terça-feira, 18 de abril de 2023

Bar do Felicindo, Bar do Coralino e Bar do Macário...no Divã do Jekiti.

Bar Esporte do Felicindo. Década de setenta/
autor da foto desconhecido.

Bar do Felicindo, Bar do Coralino e Bar do Macário.

Durante minha infância e adolescência, 1950/1970, existiam três bares perto do cinema, ou Theatro Municipal – hoje Rua Dr. Carlos Gomes da Costa, antes Barão de Teffé.

O primeiro era o Bar do seu Felicindo – Bar Esporte, pois ficava bem ao lado do cinema, onde hoje foi reconstruída a tal Garage Municipal – que não tem nada de garagem, mas continua municipal.

Tudo muito simples, assoalho de madeira, poucas mesas, bebidas bem geladas...era o ponto de encontro dos trabalhadores portuários. O bar foi o primeiro a ter uma televisão instalada, uma Philco PeB que ficava bem no alto da parede, dificultando o acesso aos curiosos.

O bar virou ponto obrigatório de encontro diário para assistir o Telejornal Transparaná, pela TV Paraná Canal 6. A criançada lotava o bar e todos se sentavam pelo chão e ficavam encantados com a programação, principalmente quando era de desenho animado.

A ocupação era ainda maior, quando um cantor antoninense era anunciado pela televisão, a se apresentar no programa Mario Vendramel...um lugar era disputadíssimo.

No bar também eram encontrados vários tipos de guloseimas, como balas, suspiros, marias-moles, pés-de-moleque, chicletes, cocadas e outras. Consumo obrigatório para quem fosse ao cinema assistir a matiné da 14h ou as sessões noturnas das 19h e 21h. Para os adultos que gostavam arriscar uma fezinha na sorte, também poderiam apostar no tal jogo do bicho – na época liberado.

O outro também importante era o bar do Coralino – Bar Central, ficava quase em frente ao Bar do Felicindo, mas seu diferencial eram as mesas de bilhar, instaladas no fundo. Na fachada era colocado um quadro-negro onde diariamente era atualizado com a edição do jornal Tribuna do Paraná, e como muita gente gostava de futebol, se tornou nosso ponto diário de informação esportivo, sem deixar de vender bebidas e guloseimas.

O Bar do Macário – Bar 5 Bolas – há 50m do Felicindo, onde hoje é o Bar do Lontra, completava o circuito. A nova construção, instalações e equipamentos...mesas, balcão frigorífico, instalações sanitárias adequadas e a simpatia da Dona Conceição – esposa do Macario, faziam o diferencial. Foi o primeiro a servir um sanduiche de pão com mortadela e atendia a garotada com suas guloseimas expostas nos vidros rotativos – novidade para a época.

Esses três bares, fazem parte da nossa memória afetiva, participaram dos nossos momentos de entretenimento, informação e laser. Era pouco, mas tudo que tínhamos para compartilhar.

Além de suas funções comerciais, também tiveram um papel altamente social. Na época era comum morar no mesmo imóvel comercial, ou seja, se vivia, se cuidava e se trabalhava no mesmo lugar, o dono e sua família. Com isso, as famílias se integravam a comunidade...e vice e versa. Muito namoros, casamentos e até desavenças. Tudo muito normal...Que saudades dos bares de outrora!

Histórias que valem a pena ser contadas, dos bares mais importantes das nossas convivências...sem esquecer os outros também importantes, como o Bar e Restaurante Cruzeiro, o Bar do Marreiro, Do Levi, Sorveteria Atlântico..., mas essa é outra história.

Eduardo Nascimento 20 mar 2023

O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog.