SERVIDOR
OU SENHOR?
Publicado em 18/junho de 2006
Para
quem viveu mais de vinte anos sob um regime autoritário, nos parece que apenas
vinte dos nossos últimos anos de plena democracia ainda não serviram para
educar a nossa sociedade, e principalmente os nossos políticos, sobre os papéis
que devemos assumir como protagonistas deste sistema.
Quando
elegemos alguém para administrar os nossos espaços, sejam eles desde a pequena
célula municipal até a nossa grande nação brasileira, esperamos que os eleitos
saibam o papel que lhes cabe. Creio que uma grande parcela da população
pensante não escolheria alguém para ser o seu “senhor”, o seu dono. Espera,
como princípio do próprio regime democrático, que os nossos administradores
possam ocupar seus cargos como pessoas comprometidas com as suas cidades, seu
estado ou nação. Ou seja, comprometidas com as pessoas. Pessoas que pensam e
agem, de diferentes de crenças e costumes.
O
regime nos dá a oportunidade de escolher, por um determinado tempo, alguém em
quem se possa confiar para gerenciar as nossas necessidades públicas, como
saúde, educação, transporte, segurança, trabalho, ou seja, o bem-estar de todos.
O
governante eleito deveria se orgulhar de ter sido escolhido “o servidor público
número um” de sua comunidade. Ser nada mais do que o nosso amigo e benfeitor.
Mas não é o que acontece.
Quase
sempre nos deparamos com um transformismo monstruoso. Viram, no mínimo,
autoritários, prepotentes, déspotas. Começam a acreditar (e acham verdade) que
estão no poder para fazer dele o que bem entender. Esquecem os compromissos –
quando os têm – assumidos com seus correligionários, ou seja, com o povo.
Muitos montam verdadeiras quadrilhas para saquear os nossos míseros recursos e
jamais lembram que somos nós, os cidadãos eleitores ou não, que pagamos o seu
salário e na maioria das vezes de boa parte de sua família.
Na
prática, infelizmente, há uma inversão de valores. De “senhores” que somos, por
pura covardia e omissão viramos servis, quando não subservientes. Parte do
eleitorado, os coitados e incompetentes, que vivem sempre ajoelhados, se tornam
bajuladores e ajudam a alimentar o grau de prepotência do bajulado. A cegueira
é total e por um bom tempo o governante esquece o seu estado primário de graça,
de ser servidor. Insiste em continuar “senhor” até se dar conta de que o tempo
vai passando e seu “reinado” acabou.
E é
somente perto das eleições que eles voltam a se vestir de servientes. E começa
tudo de novo: “blá@43%66#3blá@$3$408LKKhj@kjklDe@3556^ 5”.
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