terça-feira, 5 de novembro de 2019

Seis de novembro, comemorando o quê?



Desde criança fomos ensinados que no dia seis de novembro a gente comemora o aniversário da cidade. E assim ficou. Mas é aniversário do quê?
Bem...outra coisa que aprendemos, é que seria a Emancipação Política de Paranaguá...O mais correto seria nossa autonomia política, conquistada com a instalação da Villa Antonina em substituição a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa, instancia de caráter político religioso.

Conta nossa história... Segundo Ermelino de Leão ¹, que “a instalação da Villa se deu com uma certa demora por parte do Senhor Ouvidor Branco, de Paranaguá, pois a portaria com a criação da Villa, Cadeia e Câmara Municipal, foi emitida pelo governador da Capitania Geral de São Paulo, Antonio Manoel de Melo Castro e Mendonça, em 29 de agosto de 1797.” E a sua instalação somente dois meses e alguns dias após.
E prossegue: “Reunidos em local mais próprio da freguesia do Pilar, o Dr Ouvidor Branco, o escrivão da Ouvidoria, Capitão de Ordenanças José Morato do Canto, as pessoas principais da terra e o povo, deu-se começo a cerimônia, em consequência a ordem do Governador da Capitania de São Paulo...e erigia a Villa Antonina, em memória do príncipe Antônio (filho de D.João VI e Carlota Joaquina).”

Completa ainda...” Após a cerimônia, passou o Ouvidor a designar os locais onde seriam construídos a Casa de Câmara e Cadeia e também o Pelourinho “símbolo da justiça”, que consistia em um robusto tronco, com argolas e correntes de ferro.
Findo os atos formais, foi então decretada a instalação da Villa e seu desmembramento, cujos limites estipulados na lei, viriam desde a Ilha do Teixeira até aos cumes da serra que o separavam de Curitiba, ficando incluso os povoados de Morretes e Porto de Cima.

Realmente um ato louvável de se comemorar, a conquista de uma autonomia política, administrativa, cuja economia dependeria do trabalho da Câmara, de seu Ouvidor e da pequena população. Isso é 1797. O pequeno povoado ficou em festa, tendo a Igreja Matriz como ponto alto das comemorações.

Interessante recapitular sua primeira eleição para escolha de “pelouros” – pessoas que deveriam votar e escolher os camaristas. Segundo consta, foram escolhidos: Manoel Vieira Espiga (17 votos), Tenente Joaquim da Silva Pereira (13 votos), Antonio Gonçalves Cordeiro (13 votos), Manoel Jose Alvares (14 votos), Joaquim Antonio da Cruz (11 votos) e o Capitão Luiz Gomes de Medeiros (11 votos).

Nossa rica história de altos e baixos momentos políticos e econômicos nos faz refletir sobre o que devemos comemorar.
Será que a nossa decadência econômica marcada a ferro na segunda metade do século passado, nos beneficiou?  Será que a nossa estagnada paisagem ungida de ruínas com alma de decadência se transforma em objeto de grandiosidade e orgulho? Mas pra onde iremos?

Nossas crianças amanhã irão desfilar pela avenida saudando os políticos de plantão, em comemoração à vida – que já é uma grande causa.
Antonina estará completando 222 anos de sua criação como vila. O momento é de encantamento com o visual rememorado de vários monumentos importantes na cidade. É muito bom. Faz muito tempo cuja data não tínhamos quase nada a comemorar, mas creio, que ainda é pouco...Muito pouco!

A cidade da história, Patrimônio Nacional, pede e merece muito mais que ter seu vestido roto recuperado. Merece dar condições de renda e emprego para sua comunidade, tratar melhor suas crianças e idosos – que mantem a maior parte da renda do município, tratar seus esgoto e dragar sua baía. Ser tratada com respeito pelos políticos... Melhorar seu sistema de distribuição de água e energia elétrica...fora outras “coisitas” mais...Que aqui não vem a caso.
Precisamos aprender a planejar, coisa que nenhum governo até este momento fez...
E plantar flores.    Viva Antonina...em seu aniversário. Viva!

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¹Ermelino de Leão, “Antonina Homens e Fatos, 1918.

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