terça-feira, 5 de julho de 2011

Pintando a cidade.

No princípio chacareiros com um bom estoque da cal utilizado para melhorar a qualidade da terra em suas lavouras, quando percebiam que algumas árvores em sua propriedade estavam sendo ameaçadas por insetos, começaram a utilizar o material disponível achando que iriam espantar tal ameaça. Com o uso simplesmente empírico, despertou um olhar estético nos vizinhos que começaram a utilizar o material branco para dar maior visibilidade ás árvores que rodeavam suas propriedades, dando com isso um falso ar de limpeza ao local. Nas décadas de cinqüenta muitas cidades interioranas, se apropriaram deste valor estético para enfeitar suas praças e logradouros e começaram a aplicar a tal falsa limpeza em meios-fios e postes causando com o tratamento branco, um certo impacto.
Nos anos oitenta, a ciência comprovou que a cal não contribuía beneficamente com as árvores, não matava insetos exercendo um papel contrário, de enfraquecer a vegetação e leva-la a morte. Cidades começaram a criar seus parques ecológicos e suas áreas de preservação com acesso a população para realização das mais diversas atividades. As praças tiveram o mesmo tratamento. A preservação tomou conta da nossa cultura e a força da natureza se impõe como objeto de maior importância vivido e apreciado.
Imaginemos não é preciso ir muito longe – o Parque Barigui em Curitiba, com sua árvores pintadas de branco – meias cafonas . Árvores da Praça Tiradentes encapadas com “meias brancas”. Postes também “protegidos”, orelhões e meios-fios...Etc.
Hoje, ainda no início do século XXI, a valorização está na pureza dos objetos. Na natureza como ele é. Nas folhas, flores, frutos e nas cascas dos arvoredos, na beleza das calçadas e meios-fios de pedras com texturas e cores diferentes. Os postes – elementos poluidores para um bom urbanista - teriam mais que ser escondidos e não colocados como troféus nas laterais das ruas. Mas isso tudo não passa de uma visão um pouco mais requintada, com estética diferenciada e entendimento sobre o objeto que está sendo apropriado. Ou seja, precisamos entender os valores da cidade para que possamos trata-la e interferi-la.
Mau gosto
Ontem deparei com a equipe contratada pela prefeitura com baldes de tinta cal na mão, pintando loucamente todos os meios-fios, postes, canos de sinalização e até árvores no centro da cidade. Não sabemos quem foi o urbanóide que mandou executar tal tarefa, afrontando com isso a singeleza do visual do nosso calçamento e ruas. Além de causar um ar desagradável, a cal é uma tinta que sai quando encostada manchando roupas, pneus de automóveis e principalmente as árvores que por si só são belas e não necessitam de “meias”, independentemente da estação ser fria.
Então lá vai mais uma pergunta: será que não tem na administração municipal, alguém que possa defender com sabedoria, nossos valores históricos e estéticos. E também ecológicos?
Por favor, não pintem as árvores da Praça Coronel Macedo, nem da Feira Mar, muito menos do alto da Matriz. Aliás, por favor, parem com isso! A natureza e o bom gosto agradecem. Tenho dito.


Pintura de postes na avenida principal.
Pintura nas árvores...
Meios fios...canos de placas de sinalização, postes, e tudo que tiver a vista.
Cal neles!

Um comentário:

  1. Seu Canduca, se a cidade for tombada, o senhor não mais poderá mandar pintar meios-fios, postes e muito menos derrubar árvores da praças e ruas. Marcas da sua "administração".

    Eduardo Bó

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