segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Mais um no Divã do Jekiti...Na Casa Errada.


Hoje quem vai para o Divã do Jekiti é nosso amigo “paciente” Beto Lopes, mais conhecido como Beto Bombeiro... Conta aí Beto:

NA CASA ERRADA

“Nos anos oitenta, naqueles bons tempos do Clube Primavera de Antonina, certa vez um de nossos amigos pegou a chave de uma casa que sua mãe tomava conta e levou para o baile. Quando nos encontrou tornou público que, caso alguém arranjasse alguma ‘companhia’ amorosa e precisasse de um lugar para encontros, bastava pegar a chave da casa com ele.

Não demorou muito e logo apareceu um empolgado e pegou a chave, da tal residência.

O casal ávido por um aconchego amoroso em um confortável recinto, chegando ao local previsto, ei-la a casa dos sonhos, mas a tal cobiçada chave não conseguia abrir a porta.

Tentaram...tentaram e nada. Mudaram para a porta dos fundos e nada também. A ansiedade era tanta que não deu outra... Olharam as janelas e com um jeitinho nervoso conseguiram abrir, pularam e entraram sem nenhuma cerimônia.

Casa arrumada, quartos impecáveis e roupa de cama limpa, animou ainda mais os ‘pombinhos’. Após o ato amoroso, aproveitaram para tomar uma bela ducha reanimadora e ousaram em carregar a toalha de banho, com a desculpa em não deixar vestígios da ocupação.

Ao devolver a chave ao amigo, o contemplado reclamou das dificuldades que teve em abrir a porta e contou que abriu e pulou a janela, para conseguir tal façanha.  - Pô, pare aí, você entrou na casa errada! Comentou surpreso e indignado o tal amigo, dono da chave.

Ainda bem que a prejuízo foi apenas uma toalha de banho.”

Beto Lopes (arquivo do Facebook)

Obrigado amigo Beto!

O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobó, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. Mas, em tempo de pandemia do Covid-19, para evitar aglomerações, os frequentadores enviam suas histórias por rede social... E a gente divulga!

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A visita do Imperador D. Pedro II a Antonina.

A VISITA DO IMPERADOR D. PEDRO II

Na fachada do prédio da prefeitura de Antonina, encontra-se afixada uma placa de mármore, comemorativa a visita do Imperador D. Pedro II, cuja honra maior é que a casa serviu de hospedaria ao casal imperial, em quando estiveram em visita a nossa cidade, em 1880. O referido imóvel foi construído por ordem do Coronel Líbero, na metade do século XIX. Também pertenceu a Antônio Alves de Araújo, cuja senhoria foi o anfitrião da família real. Em 1914, o sobrado é adquirido e reformado por Antônio Ribeiro de Macedo, então prefeito, passando a sediar Prefeitura e Câmara.

VISITA AO PARANÁ

Nos consta que, nos meses entre maio e junho de 1880, o Imperador D. Pedro II e sua esposa, Dona Tereza Cristina, e comitiva, estiveram em visita a nova Província do Paraná. Desembarcaram em Paranaguá no dia 18 de maio e por aqui passaram 20 dias, visitando várias cidades.

 “Sua vinda ao Paraná tinha dois motivos principais: vistoriar as unidades militares do Sul do país depois da Guerra do Paraguai, encerrada anos antes, e visitar as colônias de imigrantes, que trouxeram as culturas típicas europeias, como a batata e o arroz", explica o associado do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Venceslau Muniz Filho. Além do local de embarque e desembarque da comitiva, o litoral também fez parte do roteiro de Dom Pedro no estado. Ao todo, ele permaneceu na região durante seis dias entre Morretes, Antonina e Paranaguá, de onde seguiu viagem no dia 5 de junho (retorno ao Rio). A rota imperial também contemplou Curitiba, Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Castro e Lapa."(1)

 VISITA A ANTONINA

O imperador passou duas vezes por nossa cidade. A primeira, a 20 de maio de 1880, vinda de Paranaguá, que aqui permaneceu por poucas horas e foi a Curitiba pela nova Estrada da Graciosa, e a segunda, retornando, ficou por aqui dois dias, 05 e 06 de junho, e aproveitou para visitar escolas, igrejas, hospitais e o local do porto, conhecedor dos estudos realizados pelo Barão de Teffé.

