Assim retornaria ao conseguir tal contato.

A casa era bem ampla e continha uma área na frente. Nem nenhuma pressa, nos organizamos naquele espaço externo e preparamos um “rango” rápido a espera da chave. João aparece pela segunda vez e nos comunica que ainda não conseguiu se comunicar e continuamos “acampados” na área da casa, mas agora preocupados com a situação.

 Após várias tentativas sem êxito de contato entre João e a base em Curitiba, continuávamos a esperar João com a chave da casa para nos hospedar e realmente aproveitar nosso passeio. Como em todas as tardes de verão, naquela não foi diferente e desabou um aguaceiro com muito trovão e raios. O ‘tempo fechou’ e nós apenas protegidos em uma área externa da casa. Mas, eis que surge envolto aquele temporal um vulto de bicicleta e capa amarela... Era o João. Ufa...parece que finalmente conseguiu autorização. Mas para nossa surpresa, ainda não tinha conseguido contato e decidiu que não nos acolheria.

Nesse momento, o André virá e questiona a posição do encarregado: Não vai abrir a casa? O senhor está desobedecendo uma ordem do gerente e estamos aqui desde meio-dia esperando pela hospedagem. Se isso não ocorrer agora, vamos falar com nosso amigo Dininho e o senhor poderá ser prejudicado. Isso é uma desobediência!

Perante aquela situação de impasse, o encarregado se viu em dificuldades resolveu mudar de posição:  – Está bom, vou abrir..., mas fica sobre responsabilidade de vocês.

 Ufa...então abra! Reforçamos. – Vou buscar a chave que está lá em casa! Bradou o encarregado, e seguiu de bicicleta pela quarta vez a distância entre a tal desejada casa e sua moradia.

 Bom salientar que a casa do encarregado era no povoado e a casa da Capela ficava a cinco quilômetros, percurso que ele já tinha feito umas quatro vezes. 

 O João retorna em menos de meia hora, isso abaixo de muita chuva e escuridão e finalmente abre a casa.  Liga o gerador de energia e mostra todos os cômodos, instalações e utensílios que poderíamos utilizar durante nossa estadia. Apenas salientou que não deveríamos adentrar em um aposento.

 Não entre

Acolhidos, a primeira coisa que desejávamos era tomar um banho de água doce. Caixa d’água abastecida, fizemos fogo em um fogão a lenha, pois a água do chuveiro era aquecida em uma serpentina do fogão. Difícil foi controlar a temperatura da água, mas o banho nos rejuvenesceu. Preparamos uma janta rápida, mas comemorativa, pois agora era planejar nossa estadia na ilha, passeios e conhecimento.

 Antes de recolhermos em nossos leitos, como todo jovem curioso e desafiador, resolvemos ultrapassar o limite atribuído, de não adentar em um aposento. Então, resolvemos ver o que continha naquela sala que nos foi negado o acesso. Porta sem chaveamento, adentramos e encontramos um equipamento de radiotransmissor, mapas, documentos e um armário embutido no qual continha algo que, por mais honestos que fossemos e sem vicio de bebidas, não tornar-se-ia despercebido: alguns litros de whisky Grant.

 Como tínhamos amizade intensa com o gerente Dininho, achamos que deveríamos burlar a bebida, principalmente o litro que estava aberto...e caso ele tivesse conhecimento, tudo não passaria de uma brincadeira.  Então saúde...e boa estada em Superagui.

 Retornando a Antonina, era tempo de carnaval e saímos fantasiados pela avenida, com um cantil cheio de Grants, e encontramos Dininho com sua esposa assistindo a festa. Oferecemos a bebida e falamos: É whisky! E ele não deixou por menos e deu um gole.

Passaram-se alguns dias, Dininho foi a farmácia e falou com o André que o encarregado da empresa, o João, o comunicou que tínhamos retirados um litro de whisky do quarto secreto da casa do Superagui. E André salientou: E aquele whisky que você tomou na avenida durante o carnaval, acha de quem era? Seu mesmo! E tudo virou uma grande chacota.

 

Este e mais de 50 causos fazem parte do livro
DIVÃ DO JEKITI - 
causos antoninenses

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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

DIVÃ DO JEKITI...o livro. Causos antoninenses. Lançamento


LANÇAMENTO DO LIVRO
DIVÃ DO JEKITI
causos antoninenses

Mais de 50 causos contados pelos frequentadores do local. 
Gravados, transcritos e editados por
Eduardo Nascimento.  
São 112 páginas com algumas imagens apenas ilustrativas.

“Não poderia ser diferente. Depois de passar pelo Blog do Eduardo, tudo virou mais um livro, que ao todo já são sete. Eduardo, homem de riso e lágrimas soltas, amigo do peito, artista visual, fotógrafo, um dos idealizadores do Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná em Antonina, professor aposentado dessa mesma instituição, apaixonado pela sua pequena urbe, é autor e organizador de mais este folhoso. Como ninguém, ele sabe tocar o ontem, criar permanência e fazer o amanhã. No registro dos trinta autores e mais de 50 causos, com certeza o leitor vai se divertir, compactuar, chocar, mas indiferente não ficará.”

Texto extraído da apresentação de Marília Diaz



 "A história de um lugar, se constrói com a oralidade de seus moradores."

Os livros poderão ser adquiridos on-line.
Solicite pelo whatSapp 41 99906-4081

...com certeza o leitor vai se divertir, compactuar, chocar, mas indiferente não ficará.