Portal da Estrada da Graciosa, Antonina, inicio do século XIX. |
ESTRADA DA GRACIOSA...um recorte da história.
O caminho mais antigo que liga Antonina a Curitiba é a
Estrada da Graciosa. Tudo indica que o seu nome é fruto da nomenclatura da antiga
Vila Antonina, antes Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa, Pilar da
Graciosa...Ou Sítio da Graciosa. Local do então Capitão Mor Manoel do Valle
Porto, português, considerado seu fundador, que por aqui aportou em 1712, e
doador do terreno onde foi erigida a capela em louvor a Santa do Pilar.
Contexto
Com a expansão econômica da região e principalmente da Vila Antonina (1797), os caminhos eram árduos para se chegar ao primeiro planalto, ou seja, a Curitiba.
Com a expansão econômica da região e principalmente da Vila Antonina (1797), os caminhos eram árduos para se chegar ao primeiro planalto, ou seja, a Curitiba.
Comumente, cargas e passageiros deveriam embarcar e
desembarcar suas canoas nos portos de Porto de Cima e Morretes e a viagem pelo
Rio Cubatão (Nhundiaquara), era considerada perigosa. Sem considerar ainda a
jornada serra a dentro, através do Caminho do Itupava, em lombo de animal, até
chegar a Curitiba.
As canoas faziam a travessia de Morretes aos Portos de
Antonina e Paranaguá e abasteciam as cidades. Tal era a importância deste
entreposto que o encarregado era nomeado pelo Ouvidor da Comarca e cobrava
altas taxas para movimentação das cargas.
Incansáveis lutas
Enquanto nossos vizinhos, Paranaguá e Morretes lutavam para
melhorias do antigo Caminho do Itupava, os antoninenses lutavam pela abertura
do Caminho da Graciosa, que iria facilitar o acesso ao seu porto e reduziria a
árdua tarefa de travessia das canoas.
A luta até certo ponto e momento parecia em vão, devido ao
poder dos envolvidos. Segundo o historiador Ermelino de Leão (1), logo após a
instalação da Vila Antonina, a primeira Câmara tratou de realizar a legítima aspiração
dos seus munícipes: a reabertura do caminho da Graciosa. E teve a acolhida da
comunidade e das autoridades curitibanas. “O
Capitão-mor de Curitiba, Lourenço Ribeiro de Andrade prontamente atendeu ao
apelo dos capelistas, mandando consertar a picada até o cume da serra, para
encontrar-se com a turma que a Câmara de Antonina tinha enviado para a
restauração do histórico caminho.”
A 17 de novembro de 1738, os curitibanos enviaram a primeira
equipe para a reabertura do caminho: “Essa
bandeira levantou...Uma grande cruz, para
que servisse e fosse público”.
Mas não foi fácil não, embargos foram feitos por parte dos
vizinhos, chegando até a proibir o transito pela estrada, conforme edital de 12
de junho de 1798, do Ouvidor Geral Dr. Branco (2), sob penas severas. Mas a
decisão do embargo foi derrubada em 1807, pelo Governador de São Paulo, que
ordenou a abertura da estrada ao público (3).
Primeiras passagens
A 16 de agosto de 1807, romeiros a Nossa Senhora do Pilar
fizeram a primeira viagem pela estrada, para testar sua viabilidade, apesar de
ainda não estar concluída e afirmaram: “Transpusemos
com a maior felicidade, com mais de sessenta animais carregados, sem que
qualquer um ficasse mutilado e ferido. E que a distância da Villa até Borda do
Campo seria de sete léguas, que o terreno era muito mais vantajoso que o do
Itupava, porque evita os perigos do rio Cubatão (Nhundiaquara) e os
despenhadeiros da serra.” (4)
Ação definitiva
Ermelino de Leão, (5) nos atenta ainda que: foi certeiro o
movimento reivindicatório das comunidades de Antonina, Paranaguá e Curitiba,
quando informaram ao Governo Imperial a lastimável situação das vias de
comunicação da comarca. “Então, o Governo
Real julgou acertado intervir, baixando a carta régia de 17 de julho de 1820, que mandava proceder a reconstrução da Estrada
da Graciosa, incumbindo o serviço ao Tenente Coronel Inácio de Sá Soto
Maior...” Data da qual podemos
considerar como definitiva para sua abertura.
Vista da Estrada ja concluída. Autor desconhecido. |
Ações posteriores
Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (6),
as obras de construção da estrada foram concluídas em 1873, tendo sido
iniciadas logo após a criação da Província do Paraná (1853), por ordem do seu
primeiro presidente, Zacarias de Góis Vasconcelos. Até a metade do século XX, a
Estrada da Graciosa permaneceu como única estrada pavimentada do Estado, sendo
importante rota de escoamento da produção agrícola (café, erva-mate e madeira)
do Paraná rumo ao Porto de Paranaguá e ao Porto de Antonina.
Em setembro de 1959, o governador Moysés Lupion - fez a
entrega oficial do tráfego do trecho que vai da ponte sobre o rio Mãe Catira a
São João da Graciosa (PR-51), na rodovia Curitiba-Antonina. O trecho
pavimentado (asfalto) ligava Antonina à estrada imperial da Graciosa, colocando
finalmente Antonina em contato com a capital Curitiba. (7)
A Estrada da Graciosa, como é conhecida a Rodovia PR-410, é
uma estrada pertencente ao Governo do Paraná que utiliza a antiga rota imperial em
direção ao litoral do Estado, interligando o município de Quatro Barras às
cidades de Antonina e Morretes (8). Comprimento da pista: 28,5 km.
Hoje a Estrada da Graciosa continua servindo as cidades que
interliga e a todo litoral paranaense. Não mais transita carga e é protagonista
dos nossos mais importantes produtos turísticos da região, com sua paisagem
exuberante, seu calçamento de paralelepípedos, curvas acentuadas, sua mata
protegida e sua diversidade de espécies.
Isso é um pouco da nossa estrada...Graciosa.
Eduardo Nascimento
24 de março de 2020
Em quarentena do Covit 19
Referencias:
(2) Idem...pag 80.
(3) Idem...pag 83.
(4)Idem...pag 83.
(5)Idem...pag 122
(7) Histórias do Ayrton Cornelsen (Lolô ), 1960.
Belo resgate Histórico, meu querido Eduardo!!
ResponderExcluirExcelente histórico do Caminho da Graciosa
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