quarta-feira, 26 de junho de 2019

BARREADO o prato típico do litoral


O barreado é considerado o prato típico do Paraná. Nascido na costa das entranhas da Serra do Mar, especificamente nas cidades mais antigas do litoral paranaense, de origem açoriana, tais como Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Morretes e Paranaguá. Tem sua origem disputada, e suas histórias coincidem na aprendizagem com seus antepassados, moradores da região.

Segundo Marly Garcia Correia (1)...”É difícil determinar a data certa do seu surgimento, mas seguramente é degustado há mais de 200 anos.” E continua: “Sua verdadeira origem se confunde com o surgimento do ‘entrudo’, hoje conhecido como carnaval, festa profana. No decorrer dos três dias de ‘entrudo’ o caboclo caiçara parava os seus afazeres, não saía para o mar e só ficava em casa cuidando do barreado, comida difícil e cheia de manhas, requerendo muita paciência e técnica.”
Prato típico servido pelas famílias litorâneas, era feito por ocasião das grandes comemorações, tais como o carnaval, eleições e reuniões familiares.

O prato
A comida consiste em um cozido – anteriormente conhecido como guisado - de carnes bovina (peito, coxão mole, patinho), com toucinho de porco e temperos. Preparada em panela de barro, com tampa lacrada com folha de bananeira e pirão, feito de farinha de mandioca e cinza. Seu cozimento consiste em mais de doze horas, em fogo brando.
É servida fervente sobre farinha de mandioca, com arroz, banana - de preferência da terra, e laranja. Uma boa cachaça deve ativar o paladar e melhorar a digestão, devido seu alto teor de gordura.

Da canoa subiu o primeiro foguete...
Alça um outro, outro mais...e do porto distante
Sobe riscando o céu na tarde agonizante
Um rojão que no azul traça um alvo filete.

La na praia distante, em meio a vazante,
junta o povo de casa e apresta-se o rolete
p’ra varar a canoa e aguentar o banquete,
o barreado que chega – o “boi” – carne abundante.

É cominho, a farinha, a banana, e a aguardente
p’ra a  festança, ideal do caboclo praiano
que termina depois no fandango dolente...

Torna ao canto a panela de barro inda um ano,
a esperar outro entrudo, a alegria da gente
boa e simples que volta ao seu labor, insano.

2 (poesia de Agostinho Pereira Filho, publicada em Paranaguá, em 1938)

Barreado e Antonina
Sendo considerado um dos primeiros povoados português da região, com inicio no século XVII, seus costumes alimentares e a natureza festiva e fandangueira do seu povo – portugueses, índios e escravos negros, nos levam a acolher esta tradicional maneira alimentar como um dos nossos alicerces gastronômicos. Junto com nossas vilas e cidades vizinhas.
O tradicional “entrudo” português, cedeu lugar para a festa tropical do carnaval, o qual cultivamos e mantemos, alegrando anualmente as ruas estreitas e calçadas de pedras da cidade.

Barreado prato gastronômico
Com o passar dos anos e o surgimento da indústria do turismo no Brasil – século XX, cada região procurou definir suas vocações e seus produtos. Nossa região seguiu a tendência desenvolvimentista do turismo gastronômico, mas somente em 1970 que a Paranatur – Empresa Paranaense de Turismo, instituiu uma receita, recolhida pela pesquisadora Marly Garcia Correia (3), junto às mais afamadas e competentes cozinheiras de Antonina, Nair Veloso e Maria da Luz Ferreira, sendo considerada a Receita Oficial do Barreado no Paraná, a qual se segue:

Ingredientes
5kg de carne (peito, coxão mole, patinho).
300g de toucinho.
03 cabeças grandes de cebola.
02 cabeças medias de alho.
Folhas de louro.
½ latinha de cominho em pó ou 01 pacote de cominho em grão.
Sal a gosto.
pimenta vermelha a gosto.

Preparo
Corta-se as carnes e o toucinho em pedaços pequenos, adicionando todos os temperos. Leva-se tudo a uma vasilha e deixa-se repousar até o dia do preparo. Forra-se a panela de barro com toucinho. Depois põe-se as carnes temperadas e tampa-se a panela com uma folha de bananeira previamente sapecada, amarra-se com um barbante nas bordas. Coloca-se a tampa e barreia-se com um pirão, mistura de farinha de mandioca com cinza de lenha e água fervente. Leva-se ao fogo forte nas primeiras horas, passando para fogo brando. O tempo e cozimento é de 12 horas. Quando a folha de bananeira estiver bem escura, o barreado esta cozido. Abrir a panela, provar e se for o caso, complementar o tempero (sal, pimenta e cominho).

