quinta-feira, 30 de abril de 2020

ANTONINA E A BICICLETA...ao Ivens Fontoura.


Imagem meramente ilustrativa.
ANTONINA E A BICICLETA

Nossa pequena cidade está entre as que mais usam a bicicleta como meio de transporte e laser, segundo consta no livro “O Brasil que pedada”. (1)
Dados interessantes foram levantados pelos pesquisadores, que servem para um possível planejamento futuro, tais como:
a)      97% das bicicletas são do tipo comum;
b)      70% são utilizadas por homem;
c)      67% usam as bicicletas todos os dias;
d)     25% dos usuários então na faixa etária entre 10 a 19 anos;
e)      23% no caso a maioria, usa entre 10 a 14 minutos diários;
f)       27% usam a bicicleta porque acham que é mais saudável e prático.

Dificilmente você vai encontrar na cidade, uma casa onde não tenha ao menos uma bicicleta. A “magrela” como é chamada pelos mais jovens, está sempre no canto a espera de alguém. Serve para encurtar o tempo, nas pequenas tarefas do cotidiano e para ir ao trabalho.
Revendo um pouco nossa história, lembro quando ainda funcionavam as Indústrias Matarazzo, isso nas décadas de 60-70, onde a grande maioria dos funcionários usava a bicicleta como veículo de transporte. Também era o veículo dos estudantes que cursavam o Ginásio Moysés Lupion, pois a distância teria que ser vencida diariamente, principalmente para os alunos que moravam no centro e nos bairros mais distantes.
Em dia de festa comemorativa ao aniversário da cidade, trabalhadores e estudantes enfeitavam suas bicicletas com papel crepom, e desfilavam pelas ruas cidade. Era uma glória!
Atualmente a bicicleta continua fazendo parte da nossa paisagem e do modal de transporte, apesar de termos poucas ou quase nada de ciclovias, nenhuma demarcada e sinalizada. Novos adeptos ao ciclismo - os esportistas e performáticos, constituem uma clientela crescente. Creio que a atividade devera ainda mais crescer - em todo o planeta, após a pandemia do novo covid-19. Veículo único, pessoal, ágil, econômico e saudável.

Mas ainda temos muito o que fazer. A circulação de ciclistas nas vias que levam aos terminais portuários é extremamente perigosa. Não há ciclovia e o mais grave é que boa parte dos ocupantes, trefega na contra mão, entre ônibus, carros e pesados caminhões. Receita certa para graves acidentes.
Se faz necessárias ações emergenciais, por parte da prefeitura, que possibilitem mais segurança aos nossos ciclistas e a todos que fazem da bicicleta o seu meio de transporte, lazer ou simples paixão em se equilibrar em duas rodas.

Minha relação com a bicicleta
Como bom antoninense, desde criança...é claro. Minha primeira bicicleta ganhei, creio entre 8 e 10 anos. Mas foi uma odisseia.
Meu tio-avô Bráulio – mantenedor da família, resolveu me presentear no Natal com uma bicicleta. Mas na época não havia loja na cidade para tal compra. Lá foi ele a Morretes comprar o tal presente. Na minha cabeça de criança, uma bicicleta tinha que ser pequena e com as duas “rodinhas” laterais, que facilitariam minha aprendizagem.
No dia marcado à chegada da encomenda – a bicicleta veio de trem Morretes-Antonina, comprada nas Lojas 3B – ouvi alguém bater à porta de casa e a voz de meu tio: - Chegou tua bicicleta!  Um detalhe...A entrega era feita de carroça a cavalo pelo seu Brites.
Quando vi a bicicleta me pus a chorar, pois a encomenda era muito grande e eu queria uma “bicicletinha” que tivesse rodinha. E além do mais era pra menina.  E meu tio argumentou: - Comprei uma bicicleta maior, pois no futuro você irá pro Ginásio e poderá aproveitá-la.
Minha primeira bicicleta. 1959.
Com toda dedicação que o velho Bó sempre me proporcionou, fez artesanalmente duas rodas de madeira, e adaptou a bicicleta. Assim foi que aprendi a andar.

Bicicleta e fotografia
Encontrei a fotografia pelos idos de 1975, quando ainda aluno da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Meu primeiro equipamento obtive como prêmio de um concurso de imagens “Aspectos do Paraná”, promovido pelo MIS-PR. De lá pra cá, fui trocando a paleta de tinta pela Reflex Minolta 135mm. Sempre fotografei os objetos e paisagens de Antonina., e uma das fotos curiosas foi registrada em um canto do antigo Porto Barão de Teffé, onde estava parada uma bicicleta, junto a um letreiro: “É proibido colocar bicicreta!”
 
Foto feita no Porto de Antonina. 1980.
Mas, foi somente em 2008, que resolvi escolher a bicicleta como um dos meus objetos favoritos. Isso, sem nenhum esnobe, junto ao Lago de Como, na Italia, durante um breve período solitário, na espera de um barco para fazer a travessia até Torno, localidade onde meu filho morava. De lá pra cá, onde pude estar registrei a presença da bicicleta.
Fiz centenas de imagens casuais, que me proporcionou uma exposição no MAC-PR em 2017, comemorativa aos 40 anos de “treinamentos” ...Mostra fotográfica “Bicicleta”.

