Publicado em 20/01/2006 e no livro “Tenho Dito” 2012
TURISMO
– MILAGRE NÃO EXISTE I
A
grande vocação dos municípios da região do litoral ainda é o Turismo. Até
político “cego” já ouviu falar nesta coisa. Mas é preciso sensibilidade e
vontade dos nossos dirigentes para que cada cidade possa começar a se
desenvolver.
Começando
pela montagem de uma equipe competente com a contratação de pessoal capacitado
na área. O melhor seria que cada município contratasse um profissional – por
meio de concurso público – para a área do turismo (técnico ou bacharel). Este
profissional iria se integrar a um corpo mínimo administrativo para que pudesse
operar nas mais diversas áreas, como pesquisa, planejamento, informação,
divulgação... Etc.
Outro
passo seria a autonomia do Conselho Municipal do Turismo. A maioria dos nossos
municípios já possui o Fundo Municipal de Turismo, mas é
inoperante, ou seja, não existem recursos financeiros e tudo depende,
novamente, da vontade única e exclusiva do prefeito. O Fundo, segundo seu
objetivo e regulamentação, deverá ser administrado pelo Conselho Municipal de
Turismo e seus recursos aplicados em projetos específicos da área, tornando
assim o processo mais dinâmico e descentralizado. A sociedade organizada
representada no Conselho é quem deverá destinar estes recursos, mas tudo não
passa de utopia. O Fundo não existe e os Conselhos se tornam capengas, pois não
conseguem realizar quase nada, e, quando existem, não passam de instâncias que
referendam as atividades das Secretarias Municipais de Turismo.
Mas
isto é preciso mudar. A dinâmica da natureza do Turismo requer pessoal
competente e atualizado, com visão realista do potencial e capacidade de cada
município e muito trabalho mesmo. Dizer para o Brasil que também temos banana,
carnaval e barreado requer a construção de uma nova dinâmica, que passa pelas
“tarefas de casa” de cada município até chegar ao projeto de Regionalização,
etapa cantada pelo Ministério do Turismo.
Até
breve!
O
Programa da Regionalização do Ministério do Turismo, que visa ao
desenvolvimento do turismo por meio da integração regional dos municípios, já
vem sendo trabalhado pelos sete municípios do nosso litoral. Desde março do ano
passado vêm sendo realizadas Oficinas de Sensibilização em Paranaguá e Matinhos
e dezenas de reuniões e visitas técnicas, onde se conheceu o potencial de cada
município, suas deficiências e qualidades em busca de um formato de roteiro
ideal para sua comercialização, objetivando trazer o turista para a nossa
região, com uma permanência maior e durante o ano todo.
As
oficinas realizadas pela SETUR foram excelentes. Além de delinear os caminhos
para o novo projeto, possibilitaram a integração entre as pessoas e as
instituições públicas e privadas. Os resultados sempre foram animadores, pois
no final do ano de 2005 chegamos à formatação de uma instância de governança, a
Agência de Desenvolvimento do Turismo do Litoral do Paraná, que, depois de
instalada, será a responsável pela política do turismo na região.
Apesar
das atividades da área do turismo estarem quase que em sua totalidade na
iniciativa privada, o papel dos órgãos oficiais é de suma importância,
principalmente nos municípios menores, onde a maior empresa da cidade é a
prefeitura. Ela é responsável pela manutenção dos serviços públicos, como
coleta de lixo, limpeza pública, saúde, segurança, conservação das vias de
acesso, preservação do Patrimônio Cultural, das praças e logradouros, da
assistência social, etc... etc... etc. Serviços essenciais para as atividades
humanas e, é claro, para o turismo. É bem aqui que encontramos as nossas
maiores barreiras. São as nossas “lições de casa”, em que cada representante
oficial assumia para si a responsabilidade das melhorias locais.
As
Secretarias Municipais de Turismo, principalmente as da nossa região, não têm
sequer autonomia financeira, imaginem o resto. Tudo depende da vontade do
prefeito e da “disposição” das outras Secretarias, pois o Turismo não é responsável
pela maioria das atividades essenciais e vitais do município, mas precisa delas
para se desenvolver.
Uma
administração pública é dividida entre grupos dos mais diversos interesses (a
famosa base de sustentação), que nem sempre estão preocupados com a melhoria da
cidade, mas muito mais com suas sobrevivências. A briga por novos espaços
políticos, somada às vaidades pessoais, é ingrediente visível e emperra as
ações. “Nada” acontece e a lentidão no surgimento de algo novo vai
realimentando o descrédito na política e nos políticos, atividade em plena
ascensão no planalto. E o turismo, como todas as outras áreas, fica também à
mercê das vontades dos nossos mandatários.
Como
“lição de casa” seria também importante uma Oficina de Sensibilização para os
nossos prefeitos. Eles precisam descobrir que está no Turismo a nossa maior
riqueza. Temos uma região rica em diversidade, desde praias, florestas, rios,
baías, cultura e muita história. Tudo isso se torna ingrediente para um bom
projeto desenvolvimentista. E parte destas tarefas depende deles... Ou
simplesmente passarão como coadjuvantes.
Até
breve.
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