Texto publicado no blog e no livro “Tenho Dito-Antonina...crônicas, casos e acasos” 2012.
O 11 DE
MARÇO
O dia 11
de março de 2011 será marcado pelos episódios naturais ocorridos em nossa
cidade. A bela “deitada-à-beira-do-mar”, como dizia o poeta, acordou assustada
com as notícias nunca divulgadas de enchentes e deslizamentos de morros em seu
ventre e entorno, causados pela quantidade de chuva torrencial que se abatia.
No dia
anterior, a natureza já havia traçado um desenho do que estava para acontecer,
quando começou chover em quantidade e volume nunca vistos, descendo dos morros,
alagando os pontos mais baixos e dando o primeiro indício com o deslizamento no
Morro do Bom Brinquedo, no coração da cidade.
Mas foi na
noite do dia 10, quinta-feira, e amanhecer do dia 11, sexta, que presenciamos o
maior volume de chuva aqui registrado.
A
quantidade e a força da água foram tão intensas que os telhados das casas
indicavam que todos iriam desabar. As centenárias telhas de algumas casas
históricas não resistiam a tal quantidade de água e gotejavam por inteiro,
causando pânico aos moradores. As luzes se apagaram, os telefones ficaram mudos
e o abastecimento de água potável foi interrompido.
Mas foi em
torno das 14h que começamos a perceber a verdadeira consequência das intensas
chuvas, quando aconteceram os deslizamentos no bairro das Laranjeiras. Dois
morros no seu entorno não suportaram tanta água, deslizaram e levaram árvores,
pedras e lama, soterrando grande parte das moradias e fazendo uma vítima fatal.
Em outras localidades também aconteciam deslizamentos, como na Graciosa de
Cima, no Bairro da Caixa D’Água, Buraco da Onça e no km 4. Somente não houve
mais vítimas fatais nos soterramentos devido ao trabalho dos policiais do Corpo
de Bombeiros, que, aos primeiros sinais, retiraram os moradores. As ruas
centrais se transformaram em verdadeiros rios e todas as casas abaixo do nível
das ruas foram tomadas pelas águas. Bairros inteiros foram alagados.
As
autoridades constituídas começaram imediatamente suas tarefas de abrigar as
pessoas, cadastrá-las e coletar doações para minimizar o sofrimento. A Defesa
Civil fez sua parte e a maioria da comunidade não mediu esforços para ajudar.
Um enorme mutirão aconteceu. Parecia que estávamos em guerra. Som de
helicóptero tangia nosso amargo silêncio e dezenas de veículos cruzavam nosso
olhar, carregando móveis, mantimentos e distribuindo água potável para a
população. Autoridades de todos os escalões nos visitaram e viramos noticiário
nacional.
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Tudo isso mesmo... Os mais antigos com 80, 90 anos na época diziam não terem visto calamidade igual. Muitos até diziam que era por conta do coincidente tsunami que ocorreu no Japão no mesmo dia.
ResponderExcluirEu, mesmo morando numa casa considerada em nível mais alto, da rua, não deixei de sentir as consequências do toró.
Sai de casa inundada e fui abrigado (eu e a Helena) na casa dos amigos Cândida e César. Ao lado da casa deles o morro do Bom Brinquedo vindo ao chão... Ainda sim consegui dormir.
A cidade nunca foi tão unida quanto aquele mês. Todos foram atendidos e ajudados. As igrejas, escolas, poder público, defesa civil... Todos ajudaram. Muita doação de cestas que não eram nem básicas de tanto item que vinham. O ser humano é bom, quando é solicitado.