RUBENS E AS BRINCADEIRAS DA SÃO BENEDITO
Dia desses, fazendo minha caminhada matinal, encontrei dois irmãos amigos sentados de fronte sua casa: Maneco e Zacarias. Aproveitei e fiz uma foto deles...e não poderia deixar de perguntar sobre seu outro irmão Rubens - que há vários anos perdeu a visão, pessoa participativa do nosso espaço de brincadeiras, que foi a Rua de São Benedito, hoje Vicente Machado, atras da igreja do mesmo santo.
Quando a gente era criança, o imóvel, além de moradia da
família funcionava uma ferraria. Local onde além de forjar alguns tipos de
ferragens, as mais comuns eram as ferraduras. Ficávamos encantados ao ver a
colocação das ferraduras nos animais, na época responsáveis por boa parte da
tração do transporte na cidade. Desde cargas, passeios até funerais – a prefeitura
tinha um carro funeral puxado a cavalo.
A rua de São Benedito era nosso espaço recreativo, que além de um amplo e sem calçamento, ainda possuía o parquinho da Liga, que abria diariamente as 15h, com mais de uma dezena de brinquedos disponibilizados a todos, sempre sob o olhar astuto do seu Zequinha – responsável em abrir, fechar e manter o local limpo e seguro para a criançada. Na rua acontecia de tudo, sempre em cada temporada. Tínhamos a temporada da pipa, da bolinha de gude, do pião, do bete-ombro, do carrinho de rolimã e dos carrinhos feitos com latas vazias de “leite ninho”. Ainda mais as brincadeiras de polícia e ladrão, malha e trinta e um...entre outras.
Dos amigos, Rubens sempre era o inventivo e aparecia com um novo brinquedo, desta vez, pegou uma roda qualquer – aro de bicicleta ou de pneu de carro e com uma vareta e um gancho na ponta, rodava aquele brinquedo e saia pelas ruas da cidade, com a maior alegria e diversão.
Em minha memória tenho o brinquedo que ele mais gostava -
muito simples e cênico, quando se apoderou de um aro e o tornou volante de
automóvel. Brincava com aquele volante por toda a parte, andava pelas ruas da
cidade como se realmente estivesse dirigindo um carro. Virava para direita,
esquerda... chegava até a parar-frear nas esquinas, olhar para os lados, engatar
marcha e seguir adiante - no seu incrível universo imaginário. A encenação ia
além do mecânico, pois também imitava o som do motor e das freadas. Tão
parecido que às vezes achávamos que realmente era um carro que estava chegando,
mas era Rubens.
Quem passou a infância no centro da cidade com certeza foi mais um brincante da rua de São Benedito e conviveu com Rubens e a família Sérvulo. Eta coisa boa de contar.
Eduardo Nascimento 30 mai.2023
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. www.palavradobo.blogspot.com.br
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