Vivemos
em uma cidade marcada por sua história, que ainda pode - e com orgulho –
compartilhar com a própria comunidade e seus visitantes boa parte daquilo que a
fez importante.
Marcas
poderão ser facilmente notadas, através de suas ruas estreitas com calçamento
de pedra, seu casario colonial português restaurado, suas festas tradicionais
religiosas ou pagãs e em sua tradicional gastronomia.
Apesar
deste cheiro de história, muito ainda é preciso se resgatar, como a sua própria
memória e identidade.
Seus
últimos cinquenta anos foram marcados pelo descaso dos governantes em todas as
instâncias. Boa parte de seus habitantes teve que procurar novos caminhos para
encontrar seu sustento e desenvolvimento.
Antonina
ficou as mínguas. Assistiu calada o fechamento do seu pequeno parque
industrial, e mais de uma dezena de atracadouros foi lentamente desaparecendo,
por conta de um governo golpista. “Em trinta anos tudo acabou”.
De
lá pra cá tudo ficou muito mais difícil, sem produção e geração de renda, sem
trabalho para seus moradores a cidade virou quase um dormitório e paraíso dos
aposentados, a espera dos filhos visitantes de finais de semana.
Nossos governantes municipais, também foram contagiados
com o ar de desânimo e abandono. Não souberam sequer traçar diretrizes
desenvolvimentistas para seus governos. Tudo ficou na mesquinhez do não faço
porque não vai da certo.
Hoje,
a comunidade continua pagando um preço alto, pois ainda não dispõe sequer de
bons serviços essenciais de educação e saúde e nenhuma
expectativa confiável de geração de renda e emprego.
É
difícil, mas dá até para afirmar, que por aqui nada funciona 100%,
principalmente quando os serviços são públicos.
Mas
o inadmissível mesmo é a falta de informação da nossa própria história. Se você
perguntar a data da fundação da cidade, ou nosso hino oficial, muitos irão
balbuciar e dificilmente irão responder com precisão.
Certos
marcos históricos da cidade, por pura desinformação passam despercebidos não
somente pela população, como também por pessoas que deveriam zelar, recuperar e
divulgar tal importância. As tais “autoridades constituídas”. Que em sua
maioria nem sabe o que e como fazer.
Ser
produto deste núcleo de desinformação e descaso é quase que viver no limbo e
achar que está no paraíso. Pura ilusão.
Mas
o que fazer se tudo tende a prosseguir? Indagam alguns conscientes
esperançosos.
Novos
protagonistas e os mesmos coadjuvantes procuram dar um novo ar ao velho palco,
gasto pelo tempo. Rotas indumentárias e textos decorados e envelhecidos. Merda!
Que
se faça, se resgate e se mude. Não mais aguentamos a fala de sempre: “não temos
recursos!” Melhor seria ouvir: “não sabemos fazer!”.
Como
exemplo do descaso com nossa história, mostro um conjunto de fotos referentes
ao marco da construção da Estrada da Graciosa (1873). Antes tínhamos um portal,
que em nome do desenvolvimento foi demolido em 1967. No mesmo local foi
construído um mural contendo duas placas comemorativas. O referido mural está
totalmente abandonado, poucas pessoas sabem do que se trata, nem mesmo
nossos estudantes. E no final do ano passado o pessoal da prefeitura abriu uma
enorme fenda, na justificativa de dar maior evasão para as águas da chuva.
Esperamos que a atual administração dê o verdadeiro valor ao monumento e
imediatamente o recupere.
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Portal da Graciosa 1959 |
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Mural da Graciosa 2010 |
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Mural da Graciosa 27.03.2013 |