terça-feira, 5 de maio de 2020

CADÊ O MAR QUE ESTAVA AQUI?

A vegetação impede o acesso ao mar, quer
 físico como visual. O mar sumiu.

CADÊ O MAR QUE ESTAVA AQUI?

O morador de Antonina que circula pela orla quase que diariamente, como também pescadores e pessoas que utilizam o Mar de Dentro, como hoje é conhecido, vem diariamente notando a ocupação da sua orla por uma vegetação nunca existente.
Creio que esse fenômeno “natural” acontece por varias razões, uma delas é devido ao assoreamento da baía, e outra ao alto índice de coliformes fecais – esgoto doméstico- descarregado sem nenhum tratamento de esgoto.
Olhando algumas fotos aéreas do início do século passado, nota-se que certas construções foram realizadas, adentrando ao mar, sem nenhum estudo sobre circulação de correntezas das águas – marés e rios - e possibilidades de assoreamento. Isso também contribuiu com a situação atual.
Não sou especialista no assunto, mas como cidadão que aqui vivo por mais de meio século, dá pra notar a preocupante situação da nossa “bela” baía: muito mato e pouco mar!

Retirada da vegetação
Certa vez conversei com o pessoal do IAP, instituição responsável pela preservação de toda a área, e me informaram que a retirada da vegetação seria possível, desde que o município solicita-se e que reconhecesse o local como Área Urbana. Nos últimos anos, conversei com quase todos os ex-secretários municipais do meio-ambiente, para que o procedimento fosse realizado.
Em 2017 foi iniciada uma campanha junto à comunidade, por iniciativa do meu amigo Enzo Nicastro, que obteve mais de 5mil assinaturas, reivindicando junto ao IAP, autorização para a retirada da vegetação. Mas, até o momento (2 anos) parece que não fomos ouvidos.
Se tratando de área urbana e de vegetação não originária, muito menos em recuperação, acredito que bons argumentos e vontade política, pode-se encontrar maneiras de minimizar tal situação. Pois a referida área urbana é minúscula, comparada com todo o entorno que temos o prazer e a obrigação em preservar.
Também poderemos argumentar, que se o Tombamento da cidade feito pelo Iphan, em 2012, é referente a paisagem. É mais um fator que nos ampara, pois o mar é um dos principais elementos que compõe esta paisagem, independente do ponto do observador.
A área mais prejudicada é o contorno da Rua Marques de Herval, onde, é bom lembrar, o Iphan está restaurando o Armazém Macedo, e se caso nada for feito, tende esta grande obra, ficar ilhada pelo mato.
Atual situação do acesso ao mar.
Rua Marques de Herval.

Rampa pra canoa de pescador...Acesso interditado.
A situação é preocupante. Vejo uma rampa construída por um pescador profissional, totalmente tomada pela vegetação, obstruindo seu direito de aceso ao mar, local de garantia do seu trabalho. O mesmo acontece ao lado do Mercado Municipal, onde a vegetação avança todos os dias e as canoas não conseguem mais chegar a rampa, a não ser com maré alta.

Dragagem e Tratamento de Esgoto
Outra reivindicação que se faz urgente é a dragagem da Baía de Antonina, principalmente na área considerada urbana. A retirada da vegetação dará uma melhor qualidade visual a cidade, mas se faz necessário a retirada de parte da lama nela depositada, devido a resíduos, quer vindo dos rios ou de outros procedimentos que precisam ser tecnicamente avaliados. Não podemos se contentar em dragar somente a parte portuária, pois a cidade precisa de sua baía, como um todo.
A construção de módulos de tratamento do esgoto domiciliar, deveria ser prioridade de todos os governantes. Pois todo esgoto produzido em nossas residências deságua no mar, contribuindo com a sua poluição e seu assoreamento. O mato nasce porque o terreno é fértil e adubado.
O descaso com nosso mar já vem de muitos governos, e nada é feito para sequer amenizar tal situação. Em prejuízo aos trabalhadores da pesca, do turismo, portuários e muitos outros. Mas isso é assunto para outra dia.

Precisamos mesmo...É salvar nossa baía...Cadê o mar que estava aqui?

Cadê o mar que estava aqui?

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