ANTONINA...Um pouco da história.
Texto original extraído do livro "Antonina Frag-men-tos" Edt.2020, de Eduardo Nascimento (1)
Como em quase todo território americano, nosso pequeno
lugar também foi ocupado por seres humanos considerados “primitivos”. Sem
nenhuma intenção em provar alguma teoria já pesquisada e publicada por diversos
escritores locais, me contenho como simples organizador de dados, no intuito de
facilitar o acesso a informação – pouco conhecida pela comunidade – sobre nosso
desenvolvimento socioeconômico. Sua fundação, seus caminhos e descaminhos.
Segundo nosso maior historiador, Ermelino de Leão¹, a existência de inúmeros sambaquis aqui localizados, nos remete a permanência de civilizações anteriores aos primeiros povoadores que aqui chegaram, entorno do início do século XVII.
Tambaquiba, era o nome dado ao “selvagem” que
concorreu para a formação dos sambaquis – monte de conchas. “E são marcos da
permanência de numerosa tribo selvagem, que aqui estacionava durante época da
pesca.”, afirma Ermelino².
Encontram-se também, citações sobre a ocupação da
região pelos índios da tribo Carijó. Conquistadores e ocupantes da fértil zona
do nosso litoral - que aqui habitavam antes da chegada dos primeiros povoadores
portugueses, em 1646. Que ao longo do período de ocupação, foram transformando-os
em serviçais das fazendas e mineradoras:
“Coube, partilha feita pelos adventícios,
a tribo Carijó o trecho da terra ao sul de Cananéia, e ao norte da Lagoa dos
Patos; e certificando tal afirmativa, os livros de registro de batizados da
Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa (Antonina), relativos aos
princípios do século dezoito, atestam que a maioria da população servil
pertencia a essa tribo, já então escravizada.”
³
Os primeiros povoadores
Em 1646, a descoberta da enseada de
Guarapirocaba, – considerado o primeiro nome dado a nossa região, é comunicada
à Câmara de São Paulo, por Gabriel de Lara, Capitão-mor, Ouvidor e povoador da
Villa Paranaguá, como importante acontecimento em terras de suas
circunscrições:
“Em 27 de novembro, a descoberta da
enseada de Guarapirocaba, por Antônio de Leão, Pedro Uzeda e Manoel Duarte, que
aportaram em terras frente a ilha que foi denominada de Corisco, pelo Oeste até
o esteirinho e ao chegarem prestaram o compromisso de ali se fixarem e formarem
a povoação.”
Documento pesquisado, publicado e defendido pelo
escritor Claus Luiz Berg ⁴, como a data do, então, descobrimento das nossas
terras. Nossa primeira referência documental.
Ermelino de Leão, ⁵ considera Gabriel de Lara como o
povoador de Antonina, quer como simples capitão-povoador e sesmeiro de
Paranaguá (responsável pela doação das sesmarias de Antônio de Leão, Pedro
Uzeda e Manoel Duarte), quer como governador da capitania. E o Sargento-Mor
Manoel do Valle Porto, como o fundador da cidade.
Em 1712, o então Capitão Manoel do Valle Porto
chega à região e se estabelece em uma área no extremo da baía de Guarapirocaba
(Antonina) e forma o Sítio da Graciosa. Português, natural da cidade de
Valongo, era casado com Maria de Cacere, de nobre família fluminense.
“...Num dos recantos da baía de
Guarapirocaba, a foz do Curitibahyba...Se observa uma encantadora ilha que
recebeu o nome de Graciosa (hoje Corisco). Fronteiro a ilha, um bom trato...A
paragem agradou ao mineiro Capitão Manoel do Valle Porto... E um ano após
requereu carta de sesmaria...Concedida pelo provedor
e Capitão-mor João Rodrigues França, da Vila de Paranaguá, em 12 de janeiro
de 1713.” Enaltece
Ermelino de Leão⁶.
A capela e a Freguesia de Nossa Senhora do
Pilar da Graciosa
O Sítio da
Graciosa, de propriedade de Valle Porto torna-se prospero devido suas
atividades voltadas a agricultura e a mineração, e é considerado o lugar mais
importante da localidade denominada Guarapirocaba.
A história nos relata, que perto do Sítio da Graciosa,
moravam duas irmãs religiosas, devotas da Virgem do Pilar e possuíam uma
estampa da santa. O local passou a ser frequentado pelos moradores próximos,
nas rezas dos terços. Valle Porto passou também a frequentar o local e imediatamente,
se propõe a doar um terreno e construir uma capela em devoção a Nossa Senhora
do Pilar. A 12 de setembro de 1714 foi autorizada a construção da
capela, pelo
bispo do Rio de Janeiro, D. Francisco de São Jerônimo.
A edificação da capela gerou um aumento considerado de fiéis (entorno de
50 casais) e tão logo, foi solicitado ao bispo do Rio de Janeiro, a elevação de
capela á categoria de Curado do Pilar. A 02 de maio de 1719, é criada a
Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa. Primeira nomenclatura oficial
eclesiástica. Em 1722 concluem-se as obras do corpo da igreja.
A 02 de janeiro de 1740, falece o Sargento-Mor Manoel do Valle
Porto, considerado por Ermelino de Leão o fundador da cidade.
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