POLÍTICA DO EU SOZINHO
Em um mundo globalizado e
capitalista, a figura do eu sozinho está cada vez mais em extinção. A sociedade
contemporânea é organizada e a maioria das pessoas tem consciência da
necessidade de se agrupar para discutir, reivindicar e defender seus interesses
perante o sistema político e
econômico. Os trabalhadores se organizam
em associações, sindicatos, centrais, enquanto o empresariado associa-se ao seu
segmento, às federações... etc.
Na política nos organizamos através dos partidos, mas é preciso que nas
cidades as comunidades também estejam dispostas a se organizar, para então ter
representatividade perante os poderes.
Aqui em Antonina, o exercício da política e da organização é
muito latente. Ainda não aprendemos a exercitar o pensamento coletivo,
organizar para fortalecer e facilitar os árduos caminhos do bem viver em uma
sociedade democrática. Quando – de alguma maneira – nos propomos a criar um
corpo de ideias, seja ele com a representação de uma associação ou de um outro
denominador qualquer, grande parte das pessoas ignora por inteiro o quanto esta
atitude poderá ser benéfica para toda a sociedade. Quem não se organiza e é
contrário a tal atitude continua fazendo parte dos analfabetos políticos.
Daqueles que acham que política não serve para nada e não imagina que sua
omissão contribui para a falta de segurança, para a prostituição infantil, para
a corrupção e para a falta de políticas públicas que possam melhorar a vida de
cada cidadão.
Nos últimos trinta anos, sempre
participei de alguma organização. Hoje, tendo o privilégio de desfrutar de uma
aposentadoria, sou sindicalizado da APUFPR-Sind./Associação dos Professores da
Universidade Federal do Paraná. Quando ainda na ativa, fiz parte do Conselho de
Representantes. Neste longo caminhar, com a democratização do país (1982),
ajudei a fundar a APAP-PR – Associação dos Profissionais de Artes Plásticas do
Paraná e a APAEP-PR – Associação dos Arte-Educadores do Paraná.
Em Antonina, com valorosos e sonhadores
microempresários, em 2007, fundamos a Aestur – Associação dos Empreendedores de
Serviços Turísticos de Antonina. Mas, o que mais me entristece é ainda conviver
com pessoas que subestimam o caráter organizacional e continuam insistindo que
uma entidade classista não serve para nada.
Governantes competentes e bem intencionados procuram sempre
interagir com este tipo de organização, fazendo parcerias, discutindo maneiras
viáveis para minimizar os problemas da sociedade, atitude que não encontra
respaldo em nossa cidade.
Diariamente ouvimos das pessoas, e principalmente de alguns empresários, que
não precisam se associar a nada, pois sozinhos conseguem resolver seus
problemas. Prática também exercida por nossos governantes, que se acham
poderosos e milagreiros e se distanciam cada vez mais da comunidade,
principalmente das poucas organizadas que ainda por aqui sobrevivem. A “gestão da masturbação” quer pública
ou privada, continua dando prosseguimento ao estado de total falta de
expectativas desenvolvimentistas para a nossa cidade e região. E tudo não deixa
de acabar em porra. Porra mesmo!
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