Publicado em 02/04/2006 e no livro "Tenho dito"2012.
LUXO
OU LIXO I?
A
história de Antonina é muito rica. Desde sua pré-história, onde constatamos a
presença dos nossos primitivos carijós ou também conhecidos como homens dos
sambaquis ou tambaquibas; da colonização pelo homem branco que por aqui chegou
por volta de 1646; do seu desenvolvimento econômico no final do século XIX e
início do XX; do período de total decadência iniciada com o fechamento das
Indústrias Matarazzo em 1975 e a estatização dos serviços portuários pelo
governo golpista de 64, até o início de um novo ciclo que chegou a bater em
nossa porta no final dos anos noventa.
Toda
esta vivência de altos e baixos nos proporciona um enorme cabedal de
referência, onde podemos construir a nossa história e projetar melhor o nosso
futuro.
Como
é bom quando se tem uma história maravilhosa e se pode contar para “todo mundo”
de onde a gente veio, onde estamos e para onde iremos. Mas é por aí que começam
as nossas dificuldades.
Antonina
viveu um processo de estagnação e abandono por muito tempo. Com a abertura dos
Terminais Portuários da Ponta do Félix no final dos anos noventa, as atividades
portuárias voltaram a movimentar a cidade. Empregos foram gerados e mais
riqueza circulou por aqui. Mas isto é muito pouco. Sem nenhuma dúvida foi dado
início a um novo ciclo, mas não se deve achar que este será a nossa redenção.
Uma cidade com mais de 20 mil habitantes não pode depender economicamente de
uma única fonte de recursos. É preciso criar novas alternativas para a geração
de empregos, digo, de renda.
Infelizmente,
nenhuma das últimas administrações municipais que tivemos tinha proposta para
abertura de novas frentes de geração de renda (a não ser de suas famílias),
como também não tem a atual. O vazio projetual é uma ausência (estou sendo
redundante) que dói na nossa alma, quando se constata – ao vivo e em cores – a
falta de projetos para a cidade.
Simplesmente,
administram-se (quando conseguem) os problemas emergentes. “Nada” é feito com
planejamento, competência e bom senso. O mais importante é “tapar o sol com a
peneira”, preservar os interesses do grupo e ignorar os problemas da
comunidade.
Hoje,
encontramos uma cidade triste. Arruma-se uma rua aqui, a outra somente no
próximo ano ou quando der, de preferência perto do ano eleitoral. Agora vamos
arrumar o Mercado (que até agora não se sabe por que foi fechado)... Uma nova
“festinha” na cidade, mas a sensação de abandono ainda se faz presente.
Nosso
Patrimônio Histórico continua sem projeto. Nossas praças abandonadas à mercê de
pessoas desocupadas, bêbadas e drogadas, também vítimas do processo. Nossos
caminhos e estradas esburacados sem a mínima condição de tráfego. Nosso lixo –
lixo mesmo – ainda é depositado a céu aberto, sem reciclagem. Nossa baía
assoreada e poluída, com balneabilidade zero.
Mas
o pior mesmo é a falta de sensibilidade do nosso cidadão. Acostumou-se tanto
com a situação que não é capaz de notar o seu entorno. Está desacreditado e
tudo quase sempre se resume em: – “... Não vai dar certo!...” ou – “Aqui é
assim mesmo!”. A falta de esperança atinge na alma os pequenos empresários em
geral (principalmente aqueles que trabalham com turismo), contribuindo de
maneira negativa em suas atividades.
Claro
que tudo que falei, e muito mais, não é culpa da atual administração. Mas,
conforme o “andar da carruagem”, já deu pra notar que quase nada será feito
para modificar a atual situação. Como milagre é coisa de religião e não de
administração, um governo totalmente desconexo e sem nenhum projeto (Plano
Diretor não é projeto) não terá a competência necessária para ao menos amenizar
as nossas angústias e projetar melhores dias para a nossa comunidade.
Eu acho que deveria ter "Pedágio da reconstrução",de R$ 1.00 na entrada da cidade, para reverter na melhoria das calçadas e ruas, iluminação etc.
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