 Na época, assim escreveu o Jornal 19 de Dezembro:

“No dia 20 de maio de 1880, pelas 06:00 horas da manhã, embarcaram suas majestades para Antonina, transportando-se no vapor “Iguassú”, para o paquete “Rio Grande”, sendo acompanhados a essa cidade por muitos cidadãos e distintas senhoras de Paranaguá, oficialidade da Marinha, capitão do Porto, e autoridades superiores das mesmas localidades, a bordo do “Rio Grande”, as 08 horas, serviu-se um delicado e profuso almoço para o qual sua majestade dignou-se a convidar todas as pessoas que se achavam a bordo e as 08:30 minutos, desembarcaram suas majestades em Antonina, debaixo de vivas e brilhante manifestação de entusiasmo. Apesar da chuva, achavam-se no local de desembarque, toda a flor da população da cidade, grande número de senhoras, um grupo de meninas e uma banda de música que entoou o hino nacional, acompanhando sua Majestade, depois que a Câmara Municipal apresentou suas homenagens aos augustos soberanos. Suas majestades depois do descanso, partiram para pernoitar.” (2)

O historiador Francisco M. dos Santos, em sua edição intitulada “D. Pedro II- Diário da visita a Província do Paraná” nos proporciona curiosas anotações do imperador, referindo-se as localidades visitadas, e em especial – para nós - a nossa cidade. Eis um pequeno trecho:

 “(...) [Curitiba] Antes de ir ao Capanema, visitei o escritório da empresa da estrada de ferro onde tomei informações relativas a obra de Ferraci e Curitberti. Os desenhos deste pareceram-me muito bem feitos. Estudam a melhor passagem da serra. há quatro possíveis: Itupava, Emboque, Caiguaba e Arraial, de norte a sul.

Voltei a Morretes, e pouco depois das duas horas parti para Antonina.

Bonito caminho vendo-se sempre ao longe o alto Marumbi. A estrada atravessa o núcleo Sesmaria. Terras boas, porém, em alguns lugares encharcadas como num prazo cujo colono disse-me que suas melhores terras tinham muita água que impedia sua cultura. Outro prazo do Bergamasco Luigi Corbetta estende-se por uma encosta. Está bem plantado. Os colonos dos terrenos percorridos mostram-se contentes. Cavaleiros no lugar em que a estrada se reúne a da Graciosa, e cheguei a Antonina cujo aspecto é risonho, as 4 e 20 minutos.

Antonina

Meia hora depois sai. Câmara, a casa é boa, e está muito bem arranjada. Padrões métricos o que já tenho dito, parecendo-me, contudo, melhor tratados que em outros municípios, porém não com o mesmo cuidado da Lapa. O clube literário está bem arranjado. Também há leitura de noite. Poucos livros. Cadeia vazia alugada por 20$000 ao mês a um mestre de obras, Adriano, que me apresentou o dono da casa que habito, Antônio Alves de Araújo, e parece seu protegido, quando a casa da Câmara que alugou a casa da cadeia e de que é presidente Alves de Araújo, paga 30$000 sendo muito melhor casa. Não há proporção. Finalmente, visitei a enfermaria particular montada pelos Drs. Melo e Grilo em casa de sobrado por que pagam 15$000. Só havia seis doentes, sendo um por infecção palustre.

Jantar cerca das 7, conversa depois, e às dez horas recolhi-me para ainda ler requerimentos, que não pudera examinar em Morretes.

O presidente da província com quem conversei a respeito de seu último relatório e outros negócios da província disse-me que Jesuíno Marcondes vendeu os terrenos de Pugnas e outros da mãe, de quem é procurador, por elevado preço, apesar de maus para as colônias, e que Jesuíno está frio com ele. Eu muito me tenho incomodado com este negócio de terras e declarei ao presidente que a vista que constava do precedente de Jesuíno Marcondes que eu supunha ter-se arredado de semelhantes traficâncias, entendi que não podia continuar a ser vice-presidente da província.

Enfim, percorri de carro 44 léguas de Antonina até Castro, o que não posso fazer em nenhuma outra província a não ser o Rio Grande com seus campos naturais.

A viação é a principal necessidade do Paraná. Convém levá-la até aas férteis margens do Ivaí. Aí é que se estabeleceram prósperos agricultores. Os campos gerais são próprios para a criação que cumpre melhorar pela maneira que disse e a marinha é pouco adequada à colonização, pelo clima e terrenos paludosos.

7 de junho – (seis horas da manhã, perto do rio).

Antes de ontem em Antonina sai as sete da manhã. Casas pequenas, mas bem arranjadas. Os professores e professora das aulas que o inspetor me designou como melhores pareceram-me bons. Os chamados como melhores, embora recitem orações, não sabem explicá-las. O vigário passa por virtuoso, mas não explica doutrina. Fui também ao mercado – casa menos que a de Paranaguá. Poucos gêneros. As reses – três por dia – matam-se fora, no campo. Almoço às oito e meia.

Nove horas. Exame no porto desde Itapema de baixo até o molhe, cuja escada na ocasião de meu passeio da manhã vira que ficara em seco, tanto espraia o mar. Notei três pedras ou parcéis, que não estão no mapa de Tefé. As ondas deste parecem exatas, pois as que se fizeram no meu escaler e foram em meio e mais que preamar. O ancoradouro está-se aterrando, pelo que traz o rio cachoeira. Um dos práticos me disse que vira formar uma ilha que parece bem grande.” (3)

Texto extraído do livro "Antonina frag-men-tos" de Eduardo Nascimento (leia na íntegra)

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