Publicado no blog em
02/06/2011 e no livro “Tenho Dito”, 2012
RUÍNAS E ABANDONO
Quem passa pelas
antigas ruínas dos Armazéns dos
Macedos – Casarão – nota que a construção recebeu tapume em suas portas e
janelas, conjuntamente com o imóvel ao lado, da antiga fábrica de balas de
banana Pilar.
A proliferação de ruínas e terrenos abandonados na área
central da cidade já faz parte da nossa cultura visual, principalmente dos
moradores com menos de cinquenta anos. Época aproximada do início do desmanche
das empresas portuárias que faziam parte do conjunto instalado à beira-mar,
junto à antiga Praça Rio Branco.
Até agora, pouco ou quase nada foi feito para a
recuperação daquela área, a não ser a construção da Praça Feira-Mar e do
Mercado Municipal, nos idos de 1965.
De lá pra cá,
parece que a cegueira tomou conta dos nossos governantes e todos fingem que
aqueles espaços e imóveis não existem.
O “casarão”, como é chamado e conhecido pela
população mais jovem, já se tornou um marco do abandono e da decadência
econômica da cidade, se incorporando à bucólica paisagem. Mas, nos quatro
últimos anos, o prédio vizinho também ruiu e nada foi feito para sua
recuperação por parte do proprietário, se tornando um espaço ocioso, servindo
de local para o despejo de lixo, reuniões de desocupados e drogados.
A ruína dos
Macedos – o Casarão –, de ponto
de referência e cenário fotográfico de milhares de ensaios, passou a se
incorporar à vizinhança e se transformou em um conjunto abandonado, cheio de
mato, lixos, pedintes e drogados.
A Prefeitura
continua com sua eterna “catarata
visual” e no modo “faz de conta” sequer autua os “proprietários” e somente
colocou tapumes por ordem do Ministério Público, isolando o espaço e não
permitindo seu uso inadequado.
Hoje temos duas “nobres” construções interditadas em
área altamente importante da nossa história e de deslumbrante paisagem
marítima, que deveriam – há muito tempo – já terem sido recuperadas. Mas para
que isso aconteça é preciso vontade política e investimentos (públicos ou
privados). Dois ingredientes por aqui em extinção. Mas, até quando vamos
conviver com este ar de abandono?
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