Assim escreveu Dulce Osinski:

“Muitos dos momentos captados pelas lentes sensíveis de Eduardo, Edu ou simplesmente Bó, como seus conterrâneos e amigos o chamam, tiveram lugar em Antonina, onde bicicletas não costumam fazer uso de correntes ou cadeados. Integradas ao ambiente, circulam livremente e podem ser encontradas tranquilamente estacionadas nas entradas das casas, nas portas das vendas, das farmácias ou escolas, à espera de seus parceiros de viagem.
Outros momentos, outros lugares, e mais imagens foram sendo adicionadas a essa coleção instigante e única, da qual vemos aqui apenas um pequeno fragmento. A partir das centenas de bicicletas observadas em 2008 no Lago de Como, Itália, citadas pelo artista como gatilho motivador da presente proposta, bicicletas e seus usuários têm sido eternizados em lugares por vezes tão perto, como a Ilha do Mel ou a Lapa, e por vezes mais distantes, como São Luiz e Barreirinha, no Maranhão, Gramado, no Rio Grande do Sul ou Manaus, no Amazonas.
Punta del Este, Santiago, Lima, Cusco, Havana, Lisboa, Milão, Roma, Florença, Paris e tantas outras cidades espalhadas pelo mundo também interessaram o olhar de Eduardo Nascimento com suas bicicletas amarradas em postes, encostadas nas árvores, equilibradas nos meios fios.” (2)

Expo "Bicicleta"
Sala de Exposição do MAC-PR. 2017
A exposição também se fez presente em Joinville/SC no Instituto Internacional Juarez Machado, em agosto de 2018. E a bicicleta continua sendo um dos meus objetos preferidos. Quase sempre estou registrando uma imagem de uma “bike” parada em alguns lugar.

Vagalumes
Tenho um bicicleta que comprei na extinta Casas Pernambucanas, nos idos dos anos oitenta. A Caloi Barra Forte, continua impecável e companheira de belas pedaladas.
Ano passado, com amigos resolvemos transformar as noites das segundas-feiras em Passeio de Bicicleta. Inicialmente traçamos um roteiro central, sem muito comprometimento aos usuários, pois iriamos contar com “jovens” com mais de sessenta anos.
As saídas sempre acontecem das escadarias da Igreja de São Benedito e na maioria das vezes, o roteiro é traçado pelos presentes, minutos antes da saída.
É realmente apenas um passeio, que nos exercita, sociabiliza as pessoas e nos diverte muito. Na média estamos pedalando 10km, com paradas para descanso, água e muito bate-papo, com duração de 1h30min. Esses são Os Vagalumes.
Os passeios estão suspensos, devido a pandemia do covid-19. Mas logo voltaremos, e mais fortes.

Passeio dos Vagalumes. Ponta da Pita-maio 2019.

P.S. Neste exato momento, acabo de receber a triste notícia do falecimento do amigo e professor IVENS FONTOURA. Quem esteve na abertura da minha exposição no MAC em 2017, o Ivens entrou e bicicleta na sala e me entregou uma orquídea. Que tem toda uma outra história...
Aqui presto uma singela homenagem. Fique em paz...
Mestre e amigo Ivens Fontoura. Eterna gratidão!


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      (1) Soares, André e Guth, Daniel (organizadores) “O Brasil que pedala. A cultura da bicicleta nas cidades pequenas”. Pesquisa elaborada por José Assunção Belotto, Silvana Nakamori e David Pinheiro Lima Couto.Edt Jaguatirica, RJ,2018
      (2)Texto apresentação exposição “Bicicleta” Museu de Arte Contemporânea do Paraná, 2017.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

O BRASIL QUE PEDALA...BAIXE GRÁTIS!

Imagem Capa do livro

O Brasil que Pedala – A cultura da bicicleta nas cidades pequenas

Lançado ano passado, o livro organizado por André Soares e Daniel Guth, divulga e questiona a vida nas cidades onde mais se pedala no Brasil, seus hábitos e perfis dos seus ciclistas.
Nossa cidade de Antonina, foi uma das escolhidas e junto com tantas outras, tais como Afuá/PA, Tarauacá/Ac, Cárceres/MT, Gurupi/TO, Pomerode/SC, Pedro Leopoldo/MG, Ilha Solteira/SP, Tamandaré/PE, São Fidélis/RJ e Mambaí/GO, faz da bicicleta seu importante meio de transporte.

O capítulo sobre Antonina é de responsabilidade dos pesquisadores José Carlos Assunção Belotto, Silvana Nakamori e David Pinheiro Lima Couto.

Você sabia que em Antonina, 48% da população usa a bicicleta como meio de transporte?
Que 67% dos ciclistas usam a bicicleta sete dias por semana?
Que 97% das bikes são comuns?
Que a maioria, 23% usa a bicicleta apenas 15 minutos diário.
E saiba muito mais.

terça-feira, 14 de abril de 2020

E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS?


Com o surgimento da pandemia de Covid-19 no país, pode mudar tudo no panorama das eleições municipais de 2020. A disputa marcada para outubro, com pouca perspectiva de realização, surgem várias opções e situações, caso não seja possível a população ir às urnas neste ano.
Entre as alternativas estão em postergar as eleições até dezembro, unificá-las com as de 2022 ou realizá-la no início do próximo ano, mas sem prorrogação de mandato dos atuais prefeitos e vereadores.

