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Foto meramente ilustrativa - Porto 1930 |
Porto de Antonina
Ermelino de Leão¹ em seu livro de 1918, se apropria do
relatório de 1877, do Barão de Teffé, para descrever determinadas “minúcias e
verdades” sobre o então porto antoninense.
Entre as vantagens na época assinaladas está: “a situação
topográfica de Antonina, que oferece dois acessos na serra, o da Graciosa e do
Itupava, para a comunicação com o interior do Paraná”. Sendo o da Graciosa,
convertido em uma das melhores estradas de rodagem que o Brasil possui (a
Estrada da Graciosa foi construída para ligar o primeiro planalto ao Porto de
Antonina – inaugurada em 07 de julho de 1873).
Fala de uma próspera comunidade, que na época (1877) contava
com uma população 6 mil “almas” e que tinha vivenciado recentemente a elevação
a cidade (1857). “Cidade pitoresca, que goza de um clima ameno e salubre,
bem como soberbamente férteis as terras, principalmente no magnífico Valle do
Cachoeira, que parece fadado às mais prosperas colônias”.
“O Barão do Teffé
estuda sob todos os aspectos a superioridade do porto de Antonina, traçando um
belo relatório, que com prazer, reproduzimos integralmente neste trabalho
porque é um eloquente depoimento a favor do grandioso futuro desta terra”...conclama
Ermelino de Leão.
Aqui registro algumas citações do Barrão de Teffé, que no
momento considero essenciais a nossa identidade:
... “Tem, pois, o
município de Antonina recursos próprios, e como entreposto do interior de toda
a província vê-se na cidade e porto um continuo movimento comercial que lhe dá
vida e animação.
As ruas da cidade
são em geral direitas, largas e limpas, as casas espaçosas e asseadas, o
mercado bem provido e, sobretudo de carne verde superior e pelo preço
barato de 200 reis o quilo e as suas fontes públicas abastecem de boa água
a população.
Em resumo, em
Antonina, a vida é cômoda e econômica, a índole do povo pacífica e alegre
ativo e sobremodo amável e hospitaleiro o caráter dos habitantes”.
...“Hoje Antonina
ostenta o mais importante estabelecimento industrial do Estado – o Moinho
Matarazzo erecto no próprio ponto assinalado por Antonio Rebouças para estação
marítima da estrada de ferro do Paraná, e servido por uma linha férrea que o põe em fácil comunicação com o
interior do Estado”.
...“O futuro de
Antonina está, pois, plenamente assegurado. O que devemos é trabalhar, com afã para que o advento dos dias de progresso não seja retardado pela
nossa incúria É para lamentar que, no contrato de melhoramentos dos portos do
Paraná fosse Antonina esquecida. Não somos dos que creem que, em futuro não
muito remoto, os portos internos do Paraná se prestam para atender ao crescente
volume do nosso comercio externo.
Teremos de cogitar
na construção de um porto atlântico, em pleno oceano, que permita a franca
navegação ao navios de alta tonelagem, se não quisermos ficar eternamente
tributários dos portos de Santos e de S. Francisco. Esta se nos afigura a
nítida compreensão das exigências do ardiloso futuro reservado ao Paraná.
Mas, nem por isso,
nos devemos descuidar do presente e da conservação e melhoria dos nossos
ancoradouros de Paranaguá e Antonina. Ambos são necessários para o atual
movimento comercial do Estado, ambos podem e devem ser melhorados para permitir
a expansão das nossas forças econômicas. A natureza está, sem duvida,
escrevendo um capitulo de geologia, como bem observou douto viajante italiano.
As nossas baias, dia a dia são obstruídas pelos detritos arrastados pelos
numerosos rios, que lhes são tributários.
Tudo isto é triste
e evidente verdade”.
E concluí: “É
necessário, pois, que os poderes municipais de Antonina concentrem os seus
esforços uniformemente, no sentido de obter esse resultado: a melhoria das
condições do Porto sem maior ônus para o comercio que dele se utiliza”.
Antonina, 07 de outubro
de 2013
Eduardo Bó do
Nascimento
¹
Leão, Ermelino Agostinho de. Antonina, fatos e homens. 1918.
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