quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Carnaval em Curitiba...

ASSOBIÓDROMO OU FANDANGÓDROMO?
O Hélio Leites me encomendou um projeto de carro alegórico – como arquiteto que já fez estudo de Assobiódromo prá ele, parece um pedido razoável. Claro, acresce ainda que sou admirador – não incensador – do Oscar Niemeyer.
            Mas o pedido esbarra em outra convicção minha: a da inutilidade de tentar “salvar” o carnaval curitibano. Embora, salvação haja, é em recriações como a da “Escola de Samba Unidos do Botão”. Isto é, com uma caracterização de coisa regional, não na imitação e cópia dos esquemas brasileiros tradicionais. Parece que há uma dificuldade enorme em se entender que Curitiba não é o Rio de Janeiro – nem Floripa, nem Recife, nem Salvador e nem mesmo Antonina – no que essa diferença tenha de boa ou de ruim.
            Essa coisa patética que aqui temos deveria ser esquecida de vez – o que é fácil – para alívio da população oprimida pela ditadura momesca.
            Não inventei isso – mas gosto, e há mais quem goste, da idéia de fazer da cidade um refúgio para não-carnavalescos. Traria muito mais gente, negócios e dinheiro a cada ano do que essa pífia Copa do Mundo, que nunca mais voltará, praza aos céus.
            Não é necessário demonstrar o óbvio, a falta de vocação curitibana para o carnaval, e nem mesmo discutir as razões dela. Fica por conta daquelas listas da internet, arrolando dezenas de razões para abominar o “jeito curitibano de ser” – todas elas podendo ser resumidas no já citado fato de que não somos Rio nem Floripa, nem etc. Não vejo porque devêssemos ser de outro jeito – populações, ainda que minoritárias, tem direito à sua própria personalidade. Se fossemos tão repelentes assim, não haveria uma população adventícia maior que a nativa.
            Mas a demonstração da nossa vocação para refúgio político dos exilados da monarquia momesca, fica bem demonstrada por um amigo que se refugiou em Curitiba do carnaval de Floripa. Deu azar e hospedou-se em hotel do Centro Cívico onde, na falta de congresso religioso, havia batucada com mais auto-falantes do que músicos.
            Vão me dizer que há até tradições carnavalescas na cidade – como a Banda Polaca do Dante Mendonça ou os Sacis da Garibaldi. E eu vos direi que, no entanto, que uma andorinha não faz verão e um bloco não faz carnaval, que as exceções confirmam as regras e etc e tal. E que qualquer festa substitui com vantagens essas, poucas e circunstanciais.
            Para quem não pode viver sem isso e não se satisfaz com as comemorações futebolísticas, filas no litoral e similares, poderia ser disponibilizada uma Kombi que levaria os costumazes foliões para Antonina, que lá, me garante o Eduardo Bó, tem carnaval.
            E agora vai ter quem me diga que o veículo circularia vazio, ou com dois ou três passageiros – não faz mal, na ponta do lápis ou, analisada a relação custo-benefício como gostam de dizer os neoliberais, sempre sairia mais barato que as baldadas tentativas de implantar um carnaval em Curitiba.
            Então, Hélio Leites e “Povo do Botão”, me desculpem, mas dessa vez, fico devendo. Serve um daqueles botão-adesivo para distribuir na Feira de Artesanato?!

                                                            Key Imaguire Junior
                                                            Curitiboca faixa-preta

           

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