sábado, 28 de janeiro de 2023

Mais um no Divã do Jekiti...Chico da Funerária. Causos da Capela e de Zeco Pinto.

 

Mais um no DIVÃ DO JEKITI... Chico da Funerária.

CAUSOS DA CAPELA E DE ZECO PINTO LOCO

“Bem vamos lá...Você sabe que o Zéco Pinto Loco foi sempre fanático pelo Capela. Fundador, foi escoteiro e era “filho” de criação de Maneco Picanço...Fazia tudo pelos escoteiros. Aí, ele montou a Escola de Samba e nós emprestávamos os instrumentos dos escoteiros – na época a tropa tinha um conjunto de instrumentos que utilizava nos desfiles – porque nós não tínhamos nenhum instrumento. Pegávamos tudo que podíamos...surdo, repique, baquetas, talabartes...etc., para o carnaval, só que nada retornava aos escoteiros, pois quebrávamos tudo durante a festa.

Seu Maneco esbravejava tal descaso de nossa parte, e jurava que nada seria emprestado para o próximo carnaval: – Não pegam mais nenhum instrumento dos escoteiros para fazer escola de samba...se virem!

Passava o tempo e ia se aproximando o carnaval e seu Maneco Picanço perguntava preocupado: - Não vai sair a Escola esse ano? Respondíamos...Não vai né, não temos instrumentos. Bem...respondia seu Maneco - com sentimento de culpa - pois peguem, mas não me estraguem e devolvam como pegaram!

No início era um bloquinho carnavalesco com um boi pra animar, ainda não era uma escola. Pegávamos dinheiro com o estandarte, onde as notas eram pressas com alfinetes, e no final da festa, o dinheiro era repartido. Nessa época, eu morava no bairro do Batel e fiz um bloco com Wilson Clio, para pegar dinheiro no estandarte, mas na hora de repartir “a fatura” não houve acordo. Um queria mais que outro...Não deu certo e o bloco não vingou.

Chico e eu no Jekiti... gravando.

Dando continuidade ao bloco da caserna, o próprio Maneco Picanço deu a ideia em criar uma Escola de Samba e sugeriu o nome de Capela, assim foi criada a Escola de Samba Filhos da Capela. Nascida na caserna dos escoteiros, local onde fazíamos bailes, pois tínhamos músicos como Albari, Adão, Miro Raposa e muitos outros... isso tudo – se não me falha a memória, pelos anos de 1948.

Bem mais tarde, com a Escola já estruturada, Zeco criou o enredo ‘O circo chegou’ e como trabalhava na empresa do Valente, emprestou um trator e fez um trapézio, no qual sua filha Josemeri – ainda criança, foi colocada naquela alegoria, mas, infelizmente durante o desfile em plena avenida a menina despencou de cima do trapézio, causando maior alvoroço... ambulância, hospital, mas nada muito grave. Essa é uma das passagens do Zeco.

Do próprio Zeco, temos uma mais recente, o caso de sua filha Maria, que organizou o Bloco Boi Barrozo, um bloco lindo...Lindo! Durante o desfile do carnaval, a emoção foi tão grandiosa que a própria criadora infartou na avenida. Desfilando com imensa emoção, seu coração carnavalesco não resistiu tão grande momento, e veio a falecer aos sons e cantos do seu bloco mais querido. ‘Meu bloco está lindo’ suas últimas palavras.”

Coisas dos carnavais. Coisas de Antonina.

 Francisco Lopes de Araújo Chiquinho da Funerária  27 jan 2023


Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

História de carnaval: Siri de Ouro e Siri de Prata...1975.

 

Carnaval no mar/1975

HISTÓRIA DE CARNAVAL: SIRI DE OURO E SIRI DE PRATA

No ano de 1975, o prefeito Joubert Gonzaga Vieira me convidou para ajudar a organizar o carnaval. Tinha apenas 24 anos, já com alguma experiência em decoração da avenida, mas totalmente imaturo, principalmente na organização do concurso das escolas de samba.

A comissão do carnaval foi nomeada e seus ocupantes não recebiam nenhum tipo de remuneração.

