quinta-feira, 28 de maio de 2020

O BOLO É MEU!


O BOLO É MEU!

Em tempo de isolamento social devido ao covid-19, os assíduos frequentadores do Jekiti, também estão em suas casas. Mas, como todos precisam continuar fazendo suas tarefas essenciais, quem passa pelo Jekiti aproveita a “fugidinha” pra rever os amigos – todos devidamente protegidos – e pra um rápido bate-papo.
Hoje apareceram uns “gatos-pingados” e já deu pra matar a saudade. Manoel Fonseca, mais conhecido por Maneco Araponga, passou de bicicleta e fizemos ele parar alguns segundos, para um rápido papo. E não deu outra, o assunto virou em torno do causo que aconteceu com ele, ano passado, durante as novenas da padroeira. Cada um tinha uma versão, aí fizemos Maneco contar a dele e juntamos as partes, que deu mais ou menos nisso:

“Não é novidade que a família Araponga é católica praticante. E marca presença em todas as novenas em louvor a padroeira do Pilar. Ano passado, durante uma das novenas, foi feito uma espécie de sorteio, pra ajudar na arrecadação da festa. Desta vez, estavam rifando um bolo, e Maneco adquiriu vários bilhetes.
Após a celebração das liturgias, o pároco fez o sorteio do bolo, e o número premiado constava o ‘sortudo’ do Maneco. O padre chamou por várias vezes pelo nome do contemplado, mas, como Maneco – não lembra o porquê – naquela noite ficou em casa, ouvindo a Radio Serra do Mar, que transmitia a novena. Ouvindo que foi contemplado, saiu de casa rapidamente – mora há uma quadra da igreja – em busca do prêmio.
O padre chamou insistentemente várias vezes pelo nome do contemplado, mas ninguém se pronunciou. Resolveu então fazer um novo sorteio, e eis que surge a figura de Gibe Araponga – irmão de Maneco, levanta a mão e se pronuncia: - Opa padre...Maneco é meu irmão, somos vizinhos e eu levo o prêmio pra ele. Frente a imprevisível situação, o padre olha pros fiés e percebe que seria justo entregar o prêmio ao Gibe. Chama-o, e enquanto caminha pra receber o bolo e até consegue tocá-lo, eis que surge de surpresa, no fundo da igreja, Maneco Araponga...E fala: Opa...Eu estou aqui nos fundos...na tenda. E o bolo é meu!               
Imediatamente, Gibe retorna ao banco e o bolo é entregue ao verdadeiro contemplado.
Perante a inusitada e engraçada situação, o ambiente religioso e festivo foi envolvido por aplausos. E num aceno solidário, doou o bolo para ser novamente sorteado. E por sorte do destino, após duas novenas, Maneco é contemplado de novo, e desta vez levou o bolo pra degustar com a família, compartilhado com Gibe e Erasminho...que não comem pouco.”

História compartilhada. Chico Preguiça, Valney, Maneco Araponga e
Lauro Sapo. Eduardo Bó é o fotógrafo e o 'escrivinhador'.

Obrigado Maneco pela história. Se vc sabe um causo, escreva 
ou grave e mande que publico. Assim vamos reconstruindo nosso repertório popular. 
Histórias do nosso cotidiano...de “nóis” mesmo.


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