O Jurista e ex-ministro do TSE, Henrique Neves afirmou que: "Temos somente duas opções. A melhor é que esteja tudo normal em outubro. A pior é termos que aprender a viver dentro da normalidade, descobrir como praticar os atos do calendário eleitoral nessas novas condições". As alterações poderão ser feitas somente com aprovação do Legislativo, matéria já protocolada que deverá ser debatida em meados de maio e junho, informa o Correio Brasiliense.

Enquanto isso, os atuais prefeitos, candidatos à reeleição se preocupam, pois poderão ser beneficiados ou prejudicados pela situação, principalmente caso os recursos de R$2 bilhões, previstos no Orçamento para a campanha, sejam desviados para o combate ao Covid-19.

Outra preocupação, agora dos candidatos da oposição, é que as etapas importantes pré-eleitoral, como convenções, previstas para julho e agosto, concorrem com uma fase aguda da doença, e ações sociais necessárias poderão ser interpretadas e usada de má fé, como manobras eleitorais pelos atuais prefeitos-candidatos.
As decisões estão sendo discutidas entre políticos e juristas, com argumentação, quase que insustentável de prorrogação de mandato. Cheira golpe.

Em Antonina
Como estamos no mesmo barco, de uma lado as eleições e de outro o covid-19. Não temos como dar uma da avestruz, e botar a cabeça no buraco, até as coisas passarem.
O atual prefeito candidato Zé Paulo, continua com seu projeto de reeleição, agora aparece com máscara, nas lives diárias. Nada de errado, está em campanha e tudo é permitido.
Outros prováveis, a que mais vem se destacando – ao menos em campanha “zem”- é a atual vice Valeria Fernandes, filiada ao Patriota. A Mônica, eterna candidata, não tem dado o ar da graça. Deve estar em período de judicialização, na tentativa de cancelar a reprovação de suas contas, junto a Câmara dos Vereadores.

Em época normal de muito agito, conversas e negociatas, por parte dos pretendentes candidatos, a cidade cala, amedrontada pela invisível pandemia do covid-19.
Mas não podemos esquecer, que 2020 é ano de eleições...E nos bastidores tem gente muito esperta “ganhando” benesses com o nosso sacrifício.
Fique em casa, que a hora de votar chega. E você vai saber!
Tenho dito.

BARATA NA MEIA...mais uma história do Divã do Jekiti

Em tempo de isolamento social, devido ao COVID19, os
contadores de histórias e frequentadores do Jekiti, atenderam o
apelo do blog...E estão enviando matéria.
Agora é a vez do amigo Osvaldo Lopes, mais conhecido
como Osvaldinho. Conta aí:

BARATA NA MEIA

O causo aconteceu entre eu e Paquecho.
Naquela época ele tinha muito dinheiro, mas era pão-duro...Que só. Saíamos sempre, íamos a bares e restaurantes e eu também pagava– tinha dinheiro porque trabalhava - ele sempre com um talão de cheques, e usava o tal cheque como desculpa pra não pagar.
Então, resolvemos ir almoçar em um restaurante - não vou falar o nome do estabelecimento pra não melindrar. Entramos no restaurante e ele prontamente:
- Deixe que eu pago, agora é a minha vez. Pensei comigo...Opa, finalmente!
E veio camarão, casquinha de siri, ostra e cerveja. Queria tomar vinho...E até mentiu dizendo que era aniversário dele....E veio champanhe e tudo que tínhamos direito.
A surpresa foi quando ele me olhou e me disse:  - Osvaldo estou duro!
Pensei comigo, meus deus o que eu vou fazer agora. E ele me responde:
- Não se preocupe! - Como não... Retruquei. E esta despesa como vai ficar?
Novamente me responde: Não se preocupe!
Num ato inesperado tira da meias uma barata e jogou na comida, no camarão ensopado – se não me engano. Chamou o garçom e fez um esporro no restaurante - ele por natureza já era escandaloso, imagine achando uma barata na comida. Daí apareceu o garçom e para amenizar a situação, disse que não precisava pagar a despesa…Mas precisavam pagar a bebida. A situação piorou, trepou na mesa e falou: - Nem a bebida vou pagar, acho um absurdo!  - Então tá bom, disse o garçom. Peguem a bebida e vão embora! Ou seja, fomos tocados do restaurante.
Moral da história: Comemos e enchemos a cara de bebida e não pagamos nada, graças as proesas do Paquecho.

Osvaldo Lopes
10/04/2020

Osvaldinho....O contador de histórias.


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Se você tem uma história ou causo da nossa cidade, envie que eu publico.
Assim vamos construindo nosso repertório popular.
www.eduardobo1951@gmail.com



sexta-feira, 10 de abril de 2020

Sábado de Aleluia...Dia de MALHAÇÃO DE JUDAS

Malhação de Judas no bairro do Batel, em 1975.
Arquivo do Blog.
MALHAÇÃO DE JUDAS

Como parte do calendário cristã, o sábado que antecede a páscoa é o Sábado de Aleluia.
Data tão esperada como a páscoa pela criançada da minha época. Pois, na sexta-feira preparávamos os bonecos que seriam queimados e malhados pelas ruas da cidade. Era o dia da Malhação de Judas.

