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Das 88 casas em construção em Antonina, 18 estão em fase de conclusão. A previsão é de que todas estejam prontas até julho |
Gazeta do Povo - Publicado em 11/03/2013 | KATIA BREMBATTI
Famílias continuam em abrigos nas cidades atingidas pela
enchente. A maioria das casas não está pronta e pontes não foram reconstruídas
Podiam ser cicatrizes, mas ainda são feridas abertas. Passados
dois anos da tragédia que fez água e lama invadirem casas no Litoral do Paraná,
as marcas da enxurrada ainda afetam a vida de muita gente. Apesar dos R$ 24
milhões já investidos, famílias continuam em abrigos e pontes não foram
refeitas. Moradores de Antonina, Morretes, Paranaguá e Guaratuba aprenderam a
conviver com as consequências da grande enchente.
Para quem vivia em um
amplo sobrado de mais 100 metros quadrados, em Antonina, a família do
garçom Magno Azevedo se vê apertada em uma casa de dois quartos, dividida com
outra família. A chuva continua sendo um pesadelo. A cada pancada, a água
escorre por paredes, focos de luz e janelas.
Prevenção
Após enchente, estudos foram feitos
para evitar nova tragédia na região
O
deslizamento de morros e o desmoronamento de casas mataram quatro pessoas no
Litoral paranaense em 11 de março de 2011. As cidades de Morretes, Antonina,
Paranaguá e Guaratuba foram atingidas. Depois do desastre, foram feitos estudos
sobre áreas de risco e levantamentos para indicar áreas preferenciais de
atuação em caso de emergência, como ruas que mais alagam e morros mais
suscetíveis.
Após a
enchente, o número de estações pluviométricas – que monitoram o volume das
chuvas – aumentou de 14 para 20. Além disso, duas comunidades receberam
treinamento de evacuação. Estudos sobre a viabilidade da ocupação na comunidade
rural de Floresta também foram feitos, mas o governo estadual ainda não tomou
uma decisão final sobre a situação. Pelo menos 78 famílias manifestaram a
vontade de continuar na área rural.
Escola
Recentemente, a Gazeta do Povo mostrou a situação de
estudantes que, sem transporte escolar por causa da falta de pontes, precisam
caminhar sete quilômetros – atravessando pequenos córregos – para chegar à
escola em Paranaguá.
Adaptação
Confira a história de algumas pessoas
que ainda vivem as consequências da enchente:
Floresta
O
agricultor Nagib Capeta não pretende sair do distrito de Floresta, em Morretes.
“Estão dando a Floresta como desativada. Estamos sem direito de fazer
empréstimo em banco”, conta. Ele diz que a saída para o asfalto enche em dias
de chuva e que a dragagem feita no rio foi insuficiente. “Tiraram a areia e
jogaram para cima do barranco. Quando chove, volta tudo”, resume.
Morro Inglês
A
professora Liliane Celestino Andreoli é moradora de Morro Inglês, em Paranaguá.
“Onde eu moro não existe ponte. Em dia de chuva não dá para passar”, afirma.
Nos outros dias, as pessoas precisam passar por um curso d’água. “A gente vai
se adaptando. É um lugar que a gente gosta. A minha família vive aqui há mais
de 100 anos.”
Antonina
O
servidor público Gilberto Cardoso, 36 anos, continua morando com a família em
um abrigo improvisado em Antonina. “Graças a Deus, não perdemos ninguém na
enchente”, conforma-se. Quando foi morar na casa de três cômodos, que é
dividida com outra família, não imaginou que ainda estaria ali dois anos
depois. “Aqui eu não posso mexer em nada. A casa não é minha”, comenta.
Dinheiro
R$ 43,3 milhões foram destinados pelos
governos federal (R$ 21,2 mi) e estadual (R$ 22,1 mi) para a recuperação do
Litoral paranaense. Confira como o montante é usado:
Obras concluídas
•
Recuperação das rodovias PR-340 e PR-408: R$ 17,5 milhões
•
Estabilização de taludes: R$ 1,7 milhão
• Reforma
de abrigos temporários: R$ 97 mil
• Reforma
nas redes de água, esgoto e energia: R$ 510 mil
•
Terraplanagem e drenagem em Paranaguá: R$ 1,4 milhão
•
Recuperação, limpeza e canalização de rios: R$ 2,7 milhões
Em execução
•
Construção de 223 casas: R$ 9,3 milhões
Em fase de licitação
•
Construção de 19 pontes: R$ 10 milhões
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