sexta-feira, 5 de agosto de 2011

VALE A PENA LER DE NOVO

Publicado em 16/05/2007
POR QUE ANTONINA NÃO VENDE?
Quando a gente acha que começa entender a dinâmica do turismo, começa também mudar o foco do olhar sobre as coisas que nos rodeiam. Uma simples fonte de água, uma igreja, uma festa, um rio ou apenas um fato, pode se tornar um atrativo turístico em potencial.
Nossa cidade tem um razoável potencial para o desenvolvimento do turismo, sua diversidade, desde seus aspectos geográficos e seu ecossistema, sua história representada pelos seus monumentos, cantos e contos. Sua gastronomia e suas festas poderiam muito bem ser preparadas como produtos, altamente sustentáveis para o turismo.
A falta de políticas públicas bem definidas para o desenvolvimento da área, que necessariamente deveriam ser priorizadas na infra-estrutura, capacitação e marketing, ações estas, que no meu modesto ponto de vista, deveriam ser institucionais, atravancam o bom andamento do setor e um maior investimento privado.
Nossa cidade, por ter passado um longo período de negligência e abandono pelo poder público, teve seus poucos equipamentos e serviços sucateados. Suas tradicionais festas, por falta de planejamento e investimentos, sofreram constantes esvaziamentos, não atraindo mais a mesma parcela de “fiés” visitantes. Quando por aqui as pessoas chegam, deparam com a beleza da cidade, algo que ainda lhe é peculiar, mas rapidamente se queixam de seu estado de abandono, vão embora e dificilmente voltam.
Mas o que fazer para reverter este quadro? Claro que existem determinadas regras básicas, mas duas são fundamentais: a vontade política e o envolvimento da sociedade. Ferramentas essenciais para se iniciar qualquer projeto.
No âmbito governamental, além da disposição do gestor é necessário um quadro funcional competente, com pessoas qualificadas e dispostas a dar “além de si”, ingredientes hoje quase impossíveis de se encontrar, na atual conjuntura política.
Parcerias também facilitam e melhoram a dinâmica do processo, pois hoje podemos contar principalmente com o terceiro setor, no plano da capacitação e no desenvolvimento empresarial, no caso SEBRAE, SESC e SENAC, entre outros.
Mas a realidade é preocupante. No início do atual governo, foram tomados alguns procedimentos para a construção de uma política de desenvolvimento para a área, também reconhecida pelo próprio Plano Diretor (que ainda não foi aprovado) como prioritária. Contávamos com um pequeno grupo de profissionais qualificados, com parceiros atuantes e com o apoio da comunidade, através do atuante Conselho Municipal de Turismo. Mas, na política o mais importante é a sobrevivência do político e não das políticas. O grupo foi desfeito, o trabalho que estava sendo iniciado com alicerces seguros foi deixado para traz. Hoje nem o Conselho Municipal de Turismo existe, quanto mais políticas voltadas para a área. Tenta-se recuperar alguns equipamentos, importantes para a viabilização do setor, mas se despreza a essência: a participação da comunidade envolvida.
Hoje Antonina não se vende. Continua-se com uma bela Estação Ferroviária sem trem e sem programação cultural. Antes tínhamos um belo Trapiche sem barco, hoje não temos nem o Trapiche. E não é somente das carências materiais que estamos sofrendo, mas de resgatar a nossa auto-estima, a fé que parece escapar dos nossos dedos e das nossas mentes, voltar a acreditar em nos mesmo. Olhar nossa cidade em sua alma e beleza e juntos, voltar a discutir caminhos alternativos, para que possamos dar um novo ar de beleza e carinho para as coisas que nos rodeiam. Com muito trabalho poderemos transformar a cidade que a gente vive em “estado de graça” para nós e para os que nos procuram, ou seja, quase um milagre. Mas é possível.
N.E. do Blog: Acabo de dar uma entrevista para a revista TopView sobre tombamento e as expectativa de desenvolvimento através do turismo para a cidade. Confesso que cansei de dizer o que é preciso ser feito. Então procurei uma matéria que escrevi em 2007 e resolvi republicar. Parece que nada aconteceu.

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