Publicado em 26
de novembro de 2002 e no livro "Crônicas da Capela" 2006
MANUTENÇÃO EIS A
QUESTÃO!
A vida nos ensina que devemos sempre agir com
responsabilidade em todos os nossos atos. Desde um gesto simples de sobrevivência
com dignidade, na constituição de uma família e muito mais no exercício difícil
da política quando ocupamos cargos públicos.
Manter alguma coisa
em nossos dias é tarefa muito difícil. O simples assalariado vê o seu poder
aquisitivo fugidio e só com muita ginástica consegue manter as suas
necessidades básicas e quando sobra algumas migalhas procura guardar para
adquirir alguma coisa que irá melhorar – nem sempre – a sua qualidade de vida.
Mas o difícil mesmo é
manter esta qualidade.
Um pequeno
planejamento é necessário para se conseguir equilibrar o orçamento. Não dá pra
sair por aí comprando tudo o que a gente vê, sem antes fazer as contas e checar
como se vai manter o novo bem que se adquire, ele não só tem um custo inicial
como também deverá ser calculado, quanto iremos gastar com a sua manutenção. Aí
começam os problemas.
Manutenção são
medidas necessárias para a conservação
ou a permanência de alguma coisa ou de uma situação. São determinados cuidados
que devemos tomar para dar vida as nossas aquisições, sejam elas materiais,
humanas, culturais, utilitárias, de serviços...Etc...Etc.
Diariamente nos damos
conta de pessoas que não conseguem manter os seus bens, ou que eles se
deterioram com o tempo por falta de manutenção e chegam a perder tudo.
No poder público
quase sempre acontece a mesma coisa. É fácil de perceber que cada novo
governante gosta de deixar a sua marca administrativa. É muito fácil construir
coisas, principalmente megalomaníacas. O governante gasta o que bem entende,
nem se quer consulta a comunidade sobre a necessidade da obra, constrói e deixa
o tempo tomar conta da edificação. Não tem dinheiro para contratação de pessoal
e muito menos para a sua manutenção. Daí vamos nos dar conta novamente de mais
“uma coisa” feita pelos belos caprichos da administração, que sempre se
diz pública. Sabemos que é muito difícil manter as coisas, por isso é preciso
planejar e envolver a comunidade em suas decisões.
Em nossa cidade
deparamos muito bem com este problema. A prefeitura diz que não tem dinheiro
sequer para trocar as lâmpadas queimadas. Há cinco anos deram um novo visual na
Praça Cel. Macedo – muito bom por sinal – mas não consegue sequer manter um
jardineiro. Faltam lâmpadas, luminárias, bancos e carinho com o nosso
centenário logradouro público. A Praça Romildo Pereira – Feira Mar está
totalmente as escuras. Em seis anos desta gestão foram ali colocados apenas uma
dúzia de bancos e nada mais. Nem uma
boa varrida nos finais de semana é feita. O Centro Social do Batel – obra desta
gestão- não tem uma programação contínua e esporadicamente acontece alguma
coisa promovida pela prefeitura. Falta tudo.
Sem falar do Teatro
Municipal, que nem luz no palco tem. Muito menos funcionários especializados
para o seu funcionamento mínimo de acordo com suas finalidades. Ainda mais tem
a Ponta da Pita, as Fontes da Carioca e Laranjeiras, o Mirante da Pedra da Bela
Vista que necessitam com urgência de uma manutenção sistemática.
Hoje ao chegar na
cidade o visitante depara com novas e importantes construções, patrocinadas
pelo Governo do Estado. A Estação Ferroviária, o Mercado e o Trapiche Municipal
estão sendo recuperados e irá em breve melhorar o visual da cidade. Mas a
pergunta persiste...Quem irá manter estas obras? Será que vai ser o município? É claro que sim, e é aí que mora a nossa
preocupação. A Estação deve se tornar
um Centro Cultural e Turístico (até agora a gente só sabe por causo da placa),
o Mercado deve funcionar como mercado, ou não? E o Trapiche ta lá, de vez em
quando atraca um barco. Sem ao menos ter sido oficialmente entregue a
comunidade já está danificado, com a metade da iluminação queimada e o mato bem
crescido.
A quantidade de dinheiro público gasto para a recuperação destes
edifícios deveria englobar o custo para a sua manutenção, para não termos que
novamente assistir o desgaste e a total
desatenção administrativa municipal, que comprovadamente não consegue sequer
manter nossas mínimas necessidades. A cidade está esburacada, às escuras -
estão sendo substituídas as lâmpadas de mercúrio por vapor de sódio pela Copel
(Procel) – mal tratada e judiada. A gente sente a falta da presença da
administração, a gente sente a falta total de manutenção em tudo em todos os
lugares.
E daí? Se um cidadão
não consegue manter um bem que compra, perde. A justiça cobra e faz a pessoa
devolver. Quando não mantemos a nossa família a justiça nos prende. E os
políticos como ficam quando eles não conseguem manter as necessidades mínimas
da população, será que a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como cobrar deles?
Ou será que devemos acionar junto ao Ministério Público, estes irresponsáveis e
incompetentes? O que não podemos é continuar assistindo um Festival de gastos
públicos que em muito pouco tempo se transforma em sucata, e começa tudo de
novo. Devemos sim é cobrar políticas mais responsáveis, mais verbas e pessoal
competente para manter as nossas necessidades básicas. No mínimo gostaríamos que
os nossos administradores se fizessem presentes em nossa cidade. Pois nem
mantê-los por aqui a gente consegue, imaginem as nossas reivindicações.
N.E.Blog; Relendo este manuscrito e comparando com os dias atuais, quase nada mudou. A cidade continua com o mesmo ar de abandono. Nossos administradores, se assim poderemos chama-los, fazem de conta que nada se faz necessário. Continuamos convivendo com o mato tomando conta das ruas, o lixo doméstico se adapta a paisagem e vamos nos moldando ao entorno. Tudo parece normal.
"Nóis" faz de conta que reclama e eles fazem de conta que escutam. Pura Verdade Antonina!
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