Um pouco da história
Nos contam que o costumo veio da Europa, trazido pelos portugueses e espanhóis, cuja brincadeira retrata a figura de Judas Iscariotes, como símbolo de traição. Consiste em surrar um boneco do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos ou jornal, pelas ruas de um bairro e atear fogo a ele, normalmente ao meio-dia.
É também realizada em diversos outros países, sempre no Sábado de Aleluia, simbolizando a morte de Iscariotes.
No Brasil, após sua democratização, a figura de Judas foi substituída pelos políticos - considerados por grande parte da sociedade, como traidores. Eram colocados nomes nos bonecos e até imagens de camisetas, até então, peça de propaganda político-eleitoral permitida.

Malhação de Judas (Debret, Jean-Baptiste, 1768-1848.
Voyage pittoresque et historique au Brésil. 
Tome troisième. p. 34).
Malhação de Judas Em Antonina
A criançada toda se preparava para o grande dia da malhação. Tinha boneco espalhado em todos os bairros da cidade. E cada morador esperava o badalar dos sinos da matriz, no meio-dia. Era Judas no Batel, no Portinho, no Matarazzo...Etc.
No centro da cidade o mais tradicional, era o boneco construído pelas Irmãs Mattar, as Jabuas, proprietárias de loja na Rua XV.
A garotada se preparava com um pedaço de pau, um porrete, e ia toda para frente da loja, onde estava pendurado o tal boneco, que seria tocado fogo e totalmente mutilado.
Dado a largada, saíamos pelas ruas da cidade malhando o boneco, na maior brincadeira. A preocupação maior era não receber uma paulada dos amigos e não se queimar com o fogaréu. Feita a catarse, voltávamos para casa, à espera dos chocolates que seriam ganhos no domingo.

Malhação de Judas 1975
No Sábado de Aleluia de 1975, soube que iria acontecer uma malhação em frente ao Clube Primavera, no Batel. Já adulto, substitui o porrete por uma máquina fotográfica, e consegui registrar algumas imagens. Nos anos noventa, apareceu um boneco no Jekiti, representando o prefeito da época. Não deu outra, no badalar do sino de meio-dia, a garotada destruiu o boneco em poucos segundos.

O costume está desaparecendo com o advento da informática e das conexões as redes sociais, assim como todas as outras brincadeiras de rua. Atualmente, a terminologia não é bem aceita por parte da sociedade, pois poderá remeter ao sentimento de ódio e preconceito.

Em tempo de COVID19
Se o costume de malhar judas já está desaparecendo, agora então em período de isolamento social é que ninguém ira sair às ruas para este tipo de brincadeira. Podemos até fazer uma malhação virtual. Aliás, isso é o que mais se faz nas redes sociais e emissoras de televisão. Pois cada um tem o Judas que merece. Então malhe!
Mas a brincadeira do meu tempo de criança era bem melhor.
Acredite!

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Foto: Malhação de Judas (Debret, Jean-Baptiste, 1768-1848. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Tome troisième. p. 34).
Thierry Frères - https://www.flickr.com/photos/acervoafrobrasileiro/35006051114/in/dateposted-public/
Debret, Jean-Baptiste, 1768-1848. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Tome troisième. p. 34

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Apenas 30%...mais uma no Divã do Jekiti


Em tempo de isolamento social, devido ao COVID19, os 
contadores de histórias e frequentadores do Jekiti, atenderam o 
apelo do blog...E estão enviando matéria.
Agora é a vez do amigo Pedro Santos, mais conhecido 
como Pedro Perereca. Conta aí Pedro:

Apenas 30%

Polaco barbeiro e Azonil(Capitão) formavam a dupla de ataque mais infernal nas redondezas vintenoveana, meados dos anos 70.
Certa noite, na cancha de pelada do 29, eu tive o prazer de presenciar essa cena, pena, na época, não dispor de um celularzinho:
Polaco domina no meio campo e toca para Capitão, que vai até a linha de fundo e devolve para Polaco, este domina, vê o goleiro Serenata atento para fazer a defesa...
Polaco para, como vê que o goleiro não era "daqueles" os quais era acostumado a enfrenta-los, como Bino, Raul Plassmann, Madeia, Catita etc.... Dá uma esfregada no joelho e reduz a potência do seu chute para apenas 30% e solta o petarrrrdo. Serenata vai de mãos abertas e com a violência do chute, abre uma das mãos. Sangrando, caído e a "bola pingando na risca"... Capitão chama Polaco para socorrer Serenata e levá-lo ao hospital, Polaco corre até Serenata, concorda com Capitão e diz: Tudo bem Capitão, vamos leva-lo mas... primeiro vamos colocar a bola prá dentro. Gor!!!


Pedro Perereca...em isolamento
( nota-se pelo semblante) escreveu e nos enviou.
Valeu ! Logo passa.

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quarta-feira, 8 de abril de 2020

"MINHA CASA"

Fachada alterada em 1975.

Em um minúsculo recorte deste planeta, com apenas 132m² de área e 71m² construída, vivo com minha família na cidade de Antonina. 
A casa, que pertenceu a minha avó, Mariquinha, onde viveu mais de setenta anos, junto com meus bisavós, Henrique Correa de Bittencourt e Luiza Maria de Bitencourt. Onde nasci em 1951 e também minha mãe Cirene Correa de Bittencourt em 1933. Faz parte da história da família e em particular, da minha história.

Apesar de ter saído de Antonina, em busca de emprego e formação, em 1971, minha avó Mariquinha solitariamente continuou morando na casa.
Desgastada pelo tempo, sequer tinha compartimentos mínimas adequadas para uma confortável convivência. Paredes desgastadas, telhado ainda original com madeiramento comprometido, telhas goivas quebradas...goteiras, portas e janelas corroídas pelos cupins.

