Publicado no jornal eletrônico Antoninaonline "palavradobó" em 01 de outubro de 2002 e no livro "Crônicas da Capela", 2007.
AGORA É A HORA!
No dia 6 de outubro – domingo – é o dia em que poderemos demonstrar através das urnas a nossa vontade política, escolhendo os candidatos, partidos e programas que irão nos governar durante os próximos 4 anos. Centenas de candidatos disputam um lugar no poder, uns comprometidos com mudanças e outros somente para dar continuidade as suas vaidades e ao status de representar para nada fazer.
Sorrisos estão estampados nos belíssimos cartazes que ilustram as imagens dos candidatos, como se o momento fosse para dar um montão de gargalhadas a custa da miséria, da fome, da má distribuição de renda, da falta de trabalho e segurança. Desgraças da atual conjuntura nacional.
Enquanto nas maiores cidades a grande parcela está preocupada com a escolha da Presidência da República, aqui em Antonina a campanha presidencial passa meio desapercebida, ficando quase que por conta única da mídia televisiva. Os políticos locais estão mais preocupados é em manter os seus pequenos currais eleitoreiros, garantindo a sobrevivência política e até profissional. É a hora de retribuir os favores, custe o que custar.
“O Brasil tem fome de ética e passa fome em conseqüência da falta de ética na política” Betinho.
Ética é uma palavra em desuso nesta campanha, que vem acompanhada bem de perto pela total falta de fidelidade partidária. Vivemos em um ambiente de verdadeira “suruba” eleitoral com “políticos gilletes”, ou seja, cortam de todos os lados. A cabeça é do PTB, o corpo do PMDB, os braços do PSB, as pernas do PFL e o rabo continua sendo do povo. Nenhum político com mandato em nossa cidade está fazendo campanha para o partido em que está filiado!
Vou dar um só exemplo começando pela nossa prefeita. Ela é filiada ao PST, mas o seu candidato a deputado estadual é do PPS; a deputado federal é do PMDB; e a governador é do PDT (não há coligação entre estas siglas); para presidente a gente não sabe, deve ser do PSTU...Ou quem ganhar. O importante é estar com uma pata em cada barco, para tentar se salvar de um possível dilúvio. Com o vice-prefeito e vereadores o processo se repete.
E a “suruba” continua. A nossa região do litoral possui um colégio eleitoral de aproximadamente 120 mil eleitores e não consegue eleger nenhum representante na Assembléia Legislativa, muito menos na Câmara Federal. Não é por falta de candidatos, acho até que é por excesso de vaidades e falta de politização. Por aqui até aparecem candidatos parnanguaras, mas creio que não basta ser somente morador da região para se fazer dizer representante. É necessário antecipar um trabalho político com as lideranças de cada cidade, para traçar um programa conjunto de atuação e assim verdadeiramente representar. Precisamos ter alguém que represente os nossos interesses, mas enquanto isto não acontece, ficamos erroneamente investindo em supostas probabilidades. A repetição desta prática alimenta ainda mais o estado de pedinte e de miserabilidade regional. Não temos representantes.
E os antigos hábitos continuam, e é o dinheiro o ingrediente mais importante para eleger um candidato. A prática de compra de voto por troca de favor é muito comum. É time de futebol que ganha alambrado, jogo de camisa; é gente que troca o seu futuro por um botijão de gás, uma dentadura, o pagamento da conta de luz, do telefone, da água, ambulância para o parente, um milheiro de telha, tijolos, etc...Etc...Etc. Não sabemos mais se o corrupto é aquele que pede ou que dá. A história vem se repetindo desde o nosso descobrimento, onde os dominadores davam espelhos e bugigangas aos índios para então tomar as suas terras.
Mas, mesmo assim, devemos comemorar o momento de construção do nosso país, pois é somente através da educação e da prática democrática que, lentamente, poderemos construir um país melhor, com pessoas dispostas a mudar. Pois só se muda uma cidade ou um país, quando as pessoas também mudarem. Viva a democracia. Vote consciente, vote em idéias. Vote para mudar!
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