Modo de servir
Serve-se com farinha de mandioca, banana, laranja e arroz. Acompanha uma bebida alcoólica (batida ou pinga) que serve para rebater este prato, considerado forte.

Barreado produto comercial
Em Antonina,  o barreado surgiu em seu cardápio gastronômico  - ao menos que tenho registro, no Restaurante do Clube Náutico – CNA, quando as mulheres de teatro Dudu Barreto Leite e Iara Sarmento, no início dos anos setenta (1970-1972) resolveram residir na cidade e gerenciar tal empreendimento. Que teve vida curta. 
Mas foi a empresária Ieda Siedschlag - Baronesa, proprietária do Restaurante Cacoan, quem realmente divulgou o barreado além das nossas fronteiras, nas décadas de setenta e oitenta, se tronando o endereço mais importante da nossa gastronomia, tendo a iguaria como seu carro chefe, o famoso Barreado da Ieda.
Hoje, o tradicional prato é encontrado em vários restaurantes da cidade. Alguns seguem rigorosamente a receita tradicional e a maneira de cozer a carne em panela de barro e em fogão a lenha, como o Restaurante Buganvill de Anny Snoeyer, que atende desde 1986.
O barreado faz parte da nossa farta mesa e temos como algo “sagrado” e importante na história dos nossos costumes e tradição. Participa das nossas festas e da nossa maneira caiçara de ser. Seu preparo é mais que um simples fazer...é um ritual. Sons de sinetas, fogos e acordes, antecipam sua degustação, quando é comemoração. Sempre.

Eduardo Bó Nascimento
Junho 2019

(1)     (2) Correia, Marly Garcia. O fandango que acompanha o barreado. MAXI Grafica,2002.



sexta-feira, 7 de junho de 2019

CONTA DE ÁGUA...LIXO NÃO. DIZ MP.

04/06/2019

Promotoria de Justiça de Antonina recomenda que Município deixe de cobrar taxa de lixo na conta de água sem o consentimento do consumidor

A 1ª Promotoria de Justiça de Antonina, no Litoral paranaense, emitiu nesta semana recomendação administrativadirigida ao prefeito e ao diretor do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Antonina, no Litoral Paranaense. Segundo o documento, os dois órgãos públicos devem deixar de cobrar a taxa de coleta de lixo na conta de água, sem autorização expressa do consumidor.
O Ministério Público do Paraná argumenta no documento que tal forma de cobrança viola as normas consumeristas, em especial a que diz ser vedado ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas, executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor.
Apesar de a cobrança da taxa de lixo na fatura da água representar uma facilidade ao Município, por outro lado, pode criar um obstáculo ao fornecimento de um serviço essencial ao consumidor, já que, caso não seja devidamente descrita a separação dos valores, o consumidor poderá deixar de pagar a fatura de água, o que acarretaria a interrupção do fornecimento.
Para resolver o problema, o MPPR recomenda que a taxa de coleta de lixo só seja cobrada junto com a conta de água com o prévio consentimento do consumidor. Além disso, deverá constar no boleto de cobrança a informação de que o consumidor poderá solicitar o bloqueio da cobrança da taxa de lixo na conta de água a qualquer tempo. Os valores da taxa de coleta de lixo e do consumo de água também devem ser discriminados separadamente no boleto.
Os destinatários têm prazo de dez dias para informar sobre o acatamento da recomendação, sob pena de tomada das medidas administrativas e judiciais cabíveis.
Informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação
(41) 3250-4249

NOTA DO BLOGUISTA:  Na condição de consumidor, acho um total descaso com a comunidade, isso parece apropriação indébita, e é claro que o MP deveria interceder. Primeiro que o contrato que temos com o SAMAE é de serviço de fornecimento de água potável (contrato não cumprido, pois falta agua todos os dias) e não de Coleta de Lixo. Segundo, que a Taxa de coleta de lixo, até 2018 era cobrada junto ao IPTU, no valor anual de R$19,38. A comunidade precisa saber se esta taxa será cobrada anualmente, ou parcelada, e qual o seu valor total. Caso seja cobrada mensalmente - independente de autorização ou não do contratante, sofrerá um reajusto abusiva de mais de 1.000%.
Com a palavra a prefeitura.

Domingo tem Roda de Conversa

Para inaugurar nosso DOMINGO CULTURAL, ninguém melhor que
 nosso amigo blogueiro, fotógrafo e professor Eduardo Nascimento!
A partir do dia 09 de junho, todo domingo terá uma programação especial na
 Livraria da Barca para você! E no dia 09 terá uma roda de conversa com
 Eduardo Bó, sobre todos os livros por ele editados. 
Também teremos tarde de autógrafos e muita conversa boa!
Vem conversar com a gente! #vempralivraria