História
Verificando os alfarrábios da família – meu tio Bráulio era muito atencioso a estes préstimos, encontrei uma escritura de venda – que deva ser a primeira, datada de 1889. Cujos proprietários herdeiros Francisco da Costa, Belizário Martins Teixeira e Antônio José Versão vendem a Jacintho Maurício de Oliveira Filho. Nota-se que o imóvel e a casa foram repartidos em duas partes.

“Primeiro translado. Escriptura de venda de duas partes de casa térrea sita a rua travessa de São Benedito, desta cidade, que fazem Belizário Martins Teixeira e Antonio José Versão, como abaixo se declara...” (1)

Copia de parte de uma das Escrituras
de venda. 1889.
No ano seguinte, em 1890, Rita Maria da Costa, viúva herdeira de Francisco da Costa vende uma parte a Jacintho Maurício de Oliveira. Em 1914, é novamente vendida, agora para Antonio Soares Gomes.

“Primeiro translado. Escriptura de venda de uma casa térrea sita a rua Travessa de São Benedicto, desta cidade, que fazem Jacinto Maurício de Oliveira e sua mulher a Antonio Soares Gomes como abaixo se declara...” (2)

No mesmo ano, a 03 de fevereiro de 1914 é adquirida por Henrique Correa Bittencourt, meu bisavô, que a encontra em estado de ruínas, e se obriga a reconstruir partes para que pudesse conviver em condições com a família. Nota-se também a mudança na nomenclatura da rua, de travessa de São Benedito para rua Jaime Reis, hoje Ermelino de Leão.

“ Primeiro translado. Escriptura de venda de uma pequena casa em ruínas sita a rua Jaime Reis, 07, nesta cidade que fazem Antonio Soares Gomes e sua mulher a Henrique Correa de Bittencourt como abaixo se declara.” (3)

Copias Recibos dos Impostos Municipais
Pagto imposto municipal


Analisando a documentação que comprova sua primeira escritura de venda, datada de 1889, nos faz crer que sua construção teve início na segunda metade do século XIX, entorno de 1850/1870. Suas paredes originais, os materiais usados – pedras irregulares, liga de argila e calcário de ostra moída, com amarras de cipós - e seu sistema de construção, nos remete àquela época.

Fachada da casa no conjunto da rua. 1975.
A reforma
Em 1983, foi realizada uma reforma, graças ao apoio de amigos arquitetos, onde se tentou preservar suas características. Manteve-se as duas águas no telhado e o máximo de aproveitamento das telhas goivas, originais. A fachada e a parede lateral foram preservadas. Substituiu-se as paredes internas de madeira, assim como o assoalho, por alvenaria e nova disposição dos compartimentos, conforme as necessidade da época.

Fachada atual.
A casa hoje
A partir de 2005, com a conquista da minha aposentadoria, voltei a residir em Antonina, e claro, na mesma casa que nasci, em 1951. Com o tombamento da cidade pelo Iphan, em 2012, passou a fazer parte ao Setor Histórico da cidade. Sendo vedado qualquer tipo de interferência, sem prévia autorização do órgão responsável. Em 05 de abril de 1989, bem antes do tombamento pelo Iphan, recebi declaração de Bem de Interesse de Preservação, junto a Coordenadoria do Patrimônio Cultural do Paraná, ficha n 114, grau de proteção 2.


Detalhe do telhado, apos reforma.
Fachada atual no conjunto da rua.
“Minha casa” continua viva, preservada, e com alma. Pois, acredito que são as pessoas que constroem a aura dos objetos, principalmente os residenciais. Creio que temos, um dos únicos, ou o único telhado com telhas goivas originais, as folclóricas “feitas nas coxas” na cidade.
Algumas coisas mudaram. O nome da rua, de Travessa de São Benedito, para Rua Jaime Reis...à Rua Ermelino de Leão, 59.  Mas muito permanece...A ressonância da história, a presença da fachada colorida, da janela de madeira quadrada, com cortina de crochê. A arandela na fachada. A placa original com o número sete - hj é 59. As paredes de pedra da fachada e do entorno da casa, situada no caminho de paralelepípedos que dá a Igreja de São Benedito. E a atmosfera nostálgica do passado...Presente!

Eduardo Nascimento
08/04/2020

Em tempo de isolamento COVID19.
Vamos sair dessa!

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  (1),(2),(3), Escritura pública original.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Prefeito de Antonina decreta reabertura do comércio e MP pede explicações

Imagem meramente ilustrativa. Do blog.

Prefeito de Antonina decreta reabertura do comércio

JB Litoral por Cleverson Teixeira 07/04/2020 15:38

O prefeito de Antonina, José Paulo Vieira Azim (PSD), autorizou, na segunda-feira, 6, por meio do Decreto 89/2020, a reabertura do comércio na cidade. Os estabelecimentos considerados não essenciais, como, lojas de roupas, calçados, cosméticos e perfumarias, estavam fechados desde março, por conta das medidas de prevenção contra o novo coronavírus.

A Prefeitura Municipal e fiscais da Vigilância Sanitária realizaram uma avaliação nas empresas e concluíram que a continuidade das atividades comerciais não acarretará prejuízo aos moradores e comerciantes, desde que respeitem as medidas preventivas.

De acordo com Azim, por conta do agravamento da situação econômica e da possibilidade de gerar desemprego, houve a necessidade de tomar essa decisão, para que não causasse um desequilíbrio no comércio local. “É por isso que estamos editando esse decreto, que permite a atividade dos estabelecimentos, desde que haja uma restrita observância às normas sanitárias, ou seja, o comércio abre, mas sob determinadas condições, com exigências muito rígidas para poder atender a família antoninense”, disse.



MPPR pede que prefeito de Antonina mostre base técnica para reabertura do comércio
por Luiza Rampelotti 07/04/2020 19:07

Após o prefeito de Antonina, José Paulo Vieira Azim (PSD), o Zé Paulo, anunciar a reabertura do comércio em geral na cidade, na tarde de segunda-feira (06), o Ministério Público do Paraná (MPPR) enviou ao Chefe do Executivo o Ofício nº 358/2020, requisitando o parecer técnico que embasou a decisão.

A Promotora de Justiça Cibelle Maria Scopel solicita, ainda, uma justificativa técnica e científica sobre os impactos de risco de propagação do novo coronavírus (Covid-19) que a abertura do comércio em geral, na forma prevista pelo Decreto nº 89/90, acarreta à saúde da população. Ela também pede o parecer técnico da análise do plano de contingência e flexibilização das atividades do comércio que fundamentou, de forma técnica e científica, a decisão do prefeito.

O prazo para a entrega dos documentos é de 24 horas a contar do recebimento do ofício, que foi enviado a Zé Paulo, ao secretário municipal de Saúde, Odileno Garcia Toledo, e ao Diretor da Vigilância Sanitária da cidade, Carlos Eduardo de Abreu Calixto.

Desde o início de abril, o MPPR, por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública, tem enviado circulares aos promotores de Justiça, dos mais diversos municípios, lembrando que qualquer decisão a respeito da diminuição das restrições impostas pelo isolamento social deve estar necessariamente fundada em evidências científicas. O órgão explica que a previsão está na Lei Federal 13.979/20, que dispõe sobre as medidas de enfrentamento à pandemia.





sexta-feira, 3 de abril de 2020

ERASMINHO E A BARONESA...Divã do Jekiti.


Em tempo de COVID19, nosso espaço de convivência social, 
o JEKITI também fechou. E os causos que diariamente ouvíamos...
silenciaram. Mas, com a tecnologia, convocamos os assíduos frequentadores a mandarem suas histórias on-line. E aqui vai a primeira do meu amigo 
Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca:

Erasminho e a baronesa.

Anos atrás, na festa de agosto, Erasminho, Maneco e eu conversávamos em frente ao Jekiti. De repente, Neiva e Ieda aproximam-se, nos cumprimentam e logo se inicia uma conversa trivial. Para os amigos que não as conhecem, ambas são irmãs: Neiva vive em Antonina e Ieda, há anos, saiu da nossa cidade e hoje mora em outra localidade do litoral paranaense. Ieda, também conhecida como “baronesa”, foi uma senhora atuante na sociedade antoninense: responsável por eventos sociais e culturais e foi a primeira empresária a divulgar nosso barreado, quando era proprietária de um restaurante nas imediações do Clube Náutico de Antonina. Ieda é mãe dos amigos Michel (miska) e Sandro “baronesa”, os quais não moram mais em Antonina.

Enfim, o papo seguia normalmente, girando em torno de lembranças do passado e curiosidades, como parentes e amigos que há anos a gente não via. A certa altura, quase na despedida das duas irmãs, Erasminho é aguçado por uma curiosidade:

- Me digam uma coisa... Ieda, por onde anda?

Num misto de súbita curiosidade e espanto, todos voltaram-se para Erasminho, que se limitou a gestos e olhares débeis e interrogativos.

Eu não aguentei e ri muito. Maneco, sem a paciência devida, ralhou com o irmão:

- Porra! não está vendo que Ieda está na tua frente?

Depois de amenizado o constrangimento, a referida senhora não se fez de rogada e entrou com um deboche:

- Muito prazer, Erasminho - disse ela, esticando as mãos - Ieda, sua criada.

Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca...
Arquivo do Jekiti Cultural.

Nota do Edt do Blog: 
o “Divã do Jekiti” é um espaço no blog, destinado as histórias e 
causos do nosso cotidiano, narrado em nossos encontros diários no Jekiti Bar. Em época de isolamento, mande sua história por e-mail: eduardobo1951@gmail.com, ou por Wathsapp 99906-4081. 
Terei o prazer em publicar.
Agora vamos ficar em casa...Pra gente se encontrar mais tarde!

quinta-feira, 2 de abril de 2020

ESCOLA Dr. BRASÍLIO MACHADO... Um recorte da história.

Imagens de arquivo. Em torno de 1930.

Nossa mais antiga escola pública, hoje denominada de Centro Estadual de Educação Profissional Doutor Brasílio Machado, com seus mais de 130 anos de existência, passou por diversas transformações físicas e funcionais, até chegar a atual instituição voltada ao ensino técnico profissionalizante.

