sábado, 25 de junho de 2022

HOJE TEM FESTA JUNINA? TEM SIM SENHOR. Histórias e Estórias.

 

HOJE TEM FESTA JUNINA? TEM SIM SENHOR.

 As festas juninas sempre foram os eventos mais esperados durante minha adolescência e juventude (anos 60/70). Em Antonina faziam-se festas memoráveis. Tudo muito simples, mas criativo. Os santos Antônio, João. Pedro e Paulo eram comemorados com rigor e muita alegria, principalmente nas capelas e nas escolas de ensino.

Na Liga acontecia a maior festa da cidade, em quantidade de barraquinhas, na grande Dança de Quadrilha e na fogueira, que sem dúvida era a mais alta e queimava dois dias. Em todas tinham quentão, pinhão, batata doce, cara, bolo de fubá, cocadas e muitas guloseimas tradicionais das festas juninas.

As meninas trajavam vestidos compridos de chitas, chapéus e lindas tranças com fitas. Já os “marmanjos” colocavam remendos nas calças, pintavam bigodes, barbas e até dentes. Na cabeça o tradicional chapéu de palha...e começava a dança da quadrilha, sempre marcada pela alegria de um “marcador-cantador”, Pelego, Wilson Cavalcanti ou Glostora, acompanhada por um sanfoneiro.

Os pontos eram mais ou menos esses: “Anavan...anarrie...otrefoá... (não sei se é assim que se escreve...hehehe.) Os cavalheiros cumprimentam as damas...E vice-versa. Passear na roça...Tem cobra no caminho...Volta que vem chuva. Trocar de par... De novo...novamente.” E seguia o baile até o ponto alto da festa, com o casamento dos noivos, com padre e tudo que a cerimônia exigisse.

Também tinha festa na Escola Brasilio Machado, sobre a batuta de Zéco Pinto e Cia. Onde a novidade era um serviço de alto-falante (quase sempre equipamentos emprestados das Casas Pernambucanas) onde o locutor enviava mensagens e oferecia música a platéia. Tinha festa também na Escola Rocha Pombo, no Ginásio Moysés Lupion (Vale Porto) e na Maria Arminda do Batel. Mas, para mim a festa marcante e a “melhor” era a dos escoteiros o “Arraiá da Caserna”.

FESTA NA CASERNA

Caserna era o local sede dos escoteiros da tropa Vale Porto, comandada por Manoel Eufrásio Picanço – Maneco Picanço. Em seu terreno continha nos fundos uma construção maior, onde se reunia a tropa. No entorno existiam várias casinhas de madeira, acantonamentos – por sinal, muito bem cuidadas, onde alojavam as patrulhas. Eram cinco ou seis: seniores, lobinhos, touro, águia, cão...

Seu Maneco programava tudo com muita antecedência. Alguns dias antes, a garotada subia o morro do Bom Brinquedo para cortar madeira para fazer um tal de “pau-de-sebo”, que consistia num tronco médio de eucalipto, que após descascado e seco ao sol, era embebido de sebo de animal até ficar totalmente escorregadio. Fixado em local bem visível e estratégico desafiava e atraia a garotada mais ousada a escalar o pau. Na extremidade tinha uma bandeira caso alcançada o vencedor recebia um prêmio. Eta brincadeira divertida!

Enquanto uma patrulha tratava do tal pau-de-sebo, outra já visualizava uma pequena árvore e um bambuzal que próximo o dia da festa seriam cortados para enfeitar a festa. A “Árvore da Surpresa” seria mais uma atração da festa. Uma árvore carregada de brindes, colocada no meio da fogueira, que tombaria em certo momento e a garotada pegava os brindes/surpresa.

Os acantonamentos eram decorados com bandeirinhas e com galhos de bambu e cada patrulha era encarregada em oferecer e comercializar uma guloseima. Minha patrulha era a da Águia e quase sempre – apesar de pouca idade, se encarregava em fazer o quentão. Bebida mais procurada nas noites juninas, para esquentar o corpo e relaxar. Nosso quentão era feito com cachaça – vinho era serra acima, açúcar queimado, gengibre, limão, casca seca de laranja, cravo e canela. Acrescentávamos parte de água, para diminuir o teor alcoólico, mas não perdia seu sabor. Era um sucesso.

Outra atração era o tal do quebra-pote, que consistia em encher um pote de barro com farinha e um brinde. O pode era suspenso por uma corta a uma altura que alguém pudesse alcançar com uma vara. E o desafio era quebrá-lo. Mas, antes, colocávamos o astuto bem abaixo do pote, vendávamos seus olhos, dávamos uma vara comprida e umas giradas para ele perder a noção do espaço e soltávamos ao encontro do pote. A plateia delirava, pois dificilmente alguém o acertava e quebrava-o.  Apesar da torcida poder ajudar o desafiante a se localizar e quebrar o pote: mais a direita...A esquerda...É aí!  E nada. Dá a vez para outro!

Bem, quase esqueci da dança de quadrilha. Apesar que nem sempre oferecíamos este tipo de entretenimento, pois nossa tropa era somente de meninos. Muitas vezes convidávamos quadrilhas de outras escolas para abrilhantar no arraiá. As poucas vezes que conseguimos realizar, lembro muito bem que anunciávamos a Festa Junina da Caserna com um desfile de carroças pelas ruas da cidade.  Os noivos com padre e padrinhos vestidos a caráter convidavam a comunidade a participar da festa. E assim era realizada a tão sonhada Festa da Caserna. Eta tempo bão!

Eduardo Nascimento

25 junho 2022

 

 

 


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