Publicado em Julho 2004 e no livro "Crônicas da Capela" 2006.
E COMEÇOU A
“PEDIRRANHA”
Desde a chegada dos portugueses em 1500, a estratégia de
agradar a população para conquistar sua confiança não mudou muito. Hoje em
lugar de presente-a-la com espelhinhos, utensílios e bugigangas, os políticos
interesseiros em conquistar votos, prometem o impossível, “compram” tudo o que
podem para então ocupar um cargo por quatro anos, que muito bem planejado
poderá ser transformado em oito e fazer dele o que bem lhes interessar. A
prática de se dar alguma coisa em troca de um voto não poderia deixar de ser
uma atitude das mais repugnantes e prejudiciais ao processo democrático, mas é
esta a prática da maioria dos políticos em busca do voto. E não adiantam
incriminar somente o “cidadão” de baixa renda que em época de eleição sai pela
rua em busca de um político para lhe pagar a sua conta de luz, água,
etc...Etc...Etc. Pior mesmo são aqueles que se dizem “esclarecidos” e se vendem
por uma promessa de emprego para si, ou alguém de sua família. Voto é direito
sagrado, é melhor jogar no lixo se não mais acreditar em alguém, do que
vendê-lo.
Hoje mesmo fui abordado por um “cidadão” catador de papel,
que me perguntou se eu conhecia algum candidato que poderia lhe comprar um
carrinho novo e argumentou: “o carro
custa R$300,00 e as pessoas que querem que a gente vote deveriam ajudar mais os
que precisam”. Ou seja, a sua ingênua maneira em achar alguém para resolver
o seu problema, contribui com o viciado processo eleitoral que é constituído
por milhares de pessoas como ele, que ainda não aprenderam reconhecer o valor
de seu voto e o seu direito como cidadão. Este tipo de abordagem perdurará
ainda por muitos anos e uma mudança dependerá de políticas públicas voltadas
para a melhoria das condições de vida da população. Preocupações que
dificilmente notamos nas ações governamentais. Para muitos governos é bom que a
ignorância perdure, só assim poderão continuar comprando votos e vendendo
desilusões.
E a “pedirranha” continua em outros escalões. São candidatos
que negociam empregos públicos, pseudo-s lideres partidários, sindicais, de
serviços e religiosos fazem solicitações financeiras para suas comunidades em
troca de um possível apoio, em fim uma verdadeira “suruba” política onde
dificilmente podemos distinguir o verdadeiro criminoso, se é aquele que compra
ou aquele que quer vender. O que achamos que sabemos, é que está dada a partida
para mais um processo eleitoral, e que só de boas propostas para a nossa cidade
uma candidatura não decola, é preciso muito dinheiro para ativar os ânimos de
boa parte do nosso eleitorado. A praia é lodosa e somente um chega em sua
beira.
P.S. Lista de material desejado do eleitorado:
cesta-básica, conta de água e luz, botijão de gás, pagamento do IPTU atrasado,
jogo de camisa esportiva, bola de todos os tipos, certidão de nascimento,
casamento e óbito; mudança, terra para aterro, manilha, milheiro de telha e
tijolo, cadeira de roda, óculo, dentadura, pagamento de escritura, remédio,
passagem de ônibus, consulta e internamento hospitalar; bolo para casamento,
aniversário e bodas; enxoval, pagamento do batizado do filho, pagamento de
remendo de pneu da bicicleta, pneus para o carro, IPVA e muitos outros que a
memória me traiu. Bem, agora temos a nova geração que deverá solicitar: CDs
para carro, pagamento de telefone e compra de celular. Bons pedidos!
Pior que a venda do voto é pensar que já ganhou, como vem aconteceu com a turma da monica( com letra minúscula mesmo de tão insignificante que são)que já respiram ameaças de perseguição aos professores que se declaram contra a sua volta.Quanto desatino!
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