A fundação
Devida à necessidade de atendimento a comunidade em idade escolar, um grupo de jovens professores fundaram a Casa Escolar Dr. Brasílio Machado de Oliveira, em 15 de agosto de 1885.
“Consta em seus registros como seus primeiros mestres os senhores Manoel da Costa e Jocelim Pereira. Seguidos dos demais professores: Trajano Sigwalt, Francisco Tavares da Rosa, Manoel Cordeiro, Gratuliano Aplônio Freitas, Modesto Bittencourt, Dr. Justino de Mello, Libânio de Souza, Arthur F. Loyola, Sebastião do Nascimento, Maria Júlia Gomes da Costa, Maria Arminda, Juvenal dos Santos, Verríssimo Pereira e Leôncio Shtorache”.(1)

O patrono
Basílio Augusto Machado de Oliveira, paulista de nascimento (São Paulo, 04 de setembro de 1848), Advogado e Professor de formação e carreira. Amigo e colega de Faculdade do poeta Castro Alves e outras personalidades entre elas, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e Afonso Pena. Pessoa da mais alta reputação dedicada ao magistério, e à advocacia. Em 1873 é nomeado promotor de Justiça na cidade de Piracicaba e exerceu a Presidência da Província do Paraná, nomeado pela Carta Imperial de 29 de Julho de 1884, por apenas um ano (1884/1885) (2).
Brasílio Machado. Imagens do Google,
com tratamento.
Segundo o historiador David Carneiro:  “Apesar das dificuldades financeiras e da crise ervateira, a administração de Brasílio Machado é marcada por obras e ações fundamentais para o Paraná, como o recomeço da construção da catedral de Curitiba, futura Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz; Lançamento do projeto de abastecimento de água potável da capital e a mais importante como sendo a conclusão e a inauguração , em 2 de fevereiro de 1885, da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba.Significativa obra para o desenvolvimento da Paraná, a estrada teve, em seus festejos inaugurais, a presença ilustre de cidadãos e autoridades como o ministro da agricultura, Antonio Cândido da Rocha, a Princesa Isabel e seu esposo, o Conde d’Eu e vários autoridades locais, nacionais e convidados estrangeiros.”(3)

Em 1890 é nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Direito de São Paulo. E em 1911, ocupava a presidência do Conselho Superior de Ensino, onde teve papel importante no reconhecimento para a criação da Universidade do Paraná, segundo o professor Rui Wachowicz. (4)
O Dr. Brasílio Faleceu em sua cidade natal, no dia 5 de março de 1919.

A escola...Sem data e autor.
Grupo Escolar e Ginásio
Em 1912, passou a categoria de Grupo Escolar, onde inicialmente constava com apenas duas salas de aula e cerca de 50 alunos, tendo suas instalações ampliadas, pelo interventor da época. A partir de fevereiro de 1947, também funcionou como Ginásio Municipal, realizando exames de admissão e formandos secundaristas.
Ao longo dos anos a escola passou por ampliações, reformas e pinturas que lhes deram uma nova estrutura, com sete salas de aula, biblioteca, gabinete da direção, secretaria, cantina, cozinha, depósito de merenda e casa do guardião.

Ensino supletivo
Em 1977, muda novamente de denominação e passa a Escola “Dr. Brasilio Machado” - Ensino regular e Supletivo de Primeiro Grau.
No ano de seu centenário de fundação, 1985, a escola passa por reformas em suas instalações físicas, agora apenas de manutenção.

Situação do prédio em 2002.
foto Eduardo Nascimento
Até os anos noventa, a instituição ofertou à comunidade o ensino primário correspondente às quatro primeiras séries do 1°grau. A partir de então, com a reforma e a Municipalização do Ensino Básico, passou a oferecer somente o Ensino Supletivo Fase II, equivalente às quatro últimas séries do 1°grau, de turno noturno. E passa a ser denominada como Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos “Dr. Brasílio Machado”.
No final da década de noventa e início do novo milênio, o prédio passa por um processo de abandono, por parte do Governo do Estado, do então governador Jaime Lerner.
Dentro de sua política de enxugamento da máquina pública, chegando a considerar o encerramento das atividades educacionais, tornando-se um espaço dedicado apenas a cultura. Ou seja: “O Brasilio vai fechar!” Isso nos foi comunicado, através da
Ouvidoria da SEED:
“Informamos V.Sa. que foi formalizado um processo junto à SGI/SEED de n°5.118.561-7 referente à reforma do prédio da Escola Estadual Dr. Brasílio Machado de Antonina. O referido processo foi analisado pela FUNDEPAR que o remeteu ao Núcleo de Paranaguá, onde está atualmente. Segundo informações da FUNDEPAR o prédio tem interesse histórico pois tem mais de 100 anos e por esse motivo há interesse da Secretaria de Cultura de preservá-lo e há sugestões nesse sentido de doá-lo àquela Secretaria. Para atender os 177 alunos que estudam à noite no antigo prédio há gestões para se construir algumas salas de aula em outros Estabelecimentos para abrigar aqueles alunos.”(5).

O Movimento Pró- Escola Brasílio Machado
Conscientes da possibilidade do encerramento das atividades educacionais da escola. Houve uma convocatória virtual – a primeira da história do município, por parte do blog do Bó e de e-mails - alertando a comunidade sobre a perda da nossa centenária escola. Após inúmeras reuniões técnicas, com representantes da SEED e da sociedade organizada, no dia 22 de julho de 2002, foi realizada uma Assembleia Comunitária, no auditoria da Liga, com a presença de representantes da APP-Sind. Assim nasceu o Movimento Pró-Escola Brasílio Machado, dando início a várias ações propositivas no sentido de garantir a reforma do prédio e sua continuidade como Casa Educacional.
 
