Essa história já contei várias vezes, mas em época de carnaval, sempre é bom recordar. Histórias dos carnavais de Antonina. Aos amigos do Jekiti.
Cadê o pinico?
No ano de 1988 fiz minha primeira exposição de fotografias sobre o carnaval de Antonina, intitulada Carnavalgrafia. A mostra foi montada em um espaço especialmente projetado para exposições de artes, no hall da Estação Ferroviária.
E o ano de 88, Nenê Chaminé - leia-se para os familiares
Leovegildo de Freitas, completava 50 anos do Bloco do Pinico...Sem dúvida a
mostra foi dedicada a ele.
O Bloco do Pinico foi criado em 1938 por Nenê Chaminé em companhia de mais quatro amigos: Douglas Guimarães, Reinaldo Linhares, Bereco Vieira e João Fumaça. O bloco consistia em no máximo cinco homens, vestidos de mulher, que portava alegorias, tais como pinico, comadre e aparelho de lavagem. O pinico continha cerveja com salsichas, a comadre salsicha com mostarda e o lavatório somente cerveja. O bloco andava pelas ruas da cidade e oferecia os ingredientes (cerveja e salsicha) para a plateia experimentar. - Era um horror...Exclamava o público.
Voltando a exposição
Quando Nenê soube que iria receber uma homenagem, procurou mandar confeccionar roupa nova e arrumar o velho pinico, para mais um dia de gala.
Giovanni Barbieri, empresário ceramista da cidade, meu
amigo e do Nenê, ofereceu-se para decorar o pinico com letras douradas: Bloco
do Pinico, 50 anos 1938/1988. Lá fui até a cerâmica do Giovanni para, com um
finíssimo pincel, delinear as letras. Cumprida a tarefa, retornei à Estação
para terminar a montagem da exposição. Horas depois encontrei o Giovanni,
totalmente apavorado, pois pensando que o tal pinico fosse de cerâmica,
colocou-o no forno para secar a tinta. O velho urinol era feito de metal
esmaltado, que com a alta temperatura perdeu a cor tinta e ficou somente no
metal preto.
E agora o que fazer com o cinquentenário pinico que quase
derreteu?
Faltavam poucas horas para a abertura da exposição e o
principal acessório do bloco tinha sofrido avarias.
A surpresa
Tudo pronto. A Estação lotada com a presença de
carnavalescos dos blocos e Escolas de Samba da cidade, mas para mim – único que
sabia da fatalidade pinical, eis que surge a figura dourada de Nenê Chaminé com
seu pinico, agora dourado...declarou-se aberta a exposição Carnavalgrafia.
“Todo mundo já dizia
Que o pinico não saia
Mas o pinico está na rua
Com prazer e alegria”
E o pinico? Nada como uma boa tinta spray – comprada pelo Giovani na loja do Guilherminho - que não pudesse dar um novo visual ao velho pinico... Agora com alma dourada...Merecidamente.
Documentação fotográfica do carnaval de Antonina 1975/1987.
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