sábado, 20 de março de 2021

Antonina...Um pouco da história.

ANTONINA...Um pouco da história.

Texto original extraído do livro "Antonina Frag-men-tos" Edt.2020, de Eduardo Nascimento (1)

Como em quase todo território americano, nosso pequeno lugar também foi ocupado por seres humanos considerados “primitivos”. Sem nenhuma intenção em provar alguma teoria já pesquisada e publicada por diversos escritores locais, me contenho como simples organizador de dados, no intuito de facilitar o acesso a informação – pouco conhecida pela comunidade – sobre nosso desenvolvimento socioeconômico. Sua fundação, seus caminhos e descaminhos. 

Segundo nosso maior historiador, Ermelino de Leão¹, a existência de inúmeros sambaquis aqui localizados, nos remete a permanência de civilizações anteriores aos primeiros povoadores que aqui chegaram, entorno do início do século XVII.

Tambaquiba, era o nome dado ao “selvagem” que concorreu para a formação dos sambaquis – monte de conchas. “E são marcos da permanência de numerosa tribo selvagem, que aqui estacionava durante época da pesca.”, afirma Ermelino².

Encontram-se também, citações sobre a ocupação da região pelos índios da tribo Carijó. Conquistadores e ocupantes da fértil zona do nosso litoral - que aqui habitavam antes da chegada dos primeiros povoadores portugueses, em 1646. Que ao longo do período de ocupação, foram transformando-os em serviçais das fazendas e mineradoras:

“Coube, partilha feita pelos adventícios, a tribo Carijó o trecho da terra ao sul de Cananéia, e ao norte da Lagoa dos Patos; e certificando tal afirmativa, os livros de registro de batizados da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa (Antonina), relativos aos princípios do século dezoito, atestam que a maioria da população servil pertencia a essa tribo, já então escravizada.” ³


Os primeiros povoadores

Em 1646, a descoberta da enseada de Guarapirocaba, – considerado o primeiro nome dado a nossa região, é comunicada à Câmara de São Paulo, por Gabriel de Lara, Capitão-mor, Ouvidor e povoador da Villa Paranaguá, como importante acontecimento em terras de suas circunscrições:

“Em 27 de novembro, a descoberta da enseada de Guarapirocaba, por Antônio de Leão, Pedro Uzeda e Manoel Duarte, que aportaram em terras frente a ilha que foi denominada de Corisco, pelo Oeste até o esteirinho e ao chegarem prestaram o compromisso de ali se fixarem e formarem a povoação.”

Documento pesquisado, publicado e defendido pelo escritor Claus Luiz Berg ⁴, como a data do, então, descobrimento das nossas terras. Nossa primeira referência documental.

Ermelino de Leão, ⁵ considera Gabriel de Lara como o povoador de Antonina, quer como simples capitão-povoador e sesmeiro de Paranaguá (responsável pela doação das sesmarias de Antônio de Leão, Pedro Uzeda e Manoel Duarte), quer como governador da capitania. E o Sargento-Mor Manoel do Valle Porto, como o fundador da cidade.

 A Sesmaria da Graciosa

Em 1712, o então Capitão Manoel do Valle Porto chega à região e se estabelece em uma área no extremo da baía de Guarapirocaba (Antonina) e forma o Sítio da Graciosa. Português, natural da cidade de Valongo, era casado com Maria de Cacere, de nobre família fluminense.

“...Num dos recantos da baía de Guarapirocaba, a foz do Curitibahyba...Se observa uma encantadora ilha que recebeu o nome de Graciosa (hoje Corisco). Fronteiro a ilha, um bom trato...A paragem agradou ao mineiro Capitão Manoel do Valle Porto... E um ano após requereu carta de sesmaria...Concedida pelo provedor e Capitão-mor João Rodrigues França, da Vila de Paranaguá, em 12 de janeiro de 1713.”  Enaltece Ermelino de Leão⁶.

A capela e a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa

 O Sítio da Graciosa, de propriedade de Valle Porto torna-se prospero devido suas atividades voltadas a agricultura e a mineração, e é considerado o lugar mais importante da localidade denominada Guarapirocaba.

A história nos relata, que perto do Sítio da Graciosa, moravam duas irmãs religiosas, devotas da Virgem do Pilar e possuíam uma estampa da santa. O local passou a ser frequentado pelos moradores próximos, nas rezas dos terços. Valle Porto passou também a frequentar o local e imediatamente, se propõe a doar um terreno e construir uma capela em devoção a Nossa Senhora do Pilar. A 12 de setembro de 1714 foi autorizada a construção da capela, pelo bispo do Rio de Janeiro, D. Francisco de São Jerônimo.

A edificação da capela gerou um aumento considerado de fiéis (entorno de 50 casais) e tão logo, foi solicitado ao bispo do Rio de Janeiro, a elevação de capela á categoria de Curado do Pilar. A 02 de maio de 1719, é criada a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa. Primeira nomenclatura oficial eclesiástica. Em 1722 concluem-se as obras do corpo da igreja.

A 02 de janeiro de 1740, falece o Sargento-Mor Manoel do Valle Porto, considerado por Ermelino de Leão o fundador da cidade.

Matéria completa no livro "Antonina Frag-men-tos" de Eduardo Nascimento, ed.2020 - Interessados solicitar Whatsapp 41 99906-4081