O Movimento pró Escola. "Salve o Brasílio". 2002
Centenas de manifestações, através de e-mails, foram direcionadas a Ouvidoria da SEED, com a palavra de ordem “O BRASILIO NÃO PODE FECHAR!”. Mas o ponto forte do Movimento foi realizado no dia 15 de agosto 2002, aniversário da escola (117 anos) onde foi realizado um simbólico “Abraço ao Brasílio” e o fortalecimento do abaixo-assinado, solicitando a continuidade de suas funções e a criação de cursos profissionalizantes, que contou com mais de 4mil assinaturas. 
O Movimento se fortaleceu, e a Comissão de Mobilização redigiu documento com justificativas, abaixo-assinado e cartas de anuências, defendendo a continuidade funcional da escola e sua reforma física e estrutural.
Uma das conquistas parciais do Movimento, foi interromper as ações da SEED, do Governo Lerner, possibilitando novo momento de negociação com o Governo eleito em novembro de 2002. Importante reconhecer as ações do deputado Ângelo Vanhoni, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, que “comprou” a briga. Sua reeleição e escolha como líder do Governo Requião, abriu efetivas possibilidades da realização dos anseios do Movimento. Acolhido integralmente pelo Secretário de Educação Maurício Requião, durante reunião com o Movimento, realizada na SEED, em 31 de janeiro de 2003, onde inteirou-se sobre o Movimento e o Manifesto – documento com 119 páginas, 4421 adesões e resultado de pesquisa vocacional (entregue na Ouvidoria em 17 de setembro 2002). Participaram da audiência com o Secretario as seguintes pessoas: Claus Berg, Marcus Galvão do Rio Apa, Wilson Santos e Leomar Pastori (representantes da ALFA), Eduardo Nascimento e Vanda do Pilar Bandeira (coordenador e secretária do Movimento).
Após muitas idas e vindas, incansáveis reuniões técnicas e pedagógicas, em Antonina e Curitiba, a então Escola Brasílio Machado ganhou novo projeto.
“No dia 24 de março de 2006 por meio da Resolução nº 1028/06 foi retificada a nomenclatura do Colégio, e elevado a condição de Centro Estadual de Educação Profissional Dr. Brasilio Machado.” (6)

A reforma e ampliação. 2004.
foto Eduardo Nascimento
O novo Centro Estadual de Educação, foi entregue a comunidade pelo Governador Requião, no dia 31 de julho, com vários discursos e homenagens. Cabe a mim, “escrevinhador” e um dos protagonista desta história, registrar a ausência total de citação, por parte dos palestrantes, sobre o Movimento. Não me causa espanto, porque era período de campanha eleitoral, e os louros deveriam ser destinados ao pessoal alegórico.
Foram ofertados a comunidade cursos profissionalizantes de nível médio e pós-médio (hoje sequenciais) nas áreas de Portos e Turismo. (Veja as ações executadas pela escola: http://escolabrasiliomachado.comunidades.net/historia-da-escola-dr-brasilio-machado ).

Escola Brasílio Machado...Momentos distintos
1-     Em 15 de agosto de 1885 - Fundação da Casa Escolar Dr. Brasílio Machado (em homenagem Presidente da Província do Paraná, então Dr. Brasílio Augusto Machado de Oliveira).
2-     Em 1998 - Encerramento das atividades normais de ensino primário, com a Municipalização da educação no ensino básico. Passou somente a ofertar o Ensino Supletivo Fase II, no período noturno.
3-     Em 30 de junho de 2006 – Entrega das novas instalações e recuperação do prédio histórico e transformação em Centro Estadual de Educação Profissional Doutor Basílio Machado.

A escola hoje. Imagens do Google. Autor desconhecido.
A Escola hoje
O Centro Estadual de Educação Profissional Dr Brasílio Machado, oferta ensino a nível Médio e Profissional Subsequente, nas áreas de Técnico em Administração, Meio Ambiente, Portos e Segurança do Trabalho, em 12 turmas com 234 alunos matriculados.
Sendo diretora a professora Sueli Nico Pinheiro da Veiga (a professora Sueli, participou de todo o processo de transformação da escola, nos últimos anos) e secretária Rafaela de Costa e Silva.(7) *

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Referências
(1) Papéis avulsos da instituição e postagem virtual: http://escolabrasiliomachado.comunidades.net/historia-da-escola-dr-brasilio-machado
(2) Escritos avulsos. Conferência de Almeida Salles, 1948.
(3) CARNEIRO, David. História do Período Provincial do Paraná; Galeria de Presidentes, 1853-1889. Curitiba: Tipografia Max Roesner, 1960
(4) Wachowicz, Rui Christovam. “Universidade do Mate”. Edi da Ufpr,2006.
(5) Nascimento, Eduardo. “ Crônicas da Capela, 2006, Ed do autor. Pag.25

*Não foi encontrado no site da SEED, o número de professores do estabelecimento.
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"Dedico este texto à todos os professores, que 'doaram' parte de suas vidas, a ensinar maneiras e conhecimentos facilitadores de convivência neste mundo do saber."

Eduardo Nascimento
02 abril de 2020


Nota do editor do blog: É o que tenho para hoje, em pleno isolamento de COVID19.  Espero ter contribuído com a história da minha primeira Escola, onde aprendi cidadania, sociabilidade, disciplina e amor pelas pessoas. Um pedaço do meu “quadrado” do meu país chamado Terra!