quarta-feira, 21 de junho de 2023

TRISTE NOTÍCIA...mais um no Divã do Jekiti.

 

Hoje quem vai pro Divâ do Jekiti é meu amigo Herivelto Miguel Tavares, Ninoca. Pequeno grande homem de inúmeras histórias e causos, mas resolveu enviar um pouco, mas essencial, sobre a origem da familia Miguel Tavares, que para surpresa de todos, Ninoca agora virou ‘Primo’ contibuintes da grande familia libanesa que por aqui chegou e em sua maioria fincou comercio na Rua XV de Novembro, antiga Rua do Império. E assim nos descreve:

TRISTE NOTÍCIA

“Inicio do ´seculo XX, Antonina recebia muitos imigrantes principalmente libaneses, assim o tronco da minha familia “Miguel”, surgiu de uma família libanesa Rijos, Naima, José e Assad, esse último meu avô, que conheceu minha avó Maria Francisca, Chiquinha, o qual teve um relacionamento, que deu início a família Miguel Tavares. Meu avô Assad Miguel, vendia de porta em porta, como roupas prontas, tecidos e sapatos, eram chamados de mascates. Porém, não sei porque motivo, foi trabalhar em uma cidade em Santa Catarina, onde morou em um hotel, que infelizmente durante a noite sofreu um incêndio, sendo uma das vítimas  fatais do episódio. Ná época era usado o telegrama como meio de comunicação entre as cidades e a familia surpresa recebeu a seguinte informação: lamemntamos informar que Assad morreu queimado! Até hoje guardamos o documento original recebido, com a triste e trágica notícia do falecimento do meu avô Assad. Triste mas interessante: Assad morreu queimado.

Herivelto Miguel Tavares  01 jun.2023

Ninoca - Foto arquivo facebock 
















O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. 
Em breve será publicado em livro físico. Aguarde!

terça-feira, 6 de junho de 2023

PACTO DE MORTE...Mais um no Divã do Jekiti


Frequentadores do Jekiti.

Hoje quem está no Divã do Jekiti é meu amigo Lindomar Santos – Garça, que relatará fato ocorrido na juventude e tornou-se segredo entre os amigos e jovens da época. Conta aí Lindomar:

PACTO DE MORTE

“Morava em Curitiba com a turma de Antonina, no saudoso 1007 – apartamento do Edifício São Paulo (na época famoso Balança...mas não cai) na Rua Cruz Machado,311, 10 andar...apt.1007, onde agregava antoninenses (república). O apartamento consistia em sala, quarto, banheiro e uma cozinha que só cabia um, de tão pequena. Eduardo se instalou na sala, porque ele era o locatário do imóvel, e nós no quarto – um amontoado onde dormía em camas e beliches.

Em 1972, fui pra Curitiba fazer cursinho...em pleno resquício da ditadura militar. Fazia cursinho Bardal a noite. Sexta-feira, após ter feito um lanche, chego no apartamento e lá encontro uma turma de antoninenses...uns dez. Todos no 1007. Lembro ainda de algumas pessoas: ... Xixo – que namorava a filha do Negromonte, Edson e André Carraro...entre outros...que me falha a memória.

Eles tinham vindo de um jantar em Santa Felicidade, e passaram no 1007 para fazer alguma coisa e seguir a noitada. Se não me engano, iriam em um bar onde Antonio Pelicano estaria tocando violão. Cansado, estava mais disposto a dormir, mas a insistência foi tanta que resolvi acompanhá-los. E lá fomos nós.

Descemos no elevador - naquela algazarra, pegamos a Cruz Machado sentido contramão – bom lembrar que na época na rua existiam inúmeros bares noturnos...bocas-da-noite, isso lá pelas 23horas, ou mais. Como a calçada da rua era muito estreita, formamos uma fila indiana e seguimos, mas, o Edson Negromonte colocou os pés e subiu em um fusca e começou a gritar, chamando a atenção de todos. Nisso, duas veraneios descaracterizadas - placas da Bahia, para e descem uns homens, nos cercam e mandam encostar na parede com as mãos a cabeça. – Encostem aí bando de vagabundo! Tinham uns três de nós mais a frente, e quando viram o tumulto, apuraram os passos e se mandaram, como se não fosse com eles.

E nós seguimos na parede, passamos por uma revista total – achavam que portávamos droga, mas nada foi encontrado. Mandaram a gente entrar no camburão, e lá fomos nós de veraneio passear pela cidade. Amedrontados começamos a falar, mas, um dos policiais não gostou, sacou de um revólver e colocou em nossas caras: - Calem essa boca seus vagabundos! E o passeio continuou até chegarmos a Delegacia de Entorpecentes, que ficava ali na Visconde de Nacar.

Jogaram todos nos em uma sala...E nessa sala tinha um rapaz algemado, fomos novamente revistados, principalmente as barras das nossas calças e ouvimos: - Vocês não prestam nem para fumar maconha...seus vagabundos! Ficamos paralisados, calados sem saber do que esperar. De repente levaram o rapaz algemado para outra sala e começamos a ouvir gritos...berros e pauladas. Ficamos apavorados, mas logo tudo se acalmou e começaram a nos chamar, um de cada vez: - Você aí!!! Até que chegou a minha vez – com o cú que não passava uma agulha! Entrei numa sala escura – coisa de delegacia, aquela luz em cima da mesa e não se via a cara do delegado, para não ser reconhecido, e ele diz: - Mete a mão aí na mesa! Coloquei a mão na mesa e fechei os olhos, achando que iria levar umas palmadas, mas para surpresa, veio um policial por traz e me dá uma senhora ripada na bunda. – Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Era o que podia fazer. – Vá embora seu vagabundo! Retrucava o tal policial.

Sai da delegacia calado e cabisbaixo, desci a Visconde de Nacar e na primeira esquina encontrei parte da turma – pois fui um dos últimos a sessão tortura. O clima era de total preocupação, e na presença dos demais foi feito um pacto de silencio: NINGUÉM CONTA NADA DO OCORRIDO. O pacto parecia de morte, pois ninguém em Antonina poderia saber, principalmente nossos pais.  Segredo que durou mais de quinze anos e tornou-se público nos encontros entre os Amigos do 1007, anualmente realizados, principalmente nas caranguejadas no Restaurante da Ieda, mas todos já erámos adultos, alguns ausentes a comunidade e na hora da conversa, alguém dizia: - Contem aquela da prisão e da ripada! E não dava para deixar de relembrar esta trágica aventura.

Bem...para encerrar a narrativa dessa história, tem mais um detalhe que não podemos esquecer e que deveria ter sido contado no início. Quando a polícia nos abordou, nosso amigo Xaxo - que era um cara muito bonito, andava de paletó e camiseta, cabelos compridos... modelo...Bem vistoso. Ele falou para o policial: - Quem são vocês? Quero ver os documentos? A reação foi imediata e recebeu como resposta uma bofetada do policial. – Está aqui meu documento...seu vagabundo!”

Prof. Lindomar Santos...Narrador do causo.

Lindomar Santos – Garça 30 jan.2023

O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobo, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés em Antonina. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. Em breve será publicado em livro físico. Aguarde!