terça-feira, 27 de janeiro de 2009

FOTOGRAFIA EU FAÇO.

Durante mais de trinta anos me dedico a fotografar. Fui um dos primeiros professores contratados para ministrar aula de fotografia em um curso superior no Paraná, lá pelos anos de 1979, na antiga Faculdade de Educação Musical, hoje FAP- Faculdade de Artes do Paraná. Em 1996, apesar de ter prestado concurso na UFPR para a disciplina de Projeto Gráfico, devido o afastamento do professor de fotografia do curso de Arte e Design ter sido transferido, fui convidado a assumir a disciplina, a qual fui responsável até maio de 2005, quando solicitei minha aposentadoria.
Fotografar sempre foi um fascínio, apesar da minha formação em artes plásticas/pintura pela Escola de Música e Belas Artes em 1977, mas já em 75 - com uma máquina reflex emprestada de um amigo - um clique aqui em Antonina me rendeu um prêmio Nacional, em concurso realizado pelo Museu da Imagem e do Som do Paraná.
A “loucura fotográfica” passava por todo um processo, desde o domínio do equipamento até a revelação do filme e das cópias em papel. Era uma verdadeira maratona...Um parto. Conseguir uma boa imagem como resultado era como um troféu, pois nem sempre dependia da vontade única do fotógrafo, mas de todo um sistema.
O singelo momento da fotografia não mudou, mas com o advento da imagem digital e por conseqüência da fotografia, foram se perdendo determinados valores intrínsecos ao processo e a linguagem da imagem analógica, ou seja, química. O fator surpresa, uma das características do meio, cedeu lugar para o imediatismo: o tá bom ou não está...”Deleta”.
Confesso que levei algum tempo para aceitar o novo processo, mas hoje, com uma pequena experiência de mais de dez anos, começo a entender a linguagem e os valores da “nova” fotografia.

Quando Mondrian falou:

“ No futuro todos seremos artistas” possivelmente estava prevendo o advento de um meio de produção de imagem de fácil acesso e simples domínio. Eis ai a fotografia digital.
Hoje ela faz parte do nosso telefone celular e é parte do desejo de consumo de grande parte dos brasileiros, principalmente daqueles que podem parcelar tudo em até dez vezes. É somente comprar uma máquina digital e sair por aí “clicando” o mundo.
Recentemente vivi dois momentos distintos da fotografia. Primeiro, na minha visita ao Museu do Louvre/Paris quando fui surpreendido pelo batalhão de fotógrafos enfrente ao quadro da Monalisa de Da Vinci. E posteriormente, na apresentação de encerramento dos alunos da Filarmônica, aqui nosso Theatro Municipal.
Mas, você poderá me perguntar o que é que tem em comum uma coisa com a outra. Eu respondo: o fácil acesso à fotografia. Um batalhão de fotógrafos ocupou os espaços com o mesmo objetivo de "roubar" um pouco da cena e levar para casa transformada em fotografia.
Que todos podem fotografar, podem. Que todos poderão sair por ai dizendo que fazem fotografia, também podem.
A minha maior preocupação não é com a democratização da imagem, mas com a sua vulgarização. Até parece que tudo é muito parecido e os valores vão se perdendo na multiplicação dos comuns. Aí continuo a perguntar...Hoje, o que é uma boa fotografia?
Isto é assunto para outra hora.

Eduardo Nascimento 27 jan 2008

Museu do Louvre/Paris setembro 2008


Theatro Municipal/Antonina dezembro 2008

Um comentário:

  1. Eduardo

    Gostaria de te dar os parabéns pelo ótimo trabalho, gosto muito do seu livro Antonina dos Meus Dias, e falando nele tenho dois trabalhos que me inspirei em fotos desse livro, ficaria feliz se você desse uma olhada neles. Eles estão no meu blog http://www.joaoarg.blogspot.com/

    Um abraço

    Um abraço
    João AR Glovatiski

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