quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Mais uma do Divã do Jekiti...Cadê o Pinico? Histórias do carnaval de Antonina.


Essa história já contei várias vezes, mas em época de carnaval, sempre é bom recordar. Histórias dos carnavais de Antonina. Aos amigos do Jekiti.

Cadê o pinico?

No ano de 1988 fiz minha primeira exposição de fotografias sobre o carnaval de Antonina, intitulada Carnavalgrafia. A mostra foi montada em um espaço especialmente projetado para exposições de artes, no hall da Estação Ferroviária.

E o ano de 88, Nenê Chaminé - leia-se para os familiares Leovegildo de Freitas, completava 50 anos do Bloco do Pinico...Sem dúvida a mostra foi dedicada a ele.

O Bloco do Pinico foi criado em 1938 por Nenê Chaminé em companhia de mais quatro amigos: Douglas Guimarães, Reinaldo Linhares, Bereco Vieira e João Fumaça. O bloco consistia em no máximo cinco homens, vestidos de mulher, que portava alegorias, tais como pinico, comadre e aparelho de lavagem. O pinico continha cerveja com salsichas, a comadre salsicha com mostarda e o lavatório somente cerveja. O bloco andava pelas ruas da cidade e oferecia os ingredientes (cerveja e salsicha) para a plateia experimentar. - Era um horror...Exclamava o público.

Voltando a exposição

Quando Nenê soube que iria receber uma homenagem, procurou mandar confeccionar roupa nova e arrumar o velho pinico, para mais um dia de gala.

Giovanni Barbieri, empresário ceramista da cidade, meu amigo e do Nenê, ofereceu-se para decorar o pinico com letras douradas: Bloco do Pinico, 50 anos 1938/1988. Lá fui até a cerâmica do Giovanni para, com um finíssimo pincel, delinear as letras. Cumprida a tarefa, retornei à Estação para terminar a montagem da exposição. Horas depois encontrei o Giovanni, totalmente apavorado, pois pensando que o tal pinico fosse de cerâmica, colocou-o no forno para secar a tinta. O velho urinol era feito de metal esmaltado, que com a alta temperatura perdeu a cor tinta e ficou somente no metal preto.

E agora o que fazer com o cinquentenário pinico que quase derreteu?

Faltavam poucas horas para a abertura da exposição e o principal acessório do bloco tinha sofrido avarias.

A surpresa

Tudo pronto. A Estação lotada com a presença de carnavalescos dos blocos e Escolas de Samba da cidade, mas para mim – único que sabia da fatalidade pinical, eis que surge a figura dourada de Nenê Chaminé com seu pinico, agora dourado...declarou-se aberta a exposição Carnavalgrafia.

“Todo mundo já dizia

Que o pinico não saia

Mas o pinico está na rua

Com prazer e alegria”

E o pinico?  Nada como uma boa tinta spray – comprada pelo Giovani na loja do Guilherminho - que não pudesse dar um novo visual ao velho pinico... Agora com alma dourada...Merecidamente.

 A exposição Carnavalgrafia aconteceu no período de 12 de fevereiro a 13 de março de 1988. No então MUSEU DA ESTAÇÃO – Estação Ferroviária de Antonina

Documentação fotográfica do carnaval de Antonina 1975/1987.


Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente com responsabilidade e se identifique.