sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vale a pena ler de novo

A CARNAVALGRAFIA de 1988

Publicado em 20 jan 2010

No ano de 1988 fiz minha primeira exposição de fotografias sobre o carnaval de Antonina, intitulada Carnavalgrafia. A mostra foi montada em um espaço especialmente projetado para exposições de artes, no hall da Estação Ferroviária (hoje inexistente). A exposição mostrava várias facetas do nosso carnaval registradas nos últimos dez anos e também prestava homenagem a Leovegildo de Freitas, o Nenê Chaminé, pelos cinquenta anos do Bloco do Pinico.
O Bloco do Pinico foi criado em 1938 por Nenê Chaminé em companhia de mais quatro amigos: Douglas Guimarães, Reinaldo Linhares, Bereco Vieira e João Fumaça. O bloco consistia de no máximo cinco homens, vestidos de mulher, que portava alegorias, tais como pinico, comadre e aparelho de lavagem. O pinico continha cerveja com salsichas, a comadre salsicha com mostarda e o lavatório somente cerveja. O bloco andava pelas ruas da cidade e oferecia os ingredientes (cerveja e salsicha) para a platéia experimentar.- Era um horror...Exclamava o público.
Na abertura da exposição lá estava Nenê Chaminé com seu pinico dourado e seu traje especialmente confeccionado para a data. Também as baterias das Escolas de Samba da cidade se fizeram presente. Foi realmente um sucesso.

Nos bastidores
Quando Nenê soube que iria receber uma homenagem, procurou mandar confeccionar roupa nova e arrumar o velho pinico, para mais um dia de gala.
Giovanni Barbieri, empresário ceramista da cidade, meu amigo e do Nenê, ofereceu-se para decorar o pinico com letras douradas: Bloco do Pinico, 50 anos 1938/1988. Lá fui até a cerâmica do Giovanni para, com um finíssimo pincel, delinear as letras. Cumprida a tarefa, retornei a estação para terminar a montagem da exposição. Horas depois encontrei o Giovanni, totalmente apavorado, pois pensando que o tal pinico fosse de cerâmica, colocou-o no forno para secar a tinta. O velho urinol era feito de metal esmaltado, que com a alta temperatura perdeu a cor-tinta e ficou somente no metal preto.
E agora o que fazer com o cinquentenário pinico que quase derreteu?
Faltavam poucas horas para a abertura da exposição e o principal acessório do bloco tinha sofrido avarias. Mas na entrada triunfante do Nenê Chaminé na estação, lá estava o velho pinico que um dia foi branco esmaltado e ficou dourado. Nada que um bom “spray” não resolva.
O Bloco do Pinico se fez presente em nosso carnaval até o início da década de noventa, findou com o falecimento de sua maior figura, Nenê Chaminé.

“Todo mundo já dizia
Que o pinico não saia
Pois o pinico está na rua
Com prazer e alegria”

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