Tínhamos recentemente criado o Projotur – Projeto Jovem de Turismo, a primeira tentativa de discutir possibilidades de a cidade se preparar para aquela área de desenvolvimento emergente, e aproveitamos o evento para demonstrar nossas habilidades.

Inicialmente fizemos dois bailes para arrecadar recursos. Um no Clube Literário e outro no Primavera, que rendeu alguns trocados para comprar os tecidos das fantasias do Rei e da Rainha do Carnaval.

Carnaval no Mar

O tema escolhido foi “Carnaval no Mar”, cuja decoração – paupérrima por excelência – consistia de centenas de metros de redes de pescar, que foram emprestadas pelos pescadores da Ponta da Pita e estendida por toda a avenida, fazendo parte de uma alegoria composta de uma folha de zinco e uma lâmpada incandescente de 100 watts, afixada em um poste de madeira bruta, cortado no morro do Bom Brinquedo. A maior parte do carnaval acontecia durante o dia e no mais tardar findava pela meia-noite, dando início aos bailes dos clubes.

Nossa falta de experiência nos fez procurar a pessoa que na época concentrava tal conhecimento, Wilson Galvão do Rio Apa, também presidente da Escola de Samba Império da Caixa D’Água. Prontamente, Apa nos atendeu e fez um rascunho do concurso, que consistia no julgamento do desfile como um todo, sem notas para quesitos, até então inexistentes em nosso carnaval. Também resolvemos fazer um concurso individual, com apresentações separadas por alas.

O concurso tomou noite adentro e foram escolhidos os melhores Porta-Bandeira e Mestre-Sala, Bateria, Samba-Enredo, Passista, Surdo, Frigideira, Caixeta, Tamborim e Destaque.

Siri de Ouro

Como a prefeitura não dispunha de recursos para o evento, tivemos que criar até os troféus. Por ironia do destino, encontramos o Tube vendendo uma dúzia de siri guaçu e imediatamente levamos para cozinhar, secamos as casquinhas, pintamos com um bom spray dourado e prateado e estavam prontos os troféus: Siri de Ouro e Siri de Prata, para os mais bem colocados nos concursos individuais. Para as escolas de samba vencedoras, os prêmios foram um Pilão de Ouro e uma Gamela de Ouro adquiridos em um dos “quartos” do mercado municipal.

Rei e Rainha do Carnaval

Já que o tema estava ligado ao mar, substituímos o Rei Momo por Neptuno o Rei do Mar. Que, em companhia de sua rainha, foi recepcionado pelas Escolas de Samba no Trapiche Municipal, chegando do outro lado do mar em sua bela e decorada canoa.

Concurso

O regulamento do concurso foi apresentado para todos os participantes, em reunião realizada no Clube Literário, e aprovado por unanimidade. Mas, o resultado foi surpreendente, pois passou despercebido pelos dirigentes que a escola campeã seria aquela que obtivesse a maior nota da comissão julgadora por seu desfile como um todo. E a pontuação do concurso individual não participava do cômputo geral.

Daí a Escola que levou mais Siris para casa foi a Escola de Samba da Capela e a campeã do carnaval de 1975 foi a Escola de Samba Império da Caixa D’Água.

O resultado do concurso foi imediato e o palanque oficial teve que ser cercado por policiais, pois o inconformado ganhador da tal “sirizada” queria a cabeça do Rio Apa e do pessoal da Comissão Organizadora, inclusive a minha.

Os ânimos foram ainda mais acerbados quando José Maria Storache colocou no ar na Rádio Antoninense, em seu programa, a tal farta premiação e distribuição de Siris de Ouro e de Prata e a suposta armação.

Apesar da falta de recursos e da pouca experiência, em 1975 foi realizado mais um grande e polêmico carnaval da nossa cidade. Esta é mais uma história do Carnaval de Antonina.

Texto publicado no livro “Tenho dito” Eduardo Nascimento, 2012.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

SINALIZAR É PRECISO...para não escrever de novo.

Publicado em 17 de junho de 2003 e no livro " Crônicas da Capela" 2006.

SINALIZAR É PRECISO... GOVERNAR NÃO É PRECISO.

A falta de um sistema inteligente de sinalização na cidade prejudica toda a população. Desde o mais simples cidadão que não tem como se informar, aos motoristas, estudantes e principalmente os nossos visitantes.

Por menor que seja a comunidade é preciso  planejar um sistema de comunicação por sinais ( placas) para facilitar a locomoção das pessoas e lhes proporcionar informação e tranqüilidade. A importância da sinalização é visto tecnicamente como um dos principais meios de se organizar espaços, tornando a vida das pessoas mais dinâmica e confortável, podendo se deslocar com mais segurança.

As placas de trânsito são sinais obrigatórios para uma boa circulação de veículos integrados com as necessidades dos pedestres. Mas somente placas de sinalização de trânsito não bastam para tornar a vida de uma cidade mais agradável, é preciso pensar e implantar um sistema mais complexo, sinalizando e indicando o trânsito, os serviços essenciais, os pontos turísticos, as áreas de interesses, as situações geográficas...Entradas e saídas das cidades...Etc...Etc...Etc.

Em nossa cidade a sinalização é totalmente precária, podemos dizer que como sistema é inexistente. Algumas placas de trânsito são encontradas no perímetro urbano e nas vias que levam até o porto. Placas de sinalização sem o mínimo critério técnico de legibilidade, velhas, amassadas, com informações e números insuficientes.

A falta de um sistema mínimo de sinalização, somado as péssimas condições das nossas vias públicas, esburacadas, sem acostamento, sem calçadas e com iluminação noturna precária, vem aumentando o risco de acidentes entre veículos e população.

Com a reativação das atividades portuárias em nossa cidade a partir do 1997, principalmente após a inauguração dos Terminais Portuários da Ponta do Félix, teve início um novo ciclo de tráfego de veículos. Da vida calma que dispunha-mos ao ver nos fins de semanas aumentar a circulação dos veículos leves dos visitantes, hoje deparamos com centenas de veículos pesados, carretas, que levam e buscam mercadorias para o porto. Infelizmente, a atual administração não teve  capacidade para desenvolver um programa educativo e implantar determinadas ações e parcerias que viessem minimizar os graves problemas que convivemos diariamente.  A falta de sinalização é gravíssima, atrapalha a todos, desde o mais simples cidadão, ao caminhoneiro que precisa saber para onde deve conduzir o seu veículo, até o turista que não dispõe de informação, nem ao menos, em caso de acidente sabe onde se localiza o hospital.

Nossos milhares de estudantes, os das escolas localizadas nas avenidas Batel e Conde Matarazzo têm que diariamente driblar as carretas e disputar um lugar para se locomover, não há acostamento e nem calçadas para serem utilizadas. A situação é terrível e o risco de acidentes é enorme. Na av. Batel, os ciclistas se utilizam o acostamento – na contra mão – para se locomover e sempre dão “de cara” com um outro veículo. A falta de segurança é total.

No momento se faz necessário uma atitude emergencial por parte da prefeitura e da comunidade. É preciso urgentemente se implantar um sistema de sinalização para atender toda a população, facilitando assim sua informação, seu deslocamento e principalmente sua segurança.  Implementado a partir de uma campanha educativa nas escolas, com  ações definitivas para a construção de acostamentos,  calçadas e melhoramentos no sistema de iluminação pública. Sem perder de vista a reivindicação junto ao governo do estado para a construção da Estrada dos Portos, onde definitivamente iria desafogar o nosso sistema viário.                                                                                                                        

A prefeitura não pode alegar falta de recursos, pois sua arrecadação em ISS, proveniente da movimentação portuária vem crescendo a cada mês. E se não consegue fazer acontecer, arrume parceiros. O que não podemos é continuar convivendo com este estado de falta de segurança. É preciso “sinalizar” para novos tempos.

N. Editor do Blog: Poucas foram as atitudes realizadas durante este período de vinte anos, mais temos que reconhecer algumas melhorias. Assim mesmo, a cidade carece de um sistema de transito atualizado, principalmente para o trafego de caminhões/cargas portuárias e destinado ao turismo. Hoje temos uma área tombada considerada Patrimônio Histórico e requer maiores cuidados. O estreitamente das nossas vias e seus calçamentos em paralelepípedos, poderia muito bem se implantar um sistema binário (de mão única) de tráfego.