Marcus Porvilha atento, imediatamente retrucou: “Compadre
não fale usado...Amaciado, é melhor! Com a nossa idade é melhor comprar sapatos
já amaciados.”
O tal sapato de vinte reais, fez Porvinha relembrar um
episódio, o qual vamos tentar relatar.
O DIA QUE COMPREI MEU PRIMEIRO SAPATO BRANCO
“Valnei, olhando
teu sapato usado, eu pedi pra você falar amaciado... Por que um dia que eu vi
um sapato branco...E procurei por Curitiba toda – não sei se não fui a São Paulo – tipo ‘Mocassim’. Estou aqui
conversando no Jekiti e quando vejo, Cascalho passa com aquele sapato, do meu
sonho nos pés. E me pergunto...Como vou estorvar o sapato dele? Olhei pro meu tênis...Pô...Da
moda, e perguntei à ele: - Casca, você não quer trocar comigo este sapato? Pensei
cá comigo...Por que vender ele não vai vender. No mínimo deveria ter ganho,
aquele sapato. Pois acredite, ele falou: - Marcus, seu eu for vender, vendo pra
você!
Mas teria que
esperar até ele se decepcionar com o sapato, e até lá perderia o gosto.
Então falei: Não...vamos lá em casa, você escolhe um sapato
daqueles que eu tenho, e você me vende e te dou mais cinquentão! Pô aquele
cinquentão me deu ‘uma bala’ ... E ele saiu de tênis, escolhendo um dos meus e
cinquentão no bolso.
Estou até hoje
com aquele sapato...Amaciado...Não era usado...Lindo!
Ele ganhou o sapato...E também usou aquele sapato branco,
mais um ou dois dias– estou justificando por ele ter ido lá em casa – que logo apareceu
com o sapato, e atrás do cinquentão...também.
Usei aquele
sapato e muito. Teve um carnaval, que eu sai de Senhor de Engenho, terno branco
e colete. Cordão de ouro e uma medalha que de longe parecia um relógio. O
sapato era aquele...Ele participou do carnaval...Então!
Lauro, Valnei e Marcus. Contando e ouvindo historias. |