Mais um no DIVÃ DO JEKITI... Chico da Funerária.
CAUSOS DA CAPELA E DE ZECO PINTO LOCO
“Bem vamos lá...Você sabe que o Zéco Pinto Loco foi sempre fanático pelo Capela. Fundador, foi escoteiro e era “filho” de criação de Maneco Picanço...Fazia tudo pelos escoteiros. Aí, ele montou a Escola de Samba e nós emprestávamos os instrumentos dos escoteiros – na época a tropa tinha um conjunto de instrumentos que utilizava nos desfiles – porque nós não tínhamos nenhum instrumento. Pegávamos tudo que podíamos...surdo, repique, baquetas, talabartes...etc., para o carnaval, só que nada retornava aos escoteiros, pois quebrávamos tudo durante a festa.
Seu Maneco esbravejava tal descaso de nossa parte, e
jurava que nada seria emprestado para o próximo carnaval: – Não pegam mais
nenhum instrumento dos escoteiros para fazer escola de samba...se virem!
Passava o tempo e ia se aproximando o carnaval e seu
Maneco Picanço perguntava preocupado: - Não vai sair a Escola esse ano? Respondíamos...Não
vai né, não temos instrumentos. Bem...respondia seu Maneco - com sentimento
de culpa - pois peguem, mas não me estraguem e devolvam como pegaram!
No início era um bloquinho carnavalesco com um boi pra animar, ainda não era uma escola. Pegávamos dinheiro com o estandarte, onde as notas eram pressas com alfinetes, e no final da festa, o dinheiro era repartido. Nessa época, eu morava no bairro do Batel e fiz um bloco com Wilson Clio, para pegar dinheiro no estandarte, mas na hora de repartir “a fatura” não houve acordo. Um queria mais que outro...Não deu certo e o bloco não vingou.
![]() |
Chico e eu no Jekiti... gravando. |
Dando continuidade ao bloco da caserna, o próprio Maneco
Picanço deu a ideia em criar uma Escola de Samba e sugeriu o nome de Capela,
assim foi criada a Escola de Samba Filhos da Capela. Nascida na caserna dos escoteiros,
local onde fazíamos bailes, pois tínhamos músicos como Albari, Adão, Miro
Raposa e muitos outros... isso tudo – se não me falha a memória, pelos
anos de 1948.
Bem mais tarde, com a Escola já estruturada, Zeco criou
o enredo ‘O circo chegou’ e como trabalhava na empresa do Valente, emprestou um
trator e fez um trapézio, no qual sua filha Josemeri – ainda criança,
foi colocada naquela alegoria, mas, infelizmente durante o desfile em plena
avenida a menina despencou de cima do trapézio, causando maior alvoroço...
ambulância, hospital, mas nada muito grave. Essa é uma das passagens do Zeco.
Do próprio Zeco, temos uma mais recente, o caso de sua filha Maria, que organizou o Bloco Boi Barrozo, um bloco lindo...Lindo! Durante o desfile do carnaval, a emoção foi tão grandiosa que a própria criadora infartou na avenida. Desfilando com imensa emoção, seu coração carnavalesco não resistiu tão grande momento, e veio a falecer aos sons e cantos do seu bloco mais querido. ‘Meu bloco está lindo’ suas últimas palavras.”
Coisas dos carnavais. Coisas de Antonina.
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog.