sexta-feira, 31 de julho de 2020

A FÁBRICA DE RADIOS DE SEU ENÉAS.

Hoje quem foi pro Divã é meu amigo Marcus Enéas Galvão do Rio Apa...O Porvinha.
Conta aí:

A FÁBRICA DE RÁDIOS & A “LOJISTICA” DO PREFEITO JOUBERT
(Logística com “J”, pq foi na loja do seu Enéas que Foquinho resolveu o problema do prefeito).

Papai, “seu” Enéas, foi o comerciante mais paciente que conheci. Tinha a sua loja em frente à Caixa Econômica e da Materiais de Construção do seu Osni Passos (hoje, Hotel Madureira). Na Loja Rio Apa se vendia de bicicletas Monark, Garick, relógios Westclock, rádios Mitsubishi, Telefunken, Philco e Phillips entre outros, a materiais elétricos, lâmpadas GE, pilhas Rayovac, ferro elétricos etc.
Também consertava, dava um jeito nos rádios que vendia. Caso tivessem um “crepe” em razão de uma goteira em cima deles ou de um copo da água  “benta” de uma novena ou da "Hora do Angelus" transmitida pela rádio Antoninense ZYX-6 e que por acaso entornasse por cima do aparelho, em razão das crianças que nessa época dormiam cedo, mas não sem antes correr pela casa (em geral de assoalho) e que balançava  aumentando a animação nas brincadeira de “esconde-esconde”, “31” ou de “mãe”. Só sossegavam, suados e dando muita risada quando escutavam um sonoro: “acabou a brincadeira, que amanhã tem aula!”

Nestalho...Foquinho. Acervo 2009.

Pois é. Papai, sempre na bancada e só parava para atender algum freguês ou o seu amigo Nestalho Foquinho, que aparecia religiosamente a tarde para ficar vendo papai “arrumar” rádios. Perguntava de tudo. Até que papai perguntou se ele queria aprender a “fabricar” um rádio...  Além de ser um bom aluno e único, Nestalho contava com a confiança do seu Enéas, pois hora ou outra, ele ficava na loja enquanto ia ao Banco do Estado ou no Banco do Brasil, no seu Azevedo (em frente ao Barracão dos Macedo).  - “Seu Enéas foi até ali no banco e já vem”.

Com isso, ele ganhava um troco e ia construindo seu protótipo a partir de um chassis de alumínio. Válvulas, soldas e muita conversa boa sobre "se desse certo" começariam uma fábrica de rádios e esse rádio foi tomando forma. A cidade toda já sabia do rádio de Nestalho e para “mexer” com ele, principalmente o saudoso Glostora na barbearia, sempre enfebrado por Polaco: “Aí, Foquinho, Glostora dizendo que esse rádio não vai funcionar nunca” 
Pois é, ocorre, que um dia esse rádio ligou. Se você pode imaginar o que seja a expressão de ver a aparição de um santo, era o que estava iluminado no rosto de Nestalho, encantado, olhando para o rádio. Papai disse: “Está pronto e agora é só você esperar que eu traga de Curitiba a “caixa”.  E Nestalho: “Não precisa, seu Enéas, eu levo assim mesmo, eu cubro com uma caixa de papelão”. E com o rádio debaixo do braço, saiu pela cidade ligando sua obra-prima em todos os lugares que passava. Primeiramente e principalmente, na barbearia...

Nestalho sumiu por uns dias. apareceu precisando trocar uma válvula que não funcionava. Nesse momento, aparece o prefeito Joubert: - “Como é Enéas? Temos a que adiantar o planejamento do evento, a Paranatur quer os espaços desenhados. Vamos lá na prefeitura que tem desenhista e é só você mandar”. E Papai: - “O problema, é que não tenho quem cuide na loja. Marcus fica meia hora e some para o 29, as meninas não posso deixar aqui.  A semana que vem vou por um funcionário...”  Nem deu tempo de papai terminar a frase; e Nestalho lá dá bancada:   - “Pode ir seu Enéas! Eu cuido”.
Joubert se entusiasmou e com a mão nos ombros de Enéas: - “Resolvido, Enéias! Nestalho cuida da loja!”
O que eu sei, é que todos os dias, às 13 em ponto, Nestalho chegava para cuidar da loja. Não vendia nada por ter algumas "limitações" e mexer com preço, fazer troco, anotar as vendas iria atrapalhar Nestalho, então papai resolveu dar um caderno em que quem quisesse alguma coisa, pegava, anotava o nome e depois passava na loja para pagar.
Bem, o Nestalho deve ter feito boas vendas, pois Jorge Pescoço dizia pra papai quando ele chegava da prefeitura que “tinha mais gente na loja do que aqui na Caixa ou na construtora do seu Osni...”  

Marcus Porvinha...O contador de histórias.

Obrigado Marcus...Valeu!
Em tempo de pandemia, escreva uma das suas histórias, 
                             me envie que publico. Assim vamos construindo nosso